Páginas

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

I - CONSAGRADO PARA CUIDAR

Apostila 18

Estudando sobre a Igreja

CONSAGRADO PARA CUIDAR

Parte I


O capítulo 8 de Levítico é o cumprimento da ordem dada em Êxodo 29 em relação à consagração dos sacerdotes (cohanim), Arão e seus filhos, dada por Moisés, o libertador e líder do povo de Israel. É um ato de extrema seriedade que descreve, de modo gráfico a responsabilidade dos consagrandos, que eram os guardiães espirituais do povo de Deus.

Deste ato distante de nós cerca de 3.300 anos, desejamos extrair lições para o ministro do século 21, tarefa esta do intérprete da Bíblia Sagrada.

O Ato de Consagração

O ritual é um sacrifício de comunhão com a função especial de consagrar. A cerimônia pode ser dividida em quatro partes:

vv. 1-13
Purificação, Vestidura, Unção dos Consagrandos
vv. 14-17
Oferta pelo pecado dos Sacerdotes
vv. 18-21
Oferta queimada
vv. 22-36
Oferta de paz
Uma análise da liturgia nos mostra em primeiro lugar o oferecimento de uma oferta pelo pecado, que seria totalmente consumida de acordo com as instruções do capítulo 4 do mesmo livro; e o oferecimento de dois carneiros. O primeiro seria oferecido em holocausto, de acordo com o capítulo 1. O segundo, porém tem uma parte especialíssima na cerimônia, razão porque é chamado de "o carneiro da consagração", conforme o verso 22 deste capítulo 8.

Lê-se no verso 23 que houve aplicação do seu sangue a algumas partes do corpo dos consagrandos. Este sangue foi usado para trazer Arão e seus filhos a um estado sem igual de santidade.

O restante do sangue será jogado ao redor do altar, estabelecendo com este ato um relacionamento especial entre o altar, símbolo do ministério, e os ordenandos, agentes desse ministério.

As partes do corpo tocadas pelo sangue são orelha, mão e pé. Esse toque pelo sangue lava-os e dedica-os simbolicamente ao Senhor. Quer também dizer que o ministro de Deus ouvirá e obedecerá, e suas mãos e pés servirão ao Senhor.

As lições são extraordinárias:

O OUVIR (v. 23)

O ministro de Deus há de ouvir corretamente. Referimo-nos à conversação pastoral, chamada por alguns de Clínica Pastoral no gabinete, na visitação ou informalmente. Não a confunda, porém, com aquilo que jocosamente chamam de "papoterapia".

Como ministro de Deus e da Igreja de Jesus Cristo, você deve conhecer exatamente o papel que lhe corresponde. Não será um profissional da psicologia, da psicanálise ou das variadas terapias oferecidas à clientela. E, no entanto, seu ministério de ouvir é comparável ao do psicoterapeuta, do conselheiro matrimonial, ou do psicólogo. Muito de seu trabalho tem a ver com ouvir-e-aconselhar. Entretanto, você não receberá honorários pelo aconselhamento, nem fará contrato de trabalho para isso. Você é um ministro de Deus e será procurado não por um paciente ou cliente, mas por uma ovelha sua, ou um semelhante seu que precisa de ajuda.

Há quem apenas deseja falar, conversar; dê ouvidos, pois para isso sua orelha foi ungida. Há quem queira injeções de otimismo cristão, de esperança. Há quem tenha sérios sentimentos de culpa, de rejeição. Há quem precise ser confrontado. Uma coisa, porém, é certa: você tem autoridade dada por Deus e pela igreja que o chamou para dar esse conselho, essa exortação ou esse confronto.

O ministro de Deus deve ouvir corretamente. Assim, você precisa ouvir o que está por trás das palavras. Palavras ditas, palavras não ditas, e palavras em suspenso. Talvez os lábios digam algo, mas a expressão facial, as mãos, a expressão corporal digam outra. Você precisa "ouvir" corretamente os sentimentos de quem está à sua frente.

Na Clínica Pastoral, ouça bastante antes de opinar. Leve a ovelha a falar; viva a situação do outro. Você é chamado a um ministério de simpatia, de carinho, de afeição e de amor. Sobretudo quando você é enérgico!

Desde que você começa a ouvir, está fazendo Psicoterapia Pastoral. Isso é afirmado pelo Dr. Wayne Oates, autor ou co-autor de mais de quarenta livros e por muitos anos professor de Aconselhamento Pastoral (Pastoral Care), no The Southern Baptist Theological Seminary em Louisville. Você é visto dentro de um esquema todo especial: há um significado simbólico em você como ministro de Deus. O pastor, por exemplo, é um ponto de referência na igreja para o povo de Deus. Ele simboliza e representa a comunidade cristã, e é agente dessa comunidade de Cristo, de Deus.

Há muita esperança quando alguém procura o pastor. Por essa razão, é terrível, medonho mesmo, quando as palavras do pastor são divinas, mas seus hábitos de vida contradizem essa dimensão... Você representa e simboliza muito mais do que você mesmo: você representa o Pai, você leva a palavra de Cristo e o faz sob a direção do Espírito Santo. Quem vai ao seu gabinete espera e deve sair abençoado. Você vai ouvir confissões, vai ouvir palavras de arrependimento. Mas não pressione: ajude no processo de crescimento.

O TOCAR (v. 23)

O ministro de Deus é ungido na mão para tocar vidas. Estamos nos referindo, então, à influência. Você vai tocar muitas vidas e deve fazê-lo com cuidado e leveza.

Use suas mãos para abençoar a criança, o jovem, o adulto, o idoso. E faça-o com carinho. Leve-os à consciência do santo, lembrando ao crente em Jesus Cristo que a rigor, para o povo de Deus, não existem espaços separados, compartimentos estanques entre o secular e o religioso, o sagrado e o profano, pois a vida pública, social, civil do crente em Jesus Cristo há de ser normatizada pelo senso do santo.

Leve-os ao senso da providência, à fé, à gratidão, ao arrependimento, à comunhão, à vocação. Você há de tocar vidas; há de xer com as emoções das pessoas: raiva, medo, alegria. Você vai lidar com almas enfermas. São doenças do comportamento, mazelas do espírito, enfermidades psicossomáticas.

Você terá um ministério a desempenhar nas crises. Crise é qualquer acontecimento que ameace o bem-estar de uma pessoa, e interfira na sua rotina de vida. O nascimento de uma criança, a morte de um parente, o fim de um casamento, o desemprego, a aposentadoria são crises . Você há de entrar em contato e reduzir a ansiedade, encorajando a pessoa a agir. Lembre-se de que cada situação de crise é única, sem igual. Ou como o povo diz, "Cada caso é um caso".

Você há de tocar vidas em diferentes níveis de cuidado pastoral: o Nível da Amizade; o Nível do Conforto; o Nível da Confissão, o Nível do Ensino e o Nível do Aconselhamento e Psicoterapia. Devo estas classificações ao Dr. Oates. Há pessoas aflitas que necessitam de apoio; há aqueles enfrentando a morte que precisam do poder espiritual que o pastor representa; há pessoas com enfermidades crônicas; há deficientes físicos; há famílias com filhos com déficit mental; há os deprimidos e os desapontados com o amor ou outra causa. Todos estes estão no Nível de Conforto. Há o jovem solteiro, os jovens casados, o adulto de meia-idade, a viúva, a mãe solteira, o separado/desquitado/divorciado, o hospitalizado, todos em diferentes níveis do seu cuidado pastoral.

O ANDAR (v. 23)

O ministro de Deus é ungido no pé para andar santamente. Estamos falando de ética. Para isso, necessária é a ajuda do Espírito Santo. Se você não tem a ajuda do Espírito de Deus para crescer na graça e na maturidade, vai ser difícil entender a Bíblia, impossível aplicá-la às vidas, será um problema conviver com as ovelhas, e terrível dominar atitudes internas.

Mais do que nunca, é preciso ser imitador de Cristo. Para sê-lo, porém, é preciso andar no Espírito, andar santamente. E andar santamente exige análise freqüente de nós mesmos, submissão do eu a Deus, e plenitude do Espírito Santo, que é o Seu controle em nossas vidas.

Você há de visitar. Irá a muitos lugares e lares. Há dois tipos de visitas: as regulares e as de emergência. Não visite só nas crises: você precisa visitar o seu rebanho em tempos de paz. Seja ético, então, quanto ao que ouve, vê e aconselha.

CONCLUSÃO

O final da narração de Levítico 8 registra a obediência dos consagrandos, Arão e filhos. Isso nos ensina que consagração é entrega absoluta marcada pela obediência irrestrita às ordens de Deus.

Nossa oração é que nosso ministério seja pontuado agora, hoje, sempre pela disciplina, obediência, entrega e consagração total àquele que é o Mestre de nossas vidas, Senhor do nosso futuro, Salvador de nosso ser.

A Catedral

Uma catedral para a honra e a glória
de nosso Senhor Jesus Cristo
se constrói momento a momento
à medida que uma mão se estende
e toca outra mão
com amor humano,
e à medida que um coração responde
em amor a outro coração
capacitado pelo Espírito Santo
para anelar, escutar, elevar
e amar-nos uns aos outros.
Para que todos, em todo lugar
possamos oferecer outros dons
que Deus nos tem dado:
Integridade nas relações,
Alegria e paz na fidelidade,
Fortaleza para fazer por meio da igreja,
Mais do que pedimos ou imaginamos.

Margaret Shannon

Nenhum comentário:

Postar um comentário