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quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

XXXIX - MINISTÉRIOS FIÉIS

Parte XXXIX
MINISTÉRIOS FIÉIS

"...passei pregando o reino de Deus... não me esquivei de vos anunciar todo o conselho de Deus... estou limpo do sangue de todos" (Atos 20. 25 – 27).


Não existe chamada mais honrosa e elevada que a divina para o ministério integral. É senso comum que qualquer outra atividade desenvolvida pelos cristãos tem sua pertinência na Causa de Cristo e não deve ser minimizada. No entanto, a Escritura Sagrada dá grande importância a homens e mulheres que foram separados como profetas, evangelistas, missionários e pastores. O apóstolo Paulo mesmo demonstrou uma clara visão do seu ministério, e suas cartas o revelam (1).

O contexto da porção bíblica escolhida é que Paulo, apóstolo, está deixando um lugar onde tem exercido um ministério fiel e pleno de frutos. Paulo está com sentimentos divididos: está triste e alegre. É tristeza por deixar aqueles a quem ama, mas prazeroso por ter sido o instrumento de sua conversão.

É, na verdade, uma despedida carregada de emoção. E há, no seu desenvolvimento, detalhes que merecem análise. Paulo menciona que sua palavra sempre foi destemida, havia transmitido a vontade de Deus sem quaisquer reservas; menciona, ainda, que sempre trabalhou com as próprias mãos para satisfazer as suas necessidades pessoais, nada cobiçou de outras pessoas, pelo contrário, seu trabalho, não o reservava para si, mas ajudava a suprir as necessidades de outros menos validos.

Outra expressão de Paulo em sua despedida é o enfrentamento do futuro com confiança visto que depende unicamente do Espírito Santo. Mesmo não sabendo o que virá no dia seguinte, espera-o e o enfrenta com a plena consciência de toda a direção é do Espírito.

Paulo recorda aos seus colegas de ministério algumas realidades próprias do seu múnus ministerial e profético: o dever que não é outro senão vigiar, alimentar, cuidar do rebanho do Senhor que lhes foi confiado, tarefa que ninguém escolhe, antes, pelo contrário, para ela é escolhido; o perigo a que estão sujeitos, bem na medida do pensamento contemporâneo de que "o preço da liberdade é a eterna vigilância". Os participantes da obra divina correm o perigo da contaminação do mundo, do secularismo, da inveja ou do sucesso. É verdadeiramente uma luta ingente, feroz e constante mantida pelos profetas, pastores, evangelistas, educadores, missionários, obreiros em geral para manter a pureza e a intocabilidade da Igreja de Jesus Cristo sob a sua liderança espiritual.

Antes de sua partida, traz à memória de seus amados três características de seu próprio ministério, e, por extensão, de todos os fiéis ministros, missionários, profetas, obreiros do Reino de Deus.


CARACTERÍSTICA 1:FIDELIDADE À DIVINA COMISSÃO 


"Passei pregando o reino de Deus" (v. 25). O método de Deus para a salvação dos perdidos não é outro senão a pregação, pois "aprouve a Deus salvar pela loucura da pregação...(2)" Outros métodos são auxiliares, contribuem, ajudam, não são, porém, prioritários.

A palavra pregar é usada por Paulo cinqüenta e nove vezes nas suas cartas. Até mencionou que "Cristo não me enviou para batizar"(3). Da mesma forma, escreveu, "cheguei a Trôade para pregar o evangelho"(4), e a Timóteo exortou com a seguinte expressão: "Prega a palavra, insta a tempo e fora de tempo"(5).

Para Paulo, precioso é o evangelho, não a sua vida(6). Esta convicção que queimava a sua consciência ela a reflete igualmente em Atos 21.13, Filipenses 1.19-26 e 3.8, entre outros tocantes exemplos de dedicação, consagração e abandono de seu espírito ao Espírito de Deus. Para o apóstolo, prioritário é pregar, proclamar essa mensagem abençoada e abençoadora de um evangelho eficaz para a salvação de todo aquele que crê.


CARACTERÍSTICA 2: APRESENTAÇÃO PLENA 


"Não me esquivei de vos anunciar todo o conselho de Deus" (v. 27). Spurgeon fez referência a pregadores que enfatizavam apenas certas doutrinas. É o que podemos chamar de "evangelho light". Esses pregadores falam de doutrinas como o reavivamento, a cura divina, e outras igualmente populares. Entretanto, os ministros fiéis não se prendem a um assunto favorito, mas proclamam todas as Doutrinas da Graça.

O apóstolo Paulo não se esquivava de fazê-lo. Não deixava de pregar porque certas verdades não satisfaziam os paladares de seus ouvintes porque um ministro fiel não se amedronta diante dos homens. Na verdade, o ministro fiel e destemido não busca a popularidade "amaciando" certas ênfases do evangelho que não apoiadas por alguns. Seu tema principal é a salvação, incluindo seus aspectos como a eleição, a justificação, a redenção, a santificação e a glorificação a serem explicados com toda a clareza possível, e tudo o mais que está contido na Palavra de Deus, ou como já foi resumido com muita pertinência, "o ser humano, o pecado e a graça".



CARACTERÍSTICA 3: OBRIGAÇÃO SEM CULPA 


"Estou limpo do sangue de todos" (v. 26). Estas palavras são um eco de Ezequiel 33.1 - 9,

"todo aquele que ouvir o som da trombeta, e não se der por avisado; e vier a espada, e o levar, o seu sangue será sobre a sua cabeça"(7).

Diz a Bíblia na Linguagem de Hoje: "Esse alguém é responsável por sua própria morte". Paulo também o disse ecoando o profeta Ezequiel, "estou limpo do sangue de todos" (8), frase do missionário vertida pela BLH como "se algum de vocês se perder, eu não sou responsável"

Paulo era, na verdade, um pregador tremendamente linear. Pregava todo o plano de Deus, e cumpria sua tarefa. A resposta dos ouvintes não era sua responsabilidade. A referência à culpa pela morte de alguém aplica-se, como se depreende, ao dever espiritual do missionário/evangelista pela apresentação fiel da mensagem de vida abundante: o pecador é advertido, a responsabilidade de atender ao convite para a bênção já lhe foi passada, e assim o pregador cumpriu o seu sagrado dever de ressaltar o pecado, a justiça e o juízo, deixando que o Espírito faça a obra de convencimento, e apelando para que se escolha a vida.

Nosso problema, quantas vezes, tem sido o desejo de ver resultados visíveis em lugar de deixarmos os resultados com Deus. Pode o missionário, o evangelista, o pastor ficar tão ansioso e não se lembrar da recomendação bíblica, "Lança o teu pão sobre as águas", até porque nos garante a conclusão desta recomendação que "depois de muitos dias o acharás"(9). Garante a Escritura que a Palavra de Deus "não voltará vazia"(10), razão porque não precisamos nos preocupar com os resultados visíveis imediatos. O Senhor da seara é fiel, desse modo, os Seus servos devem ser fiéis na entrega da mensagem e na obrigação por causa de sua divina comissão.


ÚLTIMO PENSAMENTOS 


"E eis agora sei..." (v. 25a). Gloriosa certeza! Extraordinária convicção! Em outro espaço, também o fez com a afirmação de "sei em quem pus a minha confiança e estou certo de que ele tem poder para me guardar na minha missão até ao dia marcado", o Dia do Juízo(11). Com esta expressão de fé e esperança, o apóstolo introduziu os pensamentos acima analisados.

Sem qualquer sombra de dúvida, o missionário/profeta/pastor/obreiro/obreira dirá "EU SEI..!" Sim; tem conhecimento de sua pequenez, fragilidade e tremenda dependência de um Pai amoroso, cuidadoso, e sempre pronto a dar sustento emocional, espiritual e forças físicas para o desempenho da tarefa proposta.

Há lobos vorazes rondando o rebanho, prontos a entrar no santo aprisco. Quanta deturpação doutrinária, quanta novidade penetrando como se fossem moderníssimos métodos de proclamação, e, no entanto, quanto poder nas palavras emanadas por vidas confiantes, corajosas, ousadas que podem afirmar


"EU SEI...! EU CONHEÇO O SENHOR DA SEARA!" 


Que não passemos adiante a sagrada missão evangelizadora que o Senhor poderia ter confiado aos Seus anjos, por essência e definição Seus autênticos mensageiros e ministradores; porém, foi a nós que Ele o fez. Cabe-nos corresponder!


NOTAS 

(1) Cf. 15.14ss.; 1Coríntios 16.10ss.; 2Coríntios 2.14-6.10; 10.1ss.; Colossenses 1.24-2.23; etc.
(2) 1Coríntios 1.21b.
(3) 1Coríntios 1.17.
(4) 1Coríntios 2.12a.
(5) 2Timóteo 4.2a.
(6) Cf. Atos 20.24
(7) Cf. v.4.
(8) Cf. Atos 20.26b.
(9) Eclesiastes 11.1.
(10) Isaías 55.11.
(11) 2Timóteo 1.12 (O Novo Testamento, Tradução Interconfessional, Lisboa, Sociedade Bíblica de Portugal, 1978)


O MINISTÉRIO DA PALAVRA


Introdução(1)


É interessante observarmos a exigência que muitos cristãos fazem a seus pastores para que dediquem tempo em atividades secundárias, prescindindo aquelas que o Texto Sagrado preceitua como sendo a função pastoral.

Vemos em Atos 6.4 que a tarefa pastoral precípua é a oração e o ministério da Palavra. A pregação da Palavra deve ser efetivada por cristãos especialmente vocacionados em distinção a todos os demais Ministérios Eclesiásticos. A idéia radical inerente ao Ministério, em todo o Novo Testamento, é serviço prestado em submissão, subserviência, diligência e fidelidade, que emprestam ao ministro dignidade e importância oficial devido a natureza e a qualidade do serviço prestado.

Dentre os Ministérios alistados na Bíblia o Ministério da Palavra é o mais rico na sua significação. É o Ministério do Logos, que no Novo testamento é o equivalente a Davar Elohim, Palavra de Deus, citada em hebraico 394 vezes no Antigo Testamento. O Ministério da Palavra, portanto, é o que encerra o compromisso de anunciar a Revelação de Cristo no sentido de uma comunicação divina em forma de mandamentos, profecias e conforto para o povo de Deus.

O pregador da Palavra de Deus é um profeta que deve compreender claramente a beleza e a universalidade do evangelho, absorto pelo Dom de proclamá-lo com persuasão, zelo e extremado amor, sempre divinamente inspirado e autorizado para esclarecer as manifestações de Deus decorrentes da mensagem proclamada. O pregador da Palavra é o mensageiro de Deus e o verdadeiro mestre da sociedade, eleito pelo próprio Deus da Palavra para arquitetar os ideais divinos para a sociedade, afim de que os ouvintes passem a orientar e dirigir suas vidas a partir da Palavra proclamada.


I – Finalidade específica do Ministério Pastoral (2)


Em uma pesquisa realizada entre pastores perguntou-se qual seria o alvo final do trabalho pastoral e muitos responderam ser a evangelização, outros a união dos crentes com o Senhor, uns poucos disseram ser o preparo do crente para a eternidade e para o mundo atual e, lamentavelmente, muitos não souberam responder a questão proposta.

É espantoso notar que muitos pastores dirigem igrejas e pregam sem ter uma noção clara quanto a finalidade do Ministério, o que ressalta o fato de que não desenvolveram uma visão bíblica para o Ministério da Palavra. Estão pastores mas não são Pastores na acepção bíblica da tarefa pastoral.

Quando buscamos no Texto Sagrado a finalidade específica para o Ministério Pastoral encontramos, além das tarefas primordiais indicadas em Atos 6.4, as responsabilidades alistadas a seguir.


1. Aperfeiçoamentos dos crentes


O pastor não pode contentar-se em visualizar nos membros da igreja apenas certas atitudes éticas pautadas na Palavra de Deus ou algumas poucas posturas próprias dos costumes e princípios denominacionais. Deus espera mais dos pastores e a tarefa pastoral deve esmerar-se em apresentar ao Senhor pessoas maduras e adultas na fé que sejam cumpridores da Palavra, cristãos "perfeitos em Cristo", Colossenses 1.28.

Deus espera que os pastores entreguem a Cristo a obra acabada, isto é, cristãos aperfeiçoados em Jesus, edificados na igreja, cheios do pleno conhecimento e firmados doutrinariamente. Cristãos que tenham uma identidade doutrinária definida e que interagem na obra do ministério da igreja de modo geral, Efésios 4.10-16.


2. Capacitar os cristão para o serviço.


A igreja é uma escola de vida e de serviço. A convivência na igreja deve nos ensinar a servir no presente, preparando-nos para o serviço futuro na glória celestial, 1 Pedro 4.7-10.

O Senhor espera que nos preparemos e aprendamos sobre fidelidade e dons de ministérios, independentemente da condição social ou cultural, servindo na igreja local, que é a figura da igreja universal gloriosa, Mateus 25.14-30. A igreja não é um estágio no qual apenas esperamos passar o tempo até que Jesus volte.

Devemos servir com esmero e amor no presente para que sejamos encontrados fiéis no tempo em que formos convocados ao serviço celestial, Mateus 6.21-24; Marcos 10.43-45; Lucas 12.35-38; João 12.26; 13.13-17; Gálatas 5.13; Hebreus 10.22-25 e Apocalipse 22.3-4.


3. Preservar a unidade da igreja 


A unidade da igreja é um desafio ao amor e ao respeito que os cristãos devem uns aos outros. É um chamado à compreensão das diferentes manifestações de Deus no mundo através da igreja local sem prescindir da comunhão em Jesus e da sinergia cooperativa entre as diversas igrejas para que cada uma delas cumpra o seu Ministério.

O pastor deve ter uma visão horizonal do Reino de Deus, isto é, deve enxergar além do horizonte da igreja local ou de sua denominação. Há uma realidade muito maior e superior do que a própria igreja local que é a Igreja Universal, Invisível e Gloriosa, sendo a igreja local condicionada pelos sinaléticos denominacionais apenas uma ínfima expressão da grande totalidade do que constitui-se a Igreja de Deus em Cristo, João 17.11 e 20-23; Efésios 4.4-7; Hebreus 12.22-24; Apocalipse 7.9-15.


II – A Relevância da Tarefa Pastoral para a Sociedade (3)


Nossa sociedade se admite pós-moderna e adota novos paradigmas socioculturais e eclesiológicos, o que nos exige a compreensão das rupturas que se refletem no nosso cotidiano a partir da substituição da mecanicidade pela informação e informatização.

Vivemos em uma sociedade cibernética e de realidades virtuais. A igreja não pode ser acometida de refração causada pelas lentes do virtuosismo ufanista e sectário que se recusa à novas e diversificadas percepções da sociedade. O pastor não pode fechar os olhos às transmutações da sociedade que privilegia a privatização e a heterogeneização de interesses e valores, que vive em constante suspeição da própria razão ressaltando a espontaneidade em contraposição à subordinação.

Não há como não enxergar a pluralidade dos conceitos éticos e morais estabelecidos pelo situacionismo degradante ancorado e aglutinado em torno de interesses egocêntricos, o que exige da igreja o redirecionamento dos comportamentos eclesiológicos e pluralidade na expressão cúltica, o que só será possível a partir do reposicionamento da atuação pastoral. Há que se redefinir a homilia, sem contudo, descambar para a relativização dos absolutos estabelecidos na Palavra de Deus.

Nossa sociedade admite variegadas contemplações do mundo supondo que a realidade seja ordenada a partir da observação das leis naturais e do ciclo existencial. Mediante a essa miopia sociológica é imperioso desenvolvermos uma cosmovisão pastoral que se contraponha à predisposição pós-moderna de rejeitar uma perspectiva unívoca e correta, como preceitua a Palavra de Deus. A pós-modernidade implica no abandono de qualquer mito legitimador dominante desacreditando das meta-narrativas predominantes, refutando e ridicularizando as micro-narrativas que se auto-arrogam credibilidade insofismável, como faz discurso evangélico tradicionalista que reproduz uma eclesiologia arcaica em detrimento da edificação e da relevância da igreja para a sociedade.

Uma cosmovisão pastoral para a pós-modernidade deve considerar o fato de que o mundo não é algo exterior e que dele extraímos nossos conhecimentos. Uma atuação pastoral instrutiva e construtiva, bem como uma igreja relevante, deve entender e visualizar a possibilidade de criarmos os mundos, as realidades existenciais, por meio da pregação contextualizada que considera as influências recebidas na formatação da personalidade, dos conceitos éticos e da própria religião. A Bíblia tem pressupostos para o ceticismo humano e os pastores devem ser dotados de graça e qualificados para a interpretação dos absolutos de Deus em qualquer época da história.

Se na pós-modernidade a realidade é relativa, indeterminada e participável, os pastores devem atuar na formação da consciência cristã, ética e social orientando a igreja para que condicione sua mentalidade, sua eclesiologia e sua expressão cúltica em paralelo a recusa do verdadeiro conhecimento de Deus, considerando a validade das emoções e da intuição na percepção ideológica da verdade e da fé, tornando a igreja e o labor pastoral relevantes e essenciais para o nosso contexto sociocultural.

O pastor tem a vantagem de estar presente em quase todas as ocasiões da vida das pessoas podendo interpretar as revelações proposicionais da Bíblia a partir da atuação de Deus na história, isto por quê uma mensagem bíblica e profeticamente contundente aborda sobre uma variedade de problemas existenciais e práticos, jamais apresentando-se como um discurso paliativo e superficialmente direcionado às necessidades imediatas. O ministério pastoral é a única tarefa que pode oferecer renovada razão de ser para a sociedade em decadência ética e espiritual por enunciar mensagem verdadeira e mística, no sentido pleno do termo, pois a fé cristã é o único misticismo que permite ao homem comunhão consigo mesmo, com a sociedade e com o Deus verdadeiro de forma completa, sem deixar de lado o intelecto, a volição e as emoções, proporcionando ao ser uma experiência agregária, a igreja, inigualável.

Podemos ainda considerar de extrema relevância a tarefa pastoral por ser o pastor, quando consciente de sua tarefa e de seu compromisso como profeta, o único com argumentos capazes de superar as controvérsias ideológicas e restaurar a unidade, a amplitude, a totalidade e a integralidade do ser, levando-o, pela exortação bíblica e ensino da Palavra, a comunhão com o Deus que pode restaurar e regenerar a sociedade. Nenhum outro Ministério Eclesiástico é chamado, vocacionado e lapidado para a proclamação da sã doutrina, para o ensino da Palavra de Deus e para o exercício da liderança na igreja de Jesus Cristo, agindo como salvaguarda da Verdade Apostólica.


Conclusão (4)


Não é difícil perceber que a igreja sofre as mais variadas influências e se vê pressionada pelas mais diversas tendências no atual contexto sociocultural. Os resultados disto é profundamente perturbador e causador de uma verdadeira crise de identidade ministerial entre os pastores, o que se verifica pela esquizofrenia resultante do trauma causado pela confrontação da liderança.

Na melhor das hipóteses, a igreja pós-moderna tem desvalorizado a autoridade pastoral quando exige do Ministro permanecer alheio ao desenvolvimento tecnológico e atrelado as expectativas denominacionais tradicionalistas que jamais promoverão desenvolvimento e maturidade para a igreja e para o próprio pastor. Alguns membros das igrejas tecnicamente treinados têm dificuldades em respeitar e ouvir os ministros formados e habilitados em retórica e idealismo denominacional devido a crescente confiabilidade dos modelos de gerenciamento e ao pragmatismo situacionista que corroem as bases bíblico-teológicas legadas aos pastores para a realização de seus ministérios. O triunfo do individualismo criou uma igreja cheia de pessoas que se recusam a aceitar alguém que lhes diga em que devem crer ou o que devem ou não fazer. O padrão sociológico é muito forte e o padrão bíblico é quase utópico no mundo estético e pictórico. (5)

É urgente e premente a necessidade de resgatarmos a credibilidade do Ministério da Palavra pois somente aqueles que abrem seus corações e suas mentes para a mensagem bíblica e à instrução pastoral crescerão espiritualmente. Os cristãos que resistem a autoridade pastoral ou que vivem buscando referenciais externos para abalizar a proclamação de seu pastor, além de se tornarem infelizes, excluem-se da nutrição espiritual que emana do púlpito da igreja.

Não é exagero asseverar que no século 21 o exercício do ministério pastoral ficará ainda mais difícil, visto que nossa sociedade se pauta pela negação da autoridade e pelo fato de nenhum outro ministério eclesiástico exigir cometimento e subordinação a autoridade como no caso do Ministério da Palavra. O tom da liderança pastoral deverá ser estabelecido na autoridade moral e espiritual que os pastores exibirão na pregação bíblica. Pregar deverá ser a demonstração pública de que a Palavra de Deus opera no pastor, sendo o instrumento que o Senhor utiliza para ministrar à igreja e ao mundo. Pregar sem autoridade rouba a essência da Palavra de Deus.

O trabalho do pastor atinge seu auge no púlpito, resultado de oração incessante e de inspiração autoconfrontante. Quando o pastor prega a Palavra de Deus, na unção e instrumentalidade do Espírito Santo, o Senhor cria um momento que é especialmente divino e que não pode ser repetido. Cada sermão é uma proclamação específica de Deus para um momento específico na vida de seu povo.

Que Deus nos ajude.


Notas


(1) CRABTREE, Asa R. A Doutrina Bíblica do Ministério. 2. Ed. Rio de Janeiro: JUERP, 1981. 148 p. (pp. 37-38 e 46)
(2) BARRIENTOS, Alberto. Trabalho Pastoral. Trad. Kédma Rix. Campinas: Associação Evang. Menonita, 1991. 278 p. (pp. 31-37).
(3) FERNANDES, Fernando C. Pastor-teólogo na Pós-modernidade: Uma abordagem teológico-fiolosófica a respeito da atuação pastoral na sociedade pós-moderna. Rio de Janeiro, 1998. 128 p. [Dissertação - Mestrado em Teologia - Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil] - (pp. 99-107)
(4) FISHER, David. O Pastor do Século 21. Trad. Yolanda Krievin. São Paulo: Vida, 1999. 334 p. (pp. 304-307 e 318).
(5) Pictórico é algo relativo ou próprio da pintura. O termo é usado aqui para indicar o vislumbre de nossa sociedade pelo colorido das imagens e da televisão na formação de conceitos os mais diversos.

QUE É UM PASTOR?


De acordo com Efésios no capítulo 4, os versos 11e 12, o ministério da Palavra é um dom especial de Jesus Cristo à Sua igreja, havendo um objetivo definido para esse ministério. O propósito é o treinamento dos crentes; é o estimulo à obra do discipulado; é o crescimento do crente individual e da igreja como corpo forte, robusto, poderoso. É, ainda, a consecução do múltiplo propósito que Jesus tem para Sua igreja que é o de derrubar as portas do inferno, o de resgatar vidas das mãos de Satanás, de batizar essas pessoas e de discipulá-las. E esses dom foram dados por Deus em resposta às orações do Seu povo. O povo de Deus pedia. 


Em Mateus 9.37, 38 está registrado: "Jesus diz aos discípulos: A seara é realmente grande, mas os ceifeiros são poucos. Rogai, pois, ao Senhor da seara que envie ceifeiros para a sua seara". Por isso, o que se requer daquele que busca o ministério da Palavra é uma convicção da chamada especial da parte de Deus. Não pode ser uma pessoa que não tenha chamada, porque o ministério, o pastorado, o episcopado não pode ser abraçado como se escolhe uma profissão. Lembro-me de um moço que me procurou uma ocasião e disse que achava que Deus o estava chamando para o ministério. Perguntei-lhe, "Qual é a evidência que você tem de que Deus está chamando você para ser pastor?" Ele não era ovelha minha, era de uma outra igreja e viu escrito na parte externa do templo ACONSELHAMENTO, então entrou e veio se aconselhar. Respondeu-me: "Pastor, eu acho que Deus está me chamando para o ministério porque já fiz o vestibular três vezes e fui reprovado. Então eu acho que é por isso que Deus está me chamando para ser pastor". Disse-lhe que não fosse para o seminário, que ele estava muito enganado, porque Deus não chama fracassados nem desocupados. Quando Jesus Cristo chamou os seus apóstolos, todos estavam trabalhando. Todos estavam na sua profissão, consertando redes, pescando ou no escritório como fiscal de rendas.

Relatos da Bíblia mostram que quando Deus ou o Senhor Jesus Cristo chamou, o vocacionado estava numa atividade como Moisés que apascentava ovelhas. Ou como Davi que também apascentava ovelhas e os outros que acabei de mencionar. A Escritura Sagrada enfatiza a vocação divina, um sentimento tão forte naquele que é chamado que levou Isaías, que estava cultuando no templo, a exclamar como está registrado em Isaías no capítulo 6, no final do verso 8 onde ele diz: "Envia-me a mim". A mesma coisa aconteceu com Amós. Amós estava apascentando o gado e quando ele estava pastoreando o gado, ouviu a palavra do Senhor. E respondeu "Eu não era profeta, nem filho de profeta". Ele está falando aqui a Amazias. "Mas boieiro e cultivador." Era agricultor. "Mas o Senhor me tirou de após o gado e me disse: Vai, profetiza o meu povo Israel." É assim que Deus faz. É assim que Deus age. Ou como dizia o saudoso pastor Valdívio Coelho, "Uma chamada divina, que envolve um preparo divino para uma obra divina". E isso tem base bíblica, 2Coríntios, capítulo 3, fala sobre esse assunto. Por essa razão, se alguém entra no ministério sem chamada vai ser um infeliz; mas, se você também ouviu a chamada e não entrou no ministério, vai ser tremendamente infeliz por uma razão, e essa razão está na palavra de Jesus Cristo em João no capítulo 15 que diz "Não fostes vós que me escolhestes mas fui eu que vos escolhei e vos designei para que vades e deis fruto." E se alguém abandona essa chamada há de ser infeliz. Por isso a pergunta base é: Que é um pastor?

Estamos trabalhando em cima de um tema que já foi objeto de reflexão. Talvez temos agora alguma variante. E quero dizer aos irmãos, especialmente os crentes mais novos, aqueles que estão ainda se preparando para o batismo, Que é um Pastor?


O PASTOR É UM PROFETA 


E essa é uma palavra muito interessante, no entanto, ninguém queira que eu adivinhe o futuro. Profeta não é isso. Profecia não é adivinhação do futuro. Na mente de muitas pessoas significa uma predição do futuro, uma adivinhação. Talvez na linha daquele povo que diz assim: "Previsões para o ano 2000". Não, isso não é ser profeta.

No entanto, a palavra tem conotação muito mais ampla, muito mais profunda e mais consistente e séria porque pela Bíblia Sagrada, profeta é quem fala em nome de Deus, é o porta-voz de Deus. E a Bíblia ensina que isso é um carisma. 1Coríntios capítulo12 menciona entre os dons o de profecia. E porque profetiza, ou seja, por que proclama a palavra do Senhor, porque edifica, exorta, consola homens individualmente e a igreja como um todo, quando a proclamação não existe, vai chegar a derrota e na Palavra Santa está com toda clareza e com toda as palavras a expressão de Provérbios 29 que fala "Não havendo profecia o povo se corrompe". Portanto, a função primária, basilar, fundamental do profeta é se colocar entre Deus e a pessoa humana e comunicar o propósito eterno, comunicar a sua vontade.

Sem dúvida alguma irmãos há uma tradição milenar atrás de cada sermão que é pregado de qualquer púlpito cristão. E mesmo assim, cada sermão deve ser atual. Apesar de uma tradição milenar desde o tempo dos profetas, cada sermão deve advertir sobre o pecar, deve advertir sobre a justiça e deve advertir sobre o juízo de Deus. Cada sermão há de chamar a atenção para as conseqüências morais e espirituais da conduta do ouvinte. E aquele que é arrependido deve apontar a misericórdia e deve apontar o perdão de Deus e a bênção da vida com Deus. Por isso, a palavra do profeta nunca é: "Assim eu digo", "assim diz Walter Baptista", não. A palavra do profeta é: "Assim diz o Senhor". "Ou palavra do Senhor que veio a...". Como está na Bíblia Sagrada. Como profeta, o ministro da palavra tem mensagem. Mensagem de luz, mensagem de vida, mensagem de conforto, de inspiração, de salvação que deve ser sempre fiel e reta e ortodoxa. Palavra de orientação para a vida porque Jesus Cristo é o mesmo ontem, hoje e eternamente. Cada profeta então é uma sentinela guardando a doutrina que veio dos lábios do Senhor e do ensino apostólico. Sentinela e pastor.

Acontece que hoje está muito fácil se chamar "pastor". Há tantos desqualificados sendo chamados de "pastor" que é uma verdadeira calamidade. É um quadro que vemos amiúde. Mas a Bíblia mostra que não é assim. A Bíblia diz que sempre existiram aproveitadores, que sempre existiram mal intencionados, que sempre existiram cavadores de lucro. E a palavra de Deus vai dizer assim,

"Estes cães são gulosos, nunca se podem fartar; são pastores que nada compreendem; todos eles se tornam para o seu caminho, cada um para sua ganância, todos sem exceção" (Is 56.11).

É como está colocado. Querem ver mais? Jeremias 14:14,

"Disse-me o Senhor: Os profetas profetizam falsamente em meu nome, não os enviei, nem lhes dei ordem, nem lhes falei; visão falsa, adivinhação, vaidade e o engano do seu coração é o que vos profetizam".

Há outros textos da palavra.

Nunca foi tão fácil para alguns, talvez devêssemos dizer para tantos, reivindicarem, falarem em nome do Senhor, explorando uma pessoa simples, incauta e até mesmo aquele que está desejosa de ser manipulada. Nunca foi tão fácil como nos dias de hoje, e, no entanto, a palavra do Senhor é tão clara sobre este assunto porque diz em Jeremias 3:15 "Dar-vos-ei pastores segundo o meu coração, que vos apascentem com conhecimento e com inteligência". Por isso, Paulo recomenda "Não desprezeis as profecias". Pastor é, então, o quê? Um profeta.


O PASTOR É UM ANJO. 


Agora ninguém espere ver um par de asas nas costas do pastor Walter nem debaixo do paletó. É porque tem uma história que diz que o pastor foi almoçar na casa de uma família. E quando chegou, a menininha da família começou a andar por trás da cadeira do pastor. Ia lá e vinha cá, fazia a volta e ia, olhava e mexia e tocava no pastor. Aí a mão disse: "Rosinha pára com isso, menina! Que história é essa, você andando para lá e para cá?!". A menina respondeu: "Eu estou procurando as asas: a senhora não disse que o pastor é um anjo...". Então há quem queira ver essas asas nas costas do pastor.

Mas vamos entender irmãos. Porque a palavra "anjo" tem significado. Anjo é aquele que traz uma mensagem, um mensageiro. E Paulo se refere a isso quando em Gálatas no capítulo 4.14, ele diz: "Embora minha enfermidade na carne vos fosse uma tentação, não me rejeitastes, nem me desprezastes antes me recebestes como a um anjo de Deus". E no Apocalipse também a palavra "anjo" é usada largamente quando as sete cartas são enviadas ao pastor, ao anjo, da igreja de Filadélfia e às demais.

A pregação é algo extraordinário! Fico fascinado pela pregação. Quando saio de férias, recomendam-me: "Pastor, não leve o paletó: porque se levar o paletó, vai ter que pregar em algum lugar", mas, eu sempre levo o paletó. Pregar não cansa. Pregar não me cansa. Sou fascinado pela pregação. Spurgeon, o grande Charles Spurgeon, entrou em um auditório que recém-inaugurado em Londres, o Albert Hall. Naquele tempo não havia microfone, nem ampliação de som. Tudo era à viva voz, e aquele auditório havia sido construído dentro dos mais modernos recursos de acústica da época. E o evangelista havia ouvido falar sobre isso. Entrou no auditório, que estava completamente vazio. Quando ali chegou, foi para o palco, e com a voz poderosa de pregador, exclamou:


"EIS O CORDEIRO DE DEUS QUE TIRA O PECADO DO MUNDO!!!"


e repetiu,


"EIS O CORDEIRO DE DEUS QUE TIRA O PECADO DO MUNDO!!!" 


Experimentou e saiu convencido de que a acústica era excelente. Quando chegou à porta. um homem o procurou e disse: "O senhor que é o pastor Spurgeon?" Ele disse: "Sou eu". Continuou o homem, "Só quero dizer que aceito a Jesus Cristo. Eu sou pedreiro, estava trabalhando na sala do lado quando ouvi o senhor falar lá dentro. E essa palavra me tocou". A pregação dele foi só isso: "Eis o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo". O homem ficou convencido dessa verdade e se converteu.

É necessário que haja da parte do pastor verdadeira conversão. Como poderia ele falar de uma experiência que não conhece? O que se pode dizer de uma determinada fruta, o seu gosto, se nunca se experimentou da mesma? Quando eu estava em Singapura, falaram de uma fruta chamada durian. É da família da jaca, da fruta-pão, da pinha, da graviola. Essa fruta é um pouco maior que uma graviola; mais espinhenta que a jaca, e dizem que é a fruta mais saborosa do mundo. Essa foi a declaração que ouvi por lá, e li, até, afirmando esse fato. Fomos, finalmente, apresentados à durian. Se é mais saborosa, não sei porque não tive coragem de experimentar. No entanto, eu sei que é a mais fedorenta do mundo... Fede que nem esgoto. Dizem que quando se come um bago da fruta, é algo deliciossíssimo. Não tive coragem porque o fedor era de esgoto em dia de chuva. Meus amados, não posso falar do sabor da durian porque não o conheço.

Outra coisa que o pastor deve ter é piedade cristã para resistir ao escrutínio das outras pessoas. Está na palavra em 1Timóteo 4.12. O apostolo Paulo ele diz o seguinte ao jovem pastor Timóteo, "Ninguém despreze a tua mocidade: mas sê o exemplo dos fiéis, na palavra, no trato, na amor, no espírito, na fé, na pureza". No boletim de hoje, foi transcrita uma palavra do Pr Nilson Fanini bem parecida com essa. Como o pastor tem sido vítima de cobranças fiscais. Sua vida é vasculhada e os procuradores de agulha no palheiro usam lente de aumento sobre as falhas do ministro do evangelho. Por quê? Para orar com ele? Nem sempre.

Ele precisa ter uma fé sadia também e ter uma fé que seja ortodoxa. Aliás, se não for ortodoxa nem é sadia nem é fé. Que não seja amante de novidades. Hoje é um tempo em que se ama a novidade. Nós preferimos ficar com a Palavra sempre. Há muita novidade barateando o culto divino, nós preferimos o culto digno do nome do Senhor. Há muito culto que satisfaz mais ao ego dos chamados pastores que realmente às necessidades do povo.

Pois é, o pastor é um anjo. Por isso ele precisa de ter todas essas características aí. Ele precisa conhecer a Deus, andar com Deus, ter comunhão com Ele. Ele precisa conhecer as ciências teológicas. Ele tem que ter capacidade mental e eu diria capacidade acadêmica, conhecimento bíblico adequado. Ele pode não saber tudo, é verdade, mas o que ele sabe, deve saber bem e ele deve continuar aprendendo, lendo, lendo muito para saber cada vez mais. Por isso, não é demais até lembrar que Paulo tinha muito amor pelos livros, por isso pediu que quando viesse, Timóteo trouxesse o livro.

Precisa conhecer o ser humano também, conhecer as ciências humanas, conhecer a pedagogia, conhecer a psicologia, conhecer as relações humanas, conhecer aquilo em que o ser humano é forte e aquilo que o ser humano é fraco. Agir para aquilo que é forte na sua ovelha continue forte e progrida até e aquilo que é fraco seja colocado com resistências, fortaleza e ele possa crescer igualmente. Como mensageiro de Deus, como anjo de Deus, deve fortalecer aquele que está triste, animar o cansado, levantar o que está derrubado na vida, o joelho tremente, consolar aquele que está desconsolado, fortalecer o debilitado e mostrar o caminho ao que está indeciso.

Como anjo de Deus é mensageiro do Espírito de Deus, da fé, da esperança, do amor, da salvação e da libertação e do perdão que vem de Deus. Por isso, como mensageiro de Deus, como mensageiro da palavra divina, sinto ao meu lado quando prego, as testemunhas do Senhor, essa legião de testemunhas de que Hebreus fala. Sinto ao meu lado Elias e Moisés e Isaías e Jeremias e Ezequiel e Daniel e Oséias, Joel, Amós e os apóstolos. Não é que esteja tendo visões nem fantasmas juntos de mim, mas, na mesma linha, na mesma tradição e na mesma palavra que eles anunciaram e pregaram ao seu povo.

Primeira coisa que nós dissemos é que o pastor é um profeta. Segunda coisa, o pastor é um anjo, mas há uma terceira o pastor é um homem. Descobri que ser anjo não é difícil e que também não é difícil ser profeta. Difícil é ser humano. Pastores são não somente humanos mas precisam ser plenamente humanos. Razão porque todo pastor pede uma dose de compreensão, uma dose de paciência e uma dose de tolerância. Isso é dito porque há quem espere que o pastor, qualquer pastor de qualquer igreja em qualquer lugar, seja um bom pregador e que tenha dois bons sermões todo domingo e que tenha um bom estudo em todo Culto de Oração e que atenda no gabinete a qualquer hora do dia, inclusive no seu dia de folga, e que seja somente sorrisos; que não canse e que não desanime em certas horas, e que não tenha tristezas e que tenha inclusive p condão de fazer a maravilha das maravilhas que é estar em dois lugares ao mesmo tempo. Talvez, se possível for, em três lugares ao mesmo tempo, como já tem acontecido comigo, dois compromissos, três compromissos e a pessoa fica zangada porque a só se pode atender a um deles.

O Pastor é um homem num mundo de homens. Em 2Timóteo 3, apresentam-se as condições do mundo nos últimos dias. Essas condições que estão aqui em 1Timóteo 3:1-5 são as nossas condições hoje. Aliás, 2Timóteo 3:1-5,

"Sabe, que nos últimos dias sobrevirão tempos difíceis. Os homens serão amantes de si mesmos, gananciosos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos",

e aí segue com um catálogo de coisas do nosso tempo. É nesse mundo que nós exercemos o ministério. São dias difíceis. E a descrição do coração desses homens ímpios é a de um povo que se distancia de Deus, de um povo que transgride as leis da decência. É um povo saturado de orgulho, de lascívia, com novas formas de piedade, negando, porém, o Deus vivo e verdadeiro. E Paulo fala de blasfêmia; fala de ingratidão, de calúnia, de atrevimento, de orgulho. Por isso, enquanto o mundo desce a ladeira do inferno, Timóteo, o jovem pastor, é exortado à fidelidade à palavra de Deus bem como todos os outros pastores. Porque de hora em hora o mundo piora. Mas como o pastor é um servo da palavra, ele deve manter na consciência que ele pertence ao seu povo. Ao povo que o Senhor lhe confiou. Ele pertence à palavra que ele anuncia. Ele pertence a Deus que o escolheu e o comprou e o fez ministro de Sua palavra. Isso quer dizer que há de ser homem de oração e totalmente submisso e consagrado a Cristo e à Sua causa, pois sem Deus na vida, não tem o que oferecer, não tem o que dizer a quem busca o seu conselho ou a quem vai ouvir os seus sermões.

O pastor é um homem no mundo dos homens, mas é um homem de Deus. Ele é um símbolo diz o doutor Wayne Oates em um livro sobre este assunto. Que ele é um símbolo da fé cristã, um símbolo do evangelho, um símbolo da graça e é por esse motivo que lá na Segunda Carta aos Coríntios, no capítulo 4 está dito da seguinte maneira:

"Temos, porém, este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus, e não de nós. Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados; Perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos; Levando sempre por toda a parte o morrer do Senhor Jesus no nosso corpo, para que a vida de Jesus se manifeste também em nossos corpos".

É homem que se apropria portanto da verdade divina e a repassa a suas ovelhas. Ele é um mestre e é um ministro. Aí eu quero explicar a palavra mestre e a palavra ministro. Os irmãos sabem que a palavra mestre vem do latim magister, de onde vem magistério, de onde vem magistrado, de onde vem magistratura. E essa palavra magister, ela guarda uma raiz, magis, que quer dizer "mais". Por que é que o mestre, o magister ou o magistrado eram procurados? Porque tinham algo a mais a oferecer.

Mas ele é um ministro. Ministro vem de minister onde está a raiz minus que quer dizer menos. Ministro era o escravo. Ministro quer dizer isso aí. Pensa-se que hoje a palavra "ministro" é pomposa e nós dizemos o primeiro escalão do governo, os ministros. Ministro quer dizer escravo. Porque era uma pessoa que tinha de menos. Não o procuravam porque tinha de mais, mas, sim tinha de menos. Por isso, era ele que tinha que carregar cargas, transportar uma mesa, pegar uma coisa ali adiante, fazer isso. Trabalho pesado era do minister, do escravo. O pastor é ao mesmo tempo um mestre e um ministro. Ele ao mesmo tempo passa e repassa aquilo que ele tem de mais, mas, ao mesmo tempo ele também sendo mestre, ele é um servo, é um ministro.

É um homem de Deus mas não é um super-homem, é um ser humano vulnerável, e é por esse motivo que ele busca ser fortalecido pelo poder do Alto. É vulnerável por isso, infelizmente, comete o pecado de envelhecer. Dizem que uma igreja estava procurando um pastor. A Comissão de Sucessão Pastoral entrevistou um determinado obreiro já maduro e ficou muito satisfeita com os resultados da entrevista, quando alguém se lembrou de fazer uma perguntinha que estragou tudo: "Pastor, quantos anos o senhor tem?" Responde o candidato, "Tenho sessenta e dois." Aí, a igreja sentiu que a Comissão murchou, porque ele tinha sessenta e dois anos: não foi convidado...

Virou moda fazer o perfil do pastor. Uma igreja em nossa cidade, quando foi escolher o novo pastor, fez o "perfil do pastor". Entre outras coisas dizia que o pastor deveria ter até determinada idade. Nilson Fanini não poderia ser pastor daquela igreja, Billy Graham. Nenhum desses grandes homens de Deus podia ser pastor. Porque já haviam passado daquela idade. O único perfil que conheço e reconheço é o que está no Novo Testamento, na palavra de Deus: 1Timóteo 3; Tito 1;1Pedro 5.

O pastor é humano, muito humano, é vulnerável, razão porque ele busca o poder de Deus; e não pode ter medo de responsabilidades; não pode ter medo de críticas e não pode ter medo do aparente fracasso.

Pastores são profetas, são anjos e são homens, simples homens, mas, pastores são cooperadores, são facilitadores na obra do Senhor e o ministro do evangelho é um servo voluntário como Jesus e há de caracterizar-se pela unção do Espírito debaixo de cujo poder vive. E já que um enorme muro de separação existe e sempre tem existido entre os homens (Paulo fala disso em Efésios 2), ao ministro do evangelho é confiada a causa da reconciliação porque já chegou a boa nova de que em Jesus Cristo há salvação, a barreira foi quebrada e nós somos feitos um.

O que é necessário é amar a Cristo. Porque quando isso acontece, esse amor de Cristo se estende naturalmente àqueles a quem Jesus Cristo também ama, o Seu rebanho. Jesus perguntou a Pedro: "Pedro, tu me amas? Simão, filho de Jonas, tu me amas verdadeiramente?" A pergunta foi essa. A pergunta foi Pedro agapos me? Tu me amas verdadeiramente? E Pedro deu uma resposta infeliz. Os irmãos viram que na Bíblia, Pedro dizer assim: "Senhor, Tu sabes que eu Te amo." Mas Jesus perguntou três vezes, "Senhor, Tu sabes que eu Te amo". Ele não disse agapo te. Pedro, agapos me? Ele devia responder, "Agapo te". Ele disse: "Filo te" é outra palavra. Filo, vem de filos que quer dizer amigo. "Senhor, Tu sabes que eu sou teu amigo". Foi isso que Pedro respondeu para Jesus, que pergunta de novo: "Pedro, tu me amas de verdade?". "Ó Senhor, Tu sabes que eu sou teu amigo." E finalmente, a resposta, "Senhor, Tu sabe todas as coisas. Tu sabes que eu te amo". Por isso, Jesus disse, "Apascenta os meus cordeirinhos, pastoreia minhas ovelhas." O amor a Jesus Cristo meus irmãos, é condição sine qua non para que um ministro do evangelho possa se sustentar no evangelho da Palavra, no ministério e sempre nesse amor a Cristo, a Deus, e aos irmãos.

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