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quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

XX - COMO MEMBROS DO CORPO DE CRISTO

Parte XX
COMO MEMBROS DO CORPO DE CRISTO

 "Porque, assim como o corpo é um, e tem muitos membros, e todos os membros do corpo, embora muitos formam um só corpo, assim também é Cristo. Pois em um só Espirito fomos nós batizados em um só corpo, quer judeus, quer gregos, quer escravos quer livres; e a todos nós foi dado beber de um só Espirito. Para que não haja divisão no corpo, mas que os membros tenham igual cuidado uns dos outros padecem com ele; e, se um membro é honrado, todos os membros se regozijam com ele. Ora, vos sois corpo de Cristo, e individualmente seus membros"

(1Co 12.12,13,24-27)



A Igreja de Jesus Cristo tem uma natureza militante, e é descrita através de imagens riquíssimas como "Povo de Deus", "Corpo de Cristo" e "Comunhão no Espírito". Expressa-se também como um corpo local. Assim, falamos na Igreja Batista Sião, na Igreja Presbiteriana da Bahia, na Igreja Evangélica Fluminense como uma dessas comunidades locais, onde o nome de Jesus Cristo é exaltado, Sua palavra, estudada, e onde nos estimulamos e encorajamos a crescer em amor. "A Igreja é uma companhia de crentes regenerados e batizados que se associam num conceito de fé e fraternidade do evangelho".



A IGREJA



A Igreja é isso: uma congregação de crentes cuja única cabeça é Jesus Cristo. É uma fraternidade de pessoas que crêem em Jesus Cristo como Salvador pessoal, e Lhe obedecem seguindo-O como discípulos e tendo-O como Senhor.

Sim, formamos uma comunidade (At 2.42; 1Jo 1.3,6,7), e, se comunidade temos algo em comum: a fé comum em Cristo Jesus (Tt 1.4; 1Co 1.9), o sangue de Cristo (1Co 10.16), o Espírito Santo (Fp 2.1; 2Co 13.13). A verdadeira comunidade cristã é criada e sustentada por uma fé e uma vida comuns em Cristo, um compromisso de obediência comum a Cristo como Senhor, uma participação comum no Espirito.

Somos "irmãos". É a mais freqüente designação do Novo Testamento para os crentes em Jesus Cristo. Aparece cerca de 250 vezes nos Atos e cartas. É uma saudação natural (cf. Rm 8.29; Tg 2.15; 1Jo 2.10), e quer dizer que fraternidade tem a ver com amor, com responsabilidade mútua, plena participação na família de Deus, e um compartilhar pleno na realização da vida da igreja. Jesus disse que "irmão" era quem fazia a vontade de Deus: "Pois aquele que fizer a vontade de Deus, esse é meu irmão, irmã e mãe" (Mc 3.35).

Não há superioridade, não há diferença quando chamamos o outro de "meu irmão" (Mt 23.8). Diferença que exista é de dom e função na Causa de Cristo, "Ora há diversidade de dons, mas o Espirito é o mesmo. E há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo. E há diversidade de operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos. A cada um, porém, é dada a manifestação do Espirito para o proveito comum" (1Co 12.4-7).

Somos membros uns dos outros, sim, porque confessamos a um só Senhor: Jesus Cristo (Mt 10.32; 1Jo 2.23; 4.15); porque filhos do mesmo Pai (Jo 1.12, Rm 8.14-17); porque regenerados pelo poder do Santo Espírito (Tt 3.5; Ef 1.13; Lc 11.13).

A Igreja de Jesus Cristo, da qual somos membros pelas razões já expostas, é , então, um centro de trabalho e de lealdade. E visto que o propósito redentor de Deus é para ser realizado por meio da Igreja, "Para que agora a multiforme sabedoria de Deus seja manifestada , por meio da Igreja, aos principados e potestades nas regiões celestes, segundo o eterno propósito que fez em Cristo Jesus nosso Senhor." (Ef 3.10,11), a participação nesse plano deve ser o ponto focal da lealdade do irmão e do seu trabalho. E é realizado através da Igreja local, o que significa que seu esforço, sua atividade, sua iniciativa devem ser através desta abençoada comunhão local. É uma questão de investimento espiritual, investimento de alto retorno em termos de crescimento, de conhecimento, de graça, de amor alegria, paz, bênçãos! Muitas bênçãos!



E PARA SER MEMBRO DA IGREJA?



Há condições, pois pode uma pessoa ser cristã e não ser membro de uma Igreja local. Por outro lado, há quem participe da comunhão terrena, mas não do nascimento celestial. Por isso, "Saíram dentre nós, mas não eram dos nosso; porque, se fossem dos nosso, teriam permanecido conosco; mas todos eles saíram para que se manifestasse que não são dos nossos" (1Jo 2.19).

Todos devem ser salvos antes de se tornarem membros de uma Igreja; e se é salvo, é normal que busque a comunhão do povo de Deus. Então, aí esta a primeira exigência para ser membro da Igreja de Cristo: regeneração através do arrependimento, "Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para remissão de vossos pecados; e recebereis o Dom do Espirito Santo" (At 2.38).

Importa que isso aconteça porque o salvo é batizado no Espírito Santo, e assim unido à Igreja de Deus: "Pois em um só Espírito fomos todos nós batizados em um só corpo , quer judeus, quer gregos, quer escravos quer livres; e a todos nós foi dado beber de um só Espírito" (1Co 12.13), e essa expressão "batismo no Espírito Santo"significa o ministério do Espírito em favor do que crê. Não se pode ser membro por ordem de outros, por procuração, ou sem exercício da fé como no caso de recém-nascidos.

Após a regeneração, o passo da obediência: o batismo. O ingresso tem seguimento pelo batismo: Jesus deu ordem definida sobre isso (cf. Mt 28.19; cf. At 8.36-38; 10.47; 16.33; Gl 3.27), e o batismo há de ser realizado em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo (Mt 28.19). Deste modo, o novo convertido é batizado para se tornar célula viva, membro ativo na comunhão de irmãos que se chama Igreja de Jesus Cristo.



QUALIDADES DO MEMBRO DA IGREJA DE CRISTO



1. Amor ao estudo da Palavra de Deus. Na Reforma Protestante do século 16, a exclamação "Sola Scriptura!" ("apenas e unicamente a Escritura Sagrada!"). A Palavra de Deus que alegra o coração, fortalece o espirito e alimenta a alma (Mc 12.24; 2Tm 3.16,17). Tomá-la para "ler, viver e crescer", lembrando a exortação: "Procura apresentar-te diante de Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade". Com o objetivo de "antes santificai em vossos corações a Cristo como Senhor; e estai sempre preparados para responder com mansidão e temor a todo aquele que vos pedir a razão da esperança que há em vós" (2Tm 2.15; 1Pe 3.15).

2. Fervor na Oração. Jesus ensinou: "Contou-lhes também uma parábola sobre o dever de orar sempre, e nunca desfalecer" (Lc 18.1); Paulo exortou "orai sem cessar" (1Ts 5.17), e Tiago deixou claro: "Confessai portanto, os vossos pecados uns aos outros, e orai uns pelos outros, para serdes curados. A súplica de um justo pode muito na sua atuação" (Tg 5.16). Pois oração implica em atitude de dependência de Deus, em comunhão com Deus, em absoluta confiança em Deus.

3. Assiduidade os cultos. Está em Hebreus 10.25: "Não abandonando a nossa congregação, como é costume de alguns, antes admoestando-nos uns aos outros; e tanto mais, quando vedes que se vai aproximando aquele dia" (cf. At. 2.42)

E isso para ir ao encontro do Senhor e dos irmãos (Sl 84.2,4; 133.1), para receber do Senhor bênçãos e mais abundância de vida (Sl 133.3; Mt 18.20; Jo 10.10), para imitar o exemplo dos primeiros cristãos (At 2.46).

4. Atividade. Consciência dos dons que recebeu e usá-los: pregar, ensinar, exortar, consolar. Socorrer, cantar, administrar, o que quer que seja.

Há membros e há membros. Há os salvos, batizados no Espirito, regenerados, portanto; lavados no sangue de Cristo, exemplares, úteis, vidas inspiradoras, e que levam a igreja a crescer. Há os postiços, agregados ao Corpo de Cristo, mas como um corpo estranho. Não crescem, não fazem crescer escandalizam até. Jesus os chamou "joio"no meio do trigal, "bodes" no meio das ovelhas (Mt 13.24ss; 25.32ss). Levam freqüentemente a igreja à tristeza, criam problemas.

Mas é preciso recordar e viver a comunhão com Cristo no batismo (Rm 6.3,4), na morte (v.4), na ressurreição (v.5; Ef 2.6), na vida eterna (v.8). Crucificados com Ele (Gl 2.20), vivificados com Ele (Ef 2.5), e com Ele nos céus (Ef 2.6; cf. Mt 8.11; 23.2; Cl 3.1; 2Ts 2.4; hb 8.1; Ap 3.21). E também a comunhão com os outros, tão essencial que João a põe como prova de conversão (1Jo 3.14-18; cf. Jo 13.35; 17.21; 1Co 13.1-13).



A IGREJA LOCAL



O princípio da Igreja diz que pertencer-lhe é um santo privilégio e um sagrado dever. Há uma alegria especial em ser membro da igreja. Aliás, o Novo Testamento não fala de experiência cristã praticada independentemente, e isolada dos outros crentes. Jesus andava e mantinha comunhão com seus discípulos, homens e mulheres, unidos todos em amor comum e lealdade (cf. Mt 10.1ss, 28; 27.55; Mc 6.7ss; Lc 8.1-3; 9.1ss; Mt 20.17).

Como é você como membro da Igreja de Cristo? Como eram os primeiros cristãos? É somente ler Atos ou as Cartas. Era imperativo que vigiassem sua conduta, que preservassem a harmonia entre eles, e tivessem a consciência de que a verdade divina lhes fora confiada; eram ativos no testemunho de Jesus Cristo; estavam vigilantes quanto à Sua Segunda vinda, encontravam alegria na comunhão, a igreja era um investimento de vida. Na igreja, todos os crentes têm direito a privilégios iguais. Isso não se refere a diferenças de habilidades ou capacidades espirituais das pessoas.

Dizer isso significa que ninguém tem privilégio especial sobre outro. Só Cristo! Então, já que há direitos iguais de acesso a Deus, há privilégios iguais na igreja. Essa é a razão porque somos uma fraternidade, uma família da qual Deus é o Pai, e Jesus Cristo o irmão mais velho (R.M. 8.29; Mt 6.9; 12.50; 23.9; Lc 8.21; Ef 4.6; 1Pe 1.17). A igreja não é uma relação de sócios ou de membros ou de filiados. É uma comunhão. Se alguém está fora dessa comunhão, seja por falta grave, abandono, escândalo, falsa doutrina, deve ser excluído da igreja porque, de fato, já se auto-excluiu (Rm 16.17; 1Co 5.5,3-5, 9-11,13; 2Ts 3.6,14,15; 1Tm 1.18-20; Tt 2.10,13; 2Jo 9-11; Jd 4,10-13, 16-19; 1Tm 5.2b; 2Tm 3.5; Tt 3.10).

O falecido mestre do Seminário Teológico Batista do Norte do Brasil (no Recife), Pr. Harald Schaly, ensinou haver três tipos de membros de igreja que podem ser comparados a barcos: os que tem motor próprio; os que possuem vela (precisam de vento, de agitação, de movimento, de campanhas, de novidades para vir à igreja); aqueles que são como balsas (são puxados). Estes são peso morto na igreja, alguns fazem pouco ou nada fazem, não trabalham e dão trabalho; têm nome no rol de membros, mas só aparecem no Natal ou Noite de Ano Novo. Vão à igreja como quem vai ao teatro: esperam boa música, bom sermão, e que todos sejam sociáveis. Há quem, sendo membro da igreja, espere convite especial para vir; há quem venha se tiver cargo; há quem, sendo membro de uma igreja, é muito operoso, apreciado, mesmo, porém em outras igrejas, nunca na sua (?!). O mesmo Pr. Schaly conta uma história. A do vaqueiro crente: "eu trabalho para "seu" Vicente; mas mesmo que eu passasse todo o tempo falando de "seu" Vicente , dizendo que é o melhor patrão, e cantasse muito para ele (já que ele gosta de música sertaneja), e não fizesse meu serviço com o gado, ele me mandaria embora!" Jesus não falou naqueles que dizem "Senhor, Senhor! E que não entrarão no reino dos céus?"

Pois é; a igreja é chamada a crescer. E o modelo é o de Atos 2.47: "Louvando a Deus, e caindo na graça de todo p povo. E cada dia acrescentava-lhes o senhor os que iam sendo salvos".



Crescer em todas as direções:



para o alto, buscando o altar de Deus;
para baixo, aprofundando-se na doutrina do Senhor;
para os lados, atingindo os não conhecem a salvação em Cristo Jesus;
de dentro para fora, pela vida espiritual intensa pela consagração à causa;
e de fora para dentro, agregando pecadores regenerados.
Cresce a igreja, cresce o reino de Deus. É um crescimento lento porem continuado. Como árvore que nasce da semente, ou o fermento na massa do pão (Mt 13.31-3). Crescimento, não inchação!

É isso: precisamos de crentes que busquem o reino de Deus em primeiro lugar; que sejam luz do mundo; que sejam santos porque o Senhor é santo; que amem a Deus de todo o coração, de toda a alma e de todo o entendimento; que amem ao próximo como amam a si mesmos; que confiem no poder da intervenção; que exerçam o sacerdócio dos crentes; que amem a Palavra de Deus; que façam do crescimento pessoal assunto de perseverança, cuidado e prática diária. Precisamos de crentes que entendam ser a igreja local o lugar previsto por Deus para a comunhão, e onde os recursos para o crescimento cristão ao dispor (venha, portanto, à EBD!). É esse, aliás, o mais eficiente meio de deter nossa tendência de fazer renascer a velha criatura. Por isso, "Antes exortai-vos uns aos outros todos os dias, durante o tempo que se chama Hoje, para que nenhum de vós se endureça pelo engano do pecado" (Hb 3.13).

Que nos comprometamos a ter cuidado uns dos outros, que nos lembremos uns dos outros em nossas orações, que nos ajudemos mutuamente em nossas enfermidades (Tg 5.16b), a cultivar relações francas e a delicadeza no trato e a estar pronto a perdoar as ofensas (Mt 6.12-15), a buscar a paz com todos. Que Deus nos ajude!

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