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quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

XIII A LIDERANÇA CRISTÃ E O DISCIPULADO

Parte XIII
A LIDERANÇA CRISTÃ E O DISCIPULADO

Creio na liderança cristã e creio no discipulado. Compreendo que a liderança cristã tem o trabalho de despertar e conduzir o ser humano para Deus e para tudo o que de Deus recebeu. Creio numa liderança comprometida com o reino de Deus (cf. Mt 6.33), o que, aliás, é uma qualidade-chave do líder cristão. Uma liderança comprometida é fiel (1Co 4.2), disponível (Lc 9.57-62), receptiva à capacitação, ou seja, ao treinamento (um teste é convidar 12 a 20 pessoas para reuniões de treinamento, e observar quem retorna a partir da segunda reunião. O treinamento, por sinal, já é uma seleção). Descobrir pessoas que possuam potencial é tarefa do líder, e isso com o objetivo de treiná-las de modo a que em dado momento a organização possa funcionar sem ele, líder. É um facilitador no ensino dos novos discípulos e na participação deles no global do processo; é exemplo e ajuda em vez de apenas verbalizar, valoriza a participação dos outros, é paciente e confia no Espírito Santo como conselheiro e auxílio nas dificuldades. 


Creio na liderança capacitada pelo Espírito de Deus, "carismatizada" para o benefício da Igreja de Cristo, para que todo o edifício bem ajustado cresça para templo santo cuja glória seja unicamente a de Deus, ou como colocou a Bíblia em Português Corrente (edição da Sociedade Bíblica de Portugal, 1993): "É em Cristo que todo o edifício está seguro e cresce até se transformar num templo que honre ao Senhor" (Ef 2.21).

Creio também no discipulado cristão, pois é somente observar a ênfase dada por Jesus ao cuidado, carinho, busca e instrução dos que O seguiam. "Discípulo", por sinal, parece ser a palavra favorita de Jesus para aqueles cuja vida estava ligada a dEle. Aparece 269 vezes nos Evangelhos e no livro dos Atos dos Apóstolos.


O líder cristão do século 21 não pode esquecer que as condições do discípulo são um daqueles princípios imutáveis, apesar das transformações litúrgicas, administrativas, pelas quais a Igreja de Cristo vem passando através dos séculos. Quem as declara são os Evangelhos:

· Transportar a cruz (Lc 14.27). A cruz não é brinquedo, mas instrumento de morte, na qual o eu deve morrer. Ir-para-o-Calvário é um caminho escolhido deliberadamente, visto que a cruz é o símbolo da perseguição, vergonha e abuso que o mundo jogou sobre o Filho de Deus e jogará sobre os que escolhem navegar contra a corrente, o discípulo.
· Renúncia (Lc 14.33), que é entrega irrevogável a Jesus Cristo, autonegação, nos termos de Lucas 14.26 e Mateus 16.24. Nosso amor a Jesus e à Sua causa há de ser tão evidente que, em comparação, todos os demais serão diminuídos. Billy Graham afirmou que "a salvação é de graça, mas o discipulado custa tudo o que temos".
· Constância (Jo 8.31). É passar a viver em companhia de Jesus, comunhão de destinos com Ele, segui-Lo, permanecer nEle. O verdadeiro discípulo se caracteriza pela estabilidade.
· Produção de frutos (Jo 15.8). União frutífera como Senhor (Jo 15.4,5).

O líder cristão há de observar os dois aspectos básicos do discipulado em sua própria experiência de vida: a união com Cristo e a dedicação sem reservas, que Jesus Cristo descreveu em termos de videira e ramos (cf. Jo 15.5ss). Em relação ao primeiro aspecto, Paulo usa inúmeras vezes a expressão "em Cristo" para com isso significar que nós estamos nEle e Ele está em nós (Cl 1.27). Por sua vez, Romanos 6.1-12 indica o significado do regime de dedicação exclusiva a Jesus.

O alvo do discipulado deve permanecer bem definido na mente do líder cristão: é a semelhança de Cristo em caráter e em serviço. O Espírito Santo dá-nos o caráter de filhos de Deus, e nessa linha de raciocínio, o fruto do Espírito é o retrato desse caráter: amor, alegria, paz, paciência, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão e autodomínio.


OIKOS, UM CONCEITO PARA O SÉCULO 21


As grandes cidades, sejam capitais legais, formais ou informais são um centro dominante A característica maior é a concentração de população várias vezes superior à cidade seguinte em importância. Tem primazia política, econômica, acadêmica e cultural (a área metropolitana de Tóquio é maior que a metade da população do Canadá). É também nessa situação que o líder cristão há de exercer o discipulado.

São características dos habitantes da urbis:

· Um ser solitário. Quem mora na roça vive praticamente num sistema de clã (estilo semita bíblico). Na cidade grande está perdido.
· Um ser pobre. Mora em invasão.
· Um ser que sonha. Não perdeu essa capacidade.
· Um ser que escuta. E a ele muitos "discipuladores" querem falar.


OIKOS, UM NOVO VELHO CONCEITO


Oikos é o "lar familiar", a esfera de influência. É o sistema social primário composto por aqueles que que são relacionados por laços comuns de família, trabalho e vizinhança. Três são as constantes culturais: o parentesco, a comunidade e a associação:
· parentesco são laços de sangue ou de afinidade.
· A associação é voluntária com normas, autoridade, mobilização de recursos, e movidas por amizade, sexo, poder, ideais, interesses, prestígio (sindicatos, igrejas, clubes).

· A comunidade é determinada pela geografia.

Se isso existe hoje, e é uma constante antropológica, existiu nos dias neotestamentários. É o oikos (cf. Michael Green. Evangelização na Igreja Primitiva). Alguns casos são:

· a família de Betânia (Jo 12.1-3);
· a casa de Cornélio, oficial romano (At 10);
· a casa de Lídia (At 16.13-15);
· a família do carcereiro de Filipos (At 16.25-34);
· a casa de Prisca e Áqüila (Rm 16.3-5);
· a casa de Aristóbulo (Rm 16.10);
· a casa de Narciso (Rm 16110.

Os descrentes têm dois problemas: o de informação (não conhecem a um cristão de verdade), e o de reputação (conhecem um "cristão" que não tem a mente de Cristo).






IMPEDIMENTOS


Liderança que não encarna ideais e falta de mobilização do povo de Deus. Falar de liderança é falar de pastores, presbíteros, diáconos, ministros na várias áreas, professores, conselheiros, relatores, etc. Através da história, Deus tem chamado homens e mulheres para abençoar Seu povo.

No século 21 muita coisa tem mudado: igrejas querem dinheiro, não poder do Espírito; santuários cheios de pessoas, mas não de poder; animação, mas não renovação.

A liderança há de ter visão.


A LIDERANÇA E A PALAVRA DE DEUS



A liderança cristã não pode prescindir de utilizar a Bíblia Sagrada como fonte de reflexão, de meditação, de discipulado e caminho de vida. O desenvolvimento do Salmo 119 bem o demonstra. Afinal, a Bíblia se evidencia Palavra de Deus nas profecias e cumprimentos, em mostrar o ser humano em sua realidade e pelos seus efeitos na vida do homem que é transformado em discípulo de Jesus Cristo. 


Por essa razão, há o líder de nela meditar (Sl 1.1,2), de nela viver (v.3) e conhecê-la para crescer em graça (v.3).


OMO A PALAVRA DE DEUS TEM SIDO DESAFIADA


A proposta de um evangelho para o Terceiro Milênio.
Exemplo típico deste desafio à Escritura Sagrada e o seu ensinamento é o feito por Huáscar Terra do Valle em seu Tratado de Teologia Profana. No capítulo em que trata de "Além do Bem e do Mal", Valle explica que a moral do judaísmo se resume na expressão "Olho por olho, dente por dente", buscando provar com tal exposição que o Deus dos hebreus, é mau e vingativo. Javé é colocado no mesmo nível de Marduque dos babilônios, de Baal dos fenícios e outros deuses semitas. Civilizado é, no seu entender, o Zoroastrismo que prega a eterna luta entre o bem e o mal (Ormuz e Arimã) e a presença de Mitra, encarregado de ajudar o ser humano a lutar pelo bem.

Chega esse pensador à conclusão que a figura de Deus vem do fundo do inconsciente, referindo-se ao comando instintivo dos genes. Há uma tremenda carga emocional que inspira profundo respeito e é codificada para o entendimento do consciente como Deus onipotente, criador, etc. Expressão dessa carga emocional é o misticismo. Religião, diz ele, é uma adoração da própria raça, que são os genes, ou na figura de Deus ou na imagem dos ancestrais.

Pecado é a desobediência aos mandamentos dos genes, sendo, a rigor, um conceito tribal.


A proposta de uma nova moral. 


Tratando-se de uma nova moral para o Terceiro Milênio, não se pode negar a sobrevivência do mais apto, ou seja, daquele que soubesse compatibilizar os interesses do indivíduo com os da sociedade. As religiões nada fizeram para melhorar os padrões de moralidade da sociedade como um todo, visto que vivem confinadas em suas próprias doutrinas, e consideram os elementos de outras religiões como gentios ou pagãos.

A nova moral, como a nova religião, tem que ser universal excluindo apenas um grupo, os fanáticos. A idéia de Deus não é indispensável para um comportamento moral. A proposta é a de um código de ética baseado na ciência, pois a Astronomia mostra a insignificância do ser humano no universo; a Biologia, a Genética, a Teoria da Evolução e a Sociobiologia de mostram que o ser humano não foi criado à semelhança de Deus, e sim do macaco e de outros animais. Valle declara não acreditar em outra vida, por isso o céu deve ser procurado nesta, evitando, também que a vida se transforme em um inferno. O destino do ser humano é entregar aos descendentes os genes que recebeu dos antepassados, o que o transforma em uma máquina de sobrevivência apenas.


Igreja 


É a prostituição da religião. A verdadeira religião consiste em agir desinteressadamente, visando ao bem da coletividade, e não, entre outras coisas, citar a Bíblia, fazer sermões de duvidosa sinceridade, ou pagar o imposto do céu (o dízimo). Por isso, prescinde de Deus. O sentimento religioso pode ser transmitido de várias maneiras, sobressaindo-se a música, que é emoção pura. O arrebatamento religioso poderá vir por meio dela.


É PRECISO...


Resgatar o senso da soberania e majestade de Deus.
Ou seja, um conceito adequado de Deus e da sua doutrina. Porque homens e mulheres levaram Deus a sério, foram escolhidos para altas missões (Gn 6.9; 7.1; 12.1-3; Is 6.1ss); tiveram visões (2Rs 6.17; Ez 1); foram mães de grandes homens (1Sm 1.1ss; Jz 13.2,3; Lc 1.1ss). Deus não é algo, uma força ou uma influência. Mas, ensina a Escritura e a nossa própria experiência, uma Pessoa com quem podemos manter comunhão.

O Nome e o toque de Deus. O Deus à minha imagem e semelhança: o Deus Papai Noel, o Deus da Arte, o Deus-que-me-obedece, o Deus utilitário.

Quem é Deus? É o Deus único (Is 45.22; Dt 6.4); é o Deus que está presente (Ez 48.35); é o Deus Vivo, Santo e Verdadeiro.

Resgatar o senso da messianidade e da obra de Jesus Cristo.
A doutrina de Cristo, no Cristianismo, dá significado a todas as outras (Revelação, o Ser Humano, Igreja, Escatologia, etc.) Uma pergunta tão antiga quanto o evangelho é "Quem dizem os homens que eu sou?" (Lc 9.18,19).
* "O Homem Perfeito"
* "O Homem Ideal", modelo dos outros
* "A mais bela alma que jamais existiu" (Auguste Sabatier, filósofo francês)
* "Curvo-me diante de Jesus Cristo como diante da revelação divina do princípio supremo da moralidade" (Goethe)
* "Um grande mestre"
* "(Jesus com) seu perfeito idealismo, é a mais alta regra da vida, a mais destacada e a mais virtuosa. Ele criou o mundo das almas puras..." (Ernest Renan)
* "(foi Jesus quem) pôs à luz, pela primeira vez, o valor de cada alma humana e ninguém pode desfazer o que ele fez" (Harnack).

Pedro faz a confissão de fé evangélica ao dizer "o Cristo, o Filho do Deus Vivo" (Mt 16.16).

Um modo de reconhecer os atributos de Jesus Cristo é examinar os seus títulos no Novo Testamento:
Jesus ("Salvação do Senhor"),
Cristo ("Ungido"),
Senhor, Verbo ou Palavra, etc.

Resgatar o valor da Escritura Sagrada como norma de vida
Os estandartes da Reforma: Sola Gratia, Sola Fide, Sola Scriptura. O propósito da Bíblia Sagrada e dos seus registros: para que homens e mulheres venham a crer (Jo 20.31) e os crentes cresçam (1Pe 2.2,3).

A Palavra de Deus é viva e eficaz (Hb 4.12), e penetrante e apta.


Livros sugeridos

BLANCHARD, John. Aceptado por Dios. Edinburgh, El Estandarte de la Verdad, 1974. Trad. J.M. Blauch. 128 p.

BROWN, Lavonn D. Truths that Make a Difference. Nashville, Convention Press, 1980.

CHRISTIAN, C.W. Shaping your Faith. Waco, Word, 1973.
KNUTSON, Kent S. His Only Son Our Lord. Minneapolis, Augsburg, 1966.

LAMEGO, Maria J.R. e RAHM, Haroldo. Eu Sou Quem Sou. SP, Loyola, 1976.82 p.

NEILL, Stephen. Quem é Jesus Cristo? Rio, Confederação Evangélica do Brasil, 1961. Trad. L. A Caruso

SNOWDEN, Rita. Christianity Close to life. Glasgow, Collins, 1978. 57 p.

VALLE, Huáscar Terra do. Tratado de Teologia Profana. SP, Alfa Ômega, 1998. 349 p.

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