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segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

IV - OS OBJETOS DA PAIXÃO



Parte IV
OS OBJETOS DA PAIXÃO

Lucas 24. 13-35

 "Em seguida, os soldados do governador, conduzindo Jesus ao pretório, reuniram em torno dele toda a corte. E despindo-o, cobriram-no com um manto escarlate, e, tecendo uma coroa de espinhos, puseram-lha na cabeça. Na mão direita puseram um caniço e, ajoelhando-se diante dele, o escarneciam, dizendo: Salve, rei dos judeus! E, cuspindo nele, tiraram-lhe o caniço, e batiam-lhe com ele na cabeça. Depois de o haverem escarnecido, tiraram-lhe o manto, vestiram-lhe as suas vestes. E o levaram para ser crucificado" (Mt 27.27-31).



A rotina da crucificação havia começado. O verso 26 declara que depois de todo o sofrimento moral de Jesus, Pilatos, o Governador romano, mandara açoitá-lo. Depois da prisão (Mt 26.47ss), depois da passagem pelo Superior Tribunal Judaico (vv. 57ss), depois da negação de um dos Seus discípulos (26.69ss), depois do questionamento pelo Governador (27.11ss), Jesus é entregue aos soldados romanos (vv. 26,27; Jo 19.1-3). 

Agora é a vez dos soldados. Diz a Bíblia que Jesus foi despido e chicoteado (v. 28). Na realidade, foi flagelado. O flagelo ou açoite consistia de uma tira de couro largo com pedacinhos de osso e chumbo. Era comum o seu uso antes da crucificação de um condenado, quando o corpo ficava reduzido a uma só chaga. Alguns morriam durante a sessão de tortura; outros ficavam loucos, e poucos permaneciam conscientes. Pois Jesus foi entregue aos soldados, enquanto os últimos detalhes da malfadada pena eram preparados.

Há no relato acima transcrito (Mt 27.27-31) alguns objetos que chamam a atenção: o manto real, a coroa real, o cetro real e a cruz.



O REI ESCARNECIDO (Mt 27.27-31)





O Manto Escarlate.



João, em seu Evangelho, dá-nos o detalhe da flagelação, o que não é encontrado nos Sinóticos (Mateus, Marcos e Lucas). Encontra-se em 19.1-3. Após a sessão de flagelação, foi Jesus entregue para ser cumprida a pena. 

Diz a narrativa que os soldados fizeram uma paródia de um rei ao vestirem-no com uma capa vermelha (tirada de um deles), ao colocarem na Sua cabeça uma coroa de espinhos, e ao lhe darem um pedaço de caniço como se fosse o cetro de um rei. Continua o texto por dizer que Pilatos chegou a ter um momento de consciência (v. 4), para logo depois sair trazendo Jesus com a coroa de espinhos e o manto escarlate a fim de apresentá-lo ao povo sedento de violência, de sangue, do castigo sobre alguém.



A Coroa de Espinhos (v.29)



O próprio Jesus já havia anteriormente falado em espinhos (Mt 7.16; Mc 4.7). Os galhos com espinhos eram largamente usados como cercas (como as nossas de arame farpado), e como combustível (nos fogões de lenha).

Coroas, havia-as de todo tipo: de ramos de louro como símbolo de vitória entre os gregos e os romanos; havia coroas de ouro e de pedras preciosas. De espinhos, porém, só de brincadeira, brincadeira de mau gosto; de espinhos, só mesmo as de uma mascarada, como é o caso no episódio da prisão de Jesus.

A coroa, o manto e caniço feito cetro eram simbólicos do reinado de Cristo, do Rei dos reis feito Servo Sofredor. Apontavam para o futuro reino (Ap 17.4), embora o significado óbvio e original da coroa de espinhos tivessem sido a evidência da crueldade, brutalidade e zombaria da soldadesca. Por outro lado, o significado figurado e profético da coroa de espinhos é o símbolo do ministério terreno de Jesus Cristo, representando, ainda o caráter do evangelho: a humildade, a contrição, o arrependimento e a servidão, ao tempo que de paz, vitória e poder.



O SERVO SOFREDOR: A CRUZ (Lc 23.33-46)



Relatam os historiadores que a crucificação teve sua origem entre os persas. Destes passou aos cartagineses (povo de Norte da África de origem fenícia) e deles para os gregos e romanos. Narra a história que Alexandre, o Grande, certa ocasião ordenou que cerca de dois mil habitantes de Tiro, na Fenícia, fossem crucificados. O governo romano a usava com os rebeldes, escravos fugidos e criminosos.

O método da crucificação é retratado com clareza nos Evangelhos: o criminoso, já uma massa sangrenta por causa dos açoites, se resistisse era colocado na cruz para morrer de fome, sede, calor, fadiga e choque. Os que resistiam ficavam na cruz, às vezes, por dias, sujeitos à tortura das moscas e mosquitos nas feridas abertas e dos elementos: chuva, poeira, vento e Sol, além da dor física e moral. Foi isso o que Jesus sofreu por nós: dor e zombaria. 

O criminoso era levado pelo caminho mais longo de modo a ser visto pelo maior número de pessoas. Foi isso o que Jesus sofreu pelo ser humano. No entanto, a cruz significa a obra salvadora de Jesus Cristo. Paulo afirma que o evangelho da salvação é a palavra da cruz de acordo com 1Coríntios 1.18.



NO GÓLGOTA, TRÊS CRUZES (Lc 23.33-46)



A Cruz de Desprezo (v. 39). É a blasfêmia em pessoa o criminoso ao lado esquerdo de Jesus que se reúne às autoridades, aos soldados e ao povo que descrê de Jesus e dEle escarnece. A zombaria se centralizava nas afirmações feitas por Jesus e Sua aparente impotência na cruz.
Usavam a glória de Cristo para fazer mofa, como já haviam zombado de Sua realeza. O General Booth, fundador do Exército da Salvação, expressou com muita propriedade, "é precisamente porque Cristo não quis descer que nEle cremos".

A Cruz da Confiança (v. 42). O criminoso do Seu lado direito, o penitente, o arrependido, após recriminar o escárnio de seu companheiro, volta-se para Jesus numa atitude de fé, precisamente a atitude que torna possível a salvação. 

A Cruz do Perdão (v. 43). É a da redenção, da libertação. Observemos que Jesus não desceu da cruz, levando consigo o malfeitor arrependido. Não havia sentido em fugir à morte. Pelo contrário, a morte é apresentada sob uma nova luz, visto que é necessária para que se cumpra a promessa que fizera ao criminoso penitente. A morte não é uma derrota, mas experiência necessária para entrar na glória.

Oh, cruz do perdão!... O verso 34 expressa, "Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem". O perdão cristão é assombroso. Estevão também exclamou nos seus momentos finais, "Senhor, não lhes imputes este pecado"; Paulo instruiu os irmãos de Éfeso, "Antes sede uns para com os outros benignos, compassivos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus vos perdoou em Cristo" (Ef 4.32). O perdão de Jesus aos Seus juízes e carrascos é, sem dúvida, impressionante.

Ainda na cena da crucificação, a suprema lição de que nunca é demasiado tarde para vir a Cristo exemplificado pelo criminoso em seus momentos de agonia.

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