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quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

XV - O APOCALIPSE - Estudo I

Parte XV

O APOCALIPSE - Estudo I

(Parte 1) O Livro da Vitória


Autor(a): PR. WALTER SANTOS BAPTISTA

Pastor da Igreja Batista Sião em Salvador, BA - E-Mail: wsbaptista@click21.com.br


Estaremos penetrando na fascinante aventura de caminhar nas páginas do livro do Apocalipse, considerado por muitas pessoas como de difícil entendimento. É um livro fascinante pelo colorido, pelo grafismo, tendo o Espírito de Deus colocado na pena do apóstolo João a revelação de Jesus Cristo de tal modo que cores, figuras, números, tudo fala de um modo muito particular, porém preciso, por meio do simbolismo envolvido. Quase que sentimos os odores das batalhas, do mar, do fogo, dos incêndios, da fumaça, dos embates que se sucedem. Para algumas pessoas o Livro do Apocalipse tem sido misterioso, de árdua compreensão. Não o é, garantimos aos leitores.


Para os seus primeiros leitores, o Apocalipse era mensagem de fácil e cristalina compreensão. E pode ser o mesmo para nós. Só temos que saber como decodificá-lo. Assim fazendo, sua leitura se torna adequada, trazendo lições práticas para quem vive no século 21, apesar da distância que nos separa de João, a Igreja apostólica e suas circunstâncias. Mas é preciso entender, inicialmente, o que significa a "literatura apocalíptica".

A Literatura Apocalíptica Para os Crentes da Antiga Aliança

Antes do livro do Apocalipse ter sido escrito por João, já existiam outros livros que, no entanto, não foram canonizados, ou seja, não foram considerados sagrados e úteis para serem colocados no cânon ou rol dos livros da Bíblia. Apesar disso, há trechos nos livros proféticos que apresentam claramente as características desse tipo de literatura. É o caso do livro de Ezequiel, capítulos 1 e 2. Bastam esses dois capítulos para se ter uma idéia do que queremos explicar. Daniel, igualmente, é um profeta com características profundamente apocalípticas, como pode ser visto nos capítulos 2 a 4, o mesmo acontecendo com Zacarias, o penúltimo livro do Antigo Testamento. A partir do capítulo 1, há uma série de visões: oito ao todo até o capítulo 6.

Mas que características são estas da chamada literatura apocalíptica? Entendamos: um livro apocalíptico não é para ficar fechado e sem compreensão. Pelo contrário, o próprio nome da literatura já diz o seu objetivo. Apocalipse é uma palavra grega que se traduz como "revelação", como pode ser conferido em Apocalipse 1.1, a abertura do livro que explica de quem vem a revelação: "de Jesus Cristo"!

As principais características são o uso constante de números, cores, animais (alguns extrema e curiosamente estranhos e amedrontadores), cidades, pessoas, tudo muito simbólico, mas plenamente adequado. Veremos esta questão de números quando falarmos das igrejas que são 7, dos 144.000, dos 1000 anos. Cada cor tem um sentido. Alguns animais são efetivamente muito estranhos: nunca vimos um dragão, menos ainda com 7 cabeças e 10 chifres. Tudo é simbólico, e repassa uma lição dentro das funções para as quais o livro foi escrito.

Para o antigo Israel, o centro de atenção era a própria nação e a defesa de sua fé, de sua Lei, de sua existência como povo escolhido por Deus. No Novo Testamento (que é a aliança renovada no sangue de Jesus Cristo), o centro de interesse é a Sua Igreja, sua fortaleza e vitória, apesar de tudo: das perseguições, das heresias, dos martírios, do sangue derramado. O livro quer enfatizar que, apesar dos pesares, somos vencedores, com a vitória garantida por Jesus Cristo, Rei dos reis e Senhor dos senhores!

A Literatura Apocalíptica Para a Igreja do Período Apostólico

Para nossos irmãos da Igreja dos primeiros dias, no período apostólico, portanto, o livro do Apocalipse era uma maravilhosa mensagem de esperança. No fim do primeiro século da era cristã, viviam eles sob perseguição. Quem era cristão podia perder literalmente a cabeça, razão porque necessitavam desta mensagem de profunda esperança.

No fim do primeiro século viviam sob perseguição. Domiciano, o imperador romano, foi um terrível perseguidor da nascente Igreja Cristã. Famílias eram perseguidas, filhos separados de seus pais, adultos e crianças, mortos por causa da fidelidade ao Salvador.

Numa situação como essa, o encorajamento vinha em forma de exortação, de mensagens em código, em que o Maligno e tudo o que lhe era peculiar eram retratados com nomes ou figuras de fácil compreensão para os perseguidos. Códigos e símbolos também eram usados para Jesus Cristo, o Bem e tudo o que pertencia ao reino de Deus. Dá perfeitamente para entender o drama porque passavam e a palavra de esperança no meio da perturbação de que precisavam. O Apocalipse é sobre o tema da perseguição e vitória.

É preciso esclarecer que a perturbação não vinha só do governo imperial. Havia problemas dentro da própria comunidade cristã. Eram as heresias, que, aliás, são mencionadas no Apocalipse.

Temos, então, a destacar uma boa e uma má notícia. A má notícia é que tudo isso ainda hoje acontece. Temos perseguição velada, a mídia, jornais, TV perseguem terrivelmente os evangélicos, caricaturam-nos, inventam mentiras, os evangélicos históricos são colocados na mesmo balaio de grupos arrivistas e exploradores da fé popular.

A boa notícia é que temos uma fonte de fortalecimento no livro do Apocalipse, que, a despeito dos seus dois mil anos, tem mensagem de extrema atualidade, pois as perseguições (de outra forma, é verdade) e as heresias (com outras roupas) estão aí. Tudo está bem destacado nesse que é o livro dos símbolos divinos.

O Livro da Revelação

O que está relatado nos versos 1 a 8 do capítulo primeiro não é coisa pequena. Pelo contrário, são lições de altíssima importância, e as principais são que

O Salvador é Quem traz a mensagem de revelação e,
Ele mesmo, Jesus, é o centro de toda a mensagem deste livro tão cheio do brilho da glória divina.

Observe o modo como Aquele que faz a revelação, Jesus Cristo, é descrito. Note as expressões que João usou para descrever o Revelador. É "a fiel testemunha, o primogênito dos mortos e o príncipe dos reis da terra". E mais ainda: "Aquele que nos ama, e em seu sangue nos lavou dos nossos pecados". Estas expressões se encontram no verso 5.

O verso seguinte introduz outros belos conceitos como "e nos fez reino e sacerdotes para o Seu Deus e Pai". Jesus Cristo, por Sua vez, diz no verso 8, "Eu sou o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim, ... aquele que é, que era e que há de vir, o Todo-poderoso". Alfa é a primeira letra do alfabeto grego, Ômega é a sua última letra. É como disséssemos "Eu sou o A e o Z". Por isso, Jesus repetiu o conceito para ficar bem explícito: "(eu sou) o princípio e o fim". Realmente, nossa fé está em Jesus como esclarece a Carta aos Hebreus, "Olhando firmemente para Jesus, autor e consumador da nossa fé" (12.1). Tudo começa e tudo termina com Jesus Cristo!

Que sugestivas descrições do nosso Mestre... Não nos cansamos de cantar a fidelidade de Deus e de Jesus Cristo; não podemos parar de falar de Sua ressurreição dentre os mortos, e exaltamos Seu senhorio sobre todas as coisas. Seu amor é eterno, Sua salvação, perfeita nada deixando por fazer, e, por fim, nos escolheu nEle mesmo para sermos intercessores.

Sim; este é o nosso Salvador, Mestre e Senhor de nossas vidas! É o Autor e Consumador de nossa fé, a Quem esperamos na Sua majestosa e gloriosa Parusia, Sua Segunda Vinda!

Falando de Visões (Ap 1.9-20)

l Este é um trecho do primeiro capítulo do Apocalipse pleno de cores e rico de ensinamentos. Descreve a perturbação que dominou o apóstolo João ao ver o Cristo glorificado, e apresenta-nos a Pessoa de Jesus numa glória tão extraordinária que palavras humanas são pequenas demais para qualificá-la. Por esse motivo, João utilizou expressões como "voz como de trombeta", "olhos como chama de fogo", "voz como a de muitas águas", "rosto como o sol", etc., porque não tinha como descrever a grandeza e a majestade do que via.

Esse fato, levou o escritor a se utilizar de figuras estranhas e diferentes por lhe faltar conceitos mais lógicos, mais claros e, até, mais humanos. Não se esqueça, porém, que estamos num ambiente de códigos, sinais e criptografia (linguagem cifrada) que a Igreja daqueles dias podia entender com clareza.

Essa questão de linguagem cifrada é interessante. Na Segunda Guerra, o exército norte-americano estava tendo seus códigos decifrados pelos alemães. Ficaram os aliados muito prejudicados porque mensagens, ordens, movimento de tropas estavam sendo decodificados pelos adversários. Resolveram o problema utilizando soldados que eram nativos americanos, índios, portanto, que transmitiam as mensagens em sua língua tribal para um receptor que estava em outra área de combate, que retraduzia para o inglês e a entregava ao comandante. Não havia como os alemães entenderem o que era transmitido.

A criptografia é uma verdadeira ciência em nossos dias. Os bancos utilizam linguagem criptográfica, transações envolvendo milhões de dólares fazem uso da criptografia. (Continua)

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