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quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

III - O APOCALIPSE - Estudo 11

Parte III

O APOCALIPSE - Estudo 11

"Eis que vem com as nuvens..."


Autor(a): PR. WALTER SANTOS BAPTISTA

Pastor da Igreja Batista Sião em Salvador, BA - E-Mail: wsbaptista@click21.com.br


Um novo padrão de vida

Texto Bíblico: Apocalipse 20.1-10; 21.1-12; 22.1-5

A essa altura, já se tem percebido que as visões vieram num verdadeiro crescendo, e foram dirigidas para a vitória eterna de Jesus Cristo. Tudo o que foi dito no Apocalipse até este ponto vem demonstrar que Cristo tem domínio absoluto deste mundo: Ele é vencedor! O mundo não está à toa. Pelo que vem acontecendo neste mundo, até parece que está ao léu. A Bíblia mostra que Jesus Cristo tem o Seu domínio, e Sua eterna vitória é o tema dos restantes capítulos do livro.

Viemos registrando e anotando os diversos títulos de Jesus Cristo: Ele é "o Alfa e o Ômega", "a Fiel Testemunha", "o Primogênito dos mortos", "o Soberano dos reis da terra", "o que conserva na mão direita as sete estrelas", "o Cordeiro de Deus" e muitos outros que indicativos do Seu poder e senhorio.

O registro agora é o da prisão de Satanás, o Juízo Final e a Nova Jerusalém. É quando o Cristo Vitorioso vai estabelecer para sempre o Seu domínio para sempre e sempre, ou, para fazer uso da linguagem bíblica, "pelos séculos dos séculos".



Aqui se inicia a sétima e última visão do livro. Este capítulo e, sobretudo, o trecho acima destacado, tem sido considerado como objeto de muito debate. No seu verso 3, aparece a palavra central nestas discussões. É milênio, que significa um período de mil anos. A interpretação do que seja o "milênio" tem dado ocasião a que haja muita discussão e muitos artigos e livros sejam escritos por teólogos e pseudoteólogos.

Tem-se falado à larga sobre pré-milenismo, pós-milenismo e amilenismo, palavras técnicas que definem determinadas correntes de pensamento teológico sobre o milênio. O pastor Hercílio Arandas, veterano e experimentado pastor amigo e ex-ovelha, afirmou não discutir se seria pré-milenista, amilenista ou pré-milenista. Disse ele, um tanto jocosa, mas conciliadoramente, que preferia ser "pró-milenista", que dizer, "a favor do milênio". Estes termos não devem ser objeto de preocupação: eles não levam para o céu. Não é ponto de doutrina, pois não há uma doutrina batista sobre a escola milenarista abraçada por alguém. Excelentes e lindas personalidades cristãs, batistas e evangélicos de diversas denominações, santos homens de Deus, devotadas e santas mulheres apóiam as diversas posições. Não é ponto doutrinário, mas teológico.

Em pinceladas muito ligeiras explicamos: o pré-milenista admite que uma vinda de Cristo se dará antes da inauguração do reino que durará mil anos (o milênio), haverá um período de perturbação e finalmente uma terceira vinda de Cristo selará a vitória sobre o mal. Cristo volta, inaugura o milênio. Vamos entender: o pré-milenista acha que quando Cristo voltar antes do milênio (daí pré = antes), inaugura mil anos de paz quando Ele estará na terra reinando. Depois desse prazo, uma grande batalha (a do Armagedon, que se dará no Vale, Har, de Megido Magedon), a vitória de Cristo e o Juízo Final.

O pós-milenista prega que a expansão do evangelho se dará em tal progresso que o milênio se instalará suave e normalmente, após o que Jesus Cristo voltará. O evangelho vai sendo pregado em todo o mundo: na Armênia, na Sibéria, na Oceania, na África, na América Central, etc., e vai tomando conta dos corações fazendo toda a terra entrar no milênio. Só depois dos mil anos, Cristo volta, de onde o nome pós-milênio, "depois dos mil anos".

E o amilenista, prega o quê? Pode parecer que os adeptos da corrente amilenista ensinam que não existe o milênio, o que não é real. O amilenista prega que quando Jesus venceu Satanás na cruz, e mais ainda, na ressurreição, e ascendeu aos céus, o milênio começou. O milênio, convenhamos, é simbólico, porque o reino de Deus já está entre nós. Aliás, o ensino de Jesus é esse mesmo: "O tempo está cumprido, é chegado o reino de Deus. Arrependei-vos e crede no evangelho" (Mc 1.15 VIB). Como pode ser que Cristo já veio, exerceu Seu ministério entre a humanidade, venceu a morte, foi vitorioso sobre Satanás e não instala o reino? Ensinam, então, os amilenistas que o reino de Deus está estabelecido, o milênio, portanto, começou. É, porém, o que teólogos chamam de "já-ainda não", expressão que significa que o reino já chegou, mas ainda não está plenamente estabelecido. Cristo está em nós e nós estamos em Cristo. Já chegou, Cristo está em nosso meio, pois "onde se acham dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles" (Mt 18.20). E Cristo é o Rei e o reino, o próprio reino de Deus.

Você pergunta, se Cristo está entre nós, o reino já está estabelecido, por que ainda sofremos? Porque se passa fome, e há tanta perseguição? Por causa do ainda não. Estamos numa tensão no ponto em que os dois reinos estão paralelos:

2ª Vinda

Presente século ///////////////////////////

///////////////////////// Reino de Deus >

O "Presente século" (reino do maligno) ainda está em operação, afinal, "o mundo inteiro jaz no Maligno", adverte a 1 Carta de João 5.19b. Um dia, esse reino do mal tem fim: é quando Cristo retornar, permanecendo, eternamente, o reino de Deus. Essa é a pregação amilenista, que entende o "milênio" como um termo simbólico como outros tantos do Apocalipse, para dizer "plenitude, poderio, senhorio, exaltação plena, estabelecimento geral e total sem barreiras, sem reservas".

Entenda-se, portanto: o amilenista compreende que o número 1000 é um número conceitual, visto que 10 é um número de altíssimo valor espiritual, e 1000, com mais propriedade ainda, por ser 10 elevado ao cubo (10³). O milênio culminará no definitivo retorno (a Parusia) para arrebatar a Sua Igreja.

A vitória de Cristo sobre Satanás deu-se em diversos campos: Jesus o venceu na tentação do deserto. Venceu-o, por sinal, três vezes. A primeira tentação foi a da comida fácil e farta.

"Transforma estas pedras em pães..." (Mt 4.3). Bem que Jesus poderia transformado as pedras em brioches, baguetes, pães de seda, pães crioulos, pãezinhos de banquete, ou, mesmo, no simples pão árabe. Mas nada disso fez porque não iria entrar em acordo com Satanás, visto que "nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus" (Dt 8.3; Mt 4.4).

Veio, então, a segunda tentação: Satanás mostra a cidade de Jerusalém do alto do templo de Herodes. A sugestão é que Jesus salte do alto do templo para que os anjos o amparem. Para fundamentar, Satanás usa o Salmo 91.11,12. Com isso, Satanás quer sugerir que Jesus não precisa passar pelo Calvário, pois, com esse espetáculo público, veriam que Ele era o prometido Messias. Jesus também rechaçou Satanás.

É o momento da terceira tentação: do alto do monte, Satanás lhe mostra as cidades que Mateus chamou de "os reinos do mundo". Que cidades Jesus teria visto do monte da tentação? Se o monte foi o hoje denominado "monte da tentação", Ele viu Jericó, que fica bem próximo. Teria visto Jerusalém, Berseba, Betel, Hebrom, Belém. Satanás diz: "eu lhe dou tudo isso, se você me adorar de joelhos" (Mt 4.9). É o supra-sumo do abuso satânico, querer que Jesus o adore?! Jesus o põe no seu lugar ao dizer "Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a ele servirás" (Mt 4.10).

Satanás foi vencido também no Getsêmani quando Jesus vendo iminente a cruz, a Sua humanidade falou bem alto. Ele, plenamente humano, tanto quanto nós, chegou a uma situação chamada em linguagem médica de hematidrose, em que a pessoa verte sangue pelos poros. A Bíblia registra este fato de tanta angústia que abrigava em Seu coração, e Satanás podia ter aproveitado aquele momento. Jesus até disse, "Pai, se queres afasta de mim este cálice...", "Passe de mim este cálice", diz outra tradução (Lc 22.42). Mas, passar para quem? A missão de Jesus era precisamente ir para a cruz, morrer por nós para que tenhamos a eterna salvação. E Jesus completou o

pedido, "todavia não se faça a minha vontade, mas a tua", e com isso derrotou o Inimigo! Jesus foi vitorioso sobre Satanás na cruz quando parecia estar derrotado, e tudo parecia absolutamente perdido. O que veio salvar o mundo, morreu estupidamente naquela horrorosa cruz como um criminoso qualquer?!... Na cruz, no entanto, Jesus declarou, "Está consumado" (Jô 19.30), ou seja "Nada deixei por fazer; tudo está plena e perfeitamente realizado".

Mas, especialmente, Ele o venceu quando ressuscitou na manhã do primeiro dia da semana, que por isso, se tornou o "Dia [da ressurreição] do Senhor, o "Dia do Senhor", o Dies Dominica, o Domingo!

Foi naquele momento, que o anjo, que tinha na mão a chave do abismo e uma grande corrente, segurou o diabo. Um ex-professor meu do Seminário Batista do Recife, o grande mestre Harald Schaly, dizia que Satanás era um enorme cachorro. Imagine um imenso fila brasileiro. Está amarrado numa corrente muito grande: seu campo de ação é grande. Se alguém entrar onde o cão pode pegar, está perdido. Se ficar fora, não pega. Dr. Schaly dizia que Satanás é esse cachorro amarrado no abismo. É chamado, até, de "a antiga serpente" e "o dragão". Mas o feio e feroz dragão virou lagartixa nas mãos do anjo que o prendeu no abismo por mil anos. O que vemos no mundo hoje, o "já-ainda não", são os urros de uma fera acorrentada, que não têm comparação com o que pode fazer estando solto, como diz o verso 3, "por um pouco de tempo".

Graças Deus, tudo isso vai acabar. É só olhar o que vem depois de Satanás preso pelos mil anos: ele é vencido para sempre (v. 10), vem o juízo final (vv. 11-15), e dá-se a descida da Nova Jerusalém.



Este capítulo traz uma encantadora e fascinante descrição da comunhão entre Cristo e Seu povo.

Esse é o modo apocalíptico de falar de comunhão, e como o povo de Deus e o Senhor estarão entrosados e unidos. É quando o Apóstolo, continuando a última visão, relata a descida da nova Jerusalém, a cidade santa, descendo da parte de Deus, gloriosamente iluminada, enfeitada, bonita, como uma noiva no dia do casamento.

A propósito, há visão mais bonita que uma noiva no dia do seu casamento? Nos dias de casamento, não olho tanto para a noiva, mas, sim, para o noivo. Seus olhos brilham quando vê a noivinha chegando, a face se ilumina. Imagino Jesus Cristo e Sua noiva, a Igreja.

Até agora viemos falando de noiva, agora, porém, ocorre o casamento. Entre os hebreus antigos e os árabes, os orientais de modo mais amplo, a situação é interessante. Primeiro que a festa não dura só uma noite, mas, no mínimo, sete dias. Era uma semana de cama e mesa de graça. No dia do casamento, havia um cortejo formado pelos amigos do noivo que o acompanhavam, e, por outro lado, as companheiras da noiva, com muita música e danças, e outras expressões festivas (cf. Mt 25.1ss). É o que está retratado aqui: a nova Jerusalém vai chegar "adereçada como uma noiva ataviada para o seu noivo".

Estamos, então, chegando ao ponto culminante da história humana: o Mal vencido e o Bem se estabelecendo de uma vez por todas. Na verdade, a história fez um círculo completo. Com permissão dos professores de história e de filosofia, a história não é tão linear como parece, mas circular, por isso, faz uma volta completa para o tempo inicial de antes do pecado dos primeiros pais. Volta para o tempo quando tudo era pacífico, calmo, sereno, tranqüilo, sem malícia, e Deus visitava os habitantes do jardim primitivo na "viração do dia"; quando ainda não havia chegado a noite, porém não existia mais o calor e a luz do dia. Era quando havia intensa e profunda comunhão.

João ouviu uma voz que proclamava que o tabernáculo (a tenda, a cabana, a casa, a habitação) de Deus estava sendo armado no meio das habitações dos seres humanos (21.3, cf. João 1.14). E essa comunhão perfeita de Deus conosco, baseada na misericórdia e favor divinos para com os homens e mulheres, afastando, como afasta, todo sinal de tristeza, de dor e sofrimento, porque tudo isso faz parte da antiga vida, não da vida em Cristo. Agora, porque estamos em Cristo, "as velhas coisas já passaram, e tudo se fez novo" (2Co 5.17). A palavra do que está no trono é, por sinal, essa mesmo: "Eis que faço novas todas as coisas" (v. 5).

De agora em diante, não há mais cabimento em falar do Mal. O centro da visão é o Cristo exaltado no Seu trono, é Seu senhorio sobre todas as coisas, Sua autoridade e poder nos céus e na terra, Seu consolo e comunhão com Seu povo.

A nova Jerusalém (Ap 21.9-22.5)

O Bem é o Bem, mas o Mal é o travesti do Bem, parece o Bem, mas não o é. A Igreja é a noiva de Cristo; a Grande Prostituta é a noiva do Anticristo. De um lado, está a Nova Jerusalém, a cidade santa; do outro, Babilônia, a cidade da corrupção, pecado e blasfêmias. Outro paralelo é, do lado do mal, os cavalos branco, vermelho, amarelo e preto, seus cavaleiros e todo o catálogo de maldades, flagelos e desgraças; e da parte do Senhor, toda a consolação, as bênçãos e a Sua graça e misericórdia.

Há uma curiosa arquitetura na Nova Jerusalém. Uma alta muralha com 12 portas com os nomes das tribos de Israel, guardada cada uma por um anjo. 12 eram os fundamentos da muralha e sobre eles os nomes dos 12 apóstolos. Isso significa que a Igreja de Cristo está fundada sobre a pregação dos profetas, sobre o povo da Antiga Aliança, sobre os apóstolos e sua pregação, e o povo de Deus da Nova Aliança.

A cidade é quadrangular, sendo que o comprimento, altura e largura são iguais, ou seja, um cubo como o Lugar Santíssimo descrito em 1Reis 6.20. E vem a descrição dos metais e pedras preciosas: de jaspe, a estrutura; de ouro puro, a cidade. Cada fundamento tem uma pedra preciosa; as portas são pérolas; de ouro puro é a praça da cidade. Mas não havia necessidade de construir um santuário, porque o El Shadday (Deus Todo-poderoso) e o Cristo são o próprio santuário desta cidade tão magnificente.

A iluminação não é fornecida pela COELBA, CELPE, ESCELSA, CEMIG ou pela Light mas sim pela própria kavod (glória) e pelo Cordeiro de Deus. O abastecimento de água não é da EMBASA, COMPESA ou companhia de abastecimento, mas pelo rio da água da vida.

Pois é; o círculo está se fechando, porque tudo o que havia no relato inicial da história teológica da humanidade voltou. É realmente encantador o relato do que nos aguarda! Toda essa linguagem simbólica existe porque as palavras humanas são fracas demais para descrever a beleza da santidade de Deus e o novo padrão de vida que nos aguarda! Por essa razão, o livro termina com um convite: "E o Espírito e a noiva dizem: Vem. E quem ouve, diga: Vem. E quem tem sede, venha, e quem quiser, receba de graça a água da vida" (22.17), porque essa descrição encantadora não pode ficar fechada, mas tem que ser divulgada, exposta, aberta, colocada diante à disposição de todos, e a Igreja tinha uma palavra de ordem: Maranata! (v. 20b). Ela quer dizer, "Vem, Senhor; volta, Senhor!" E você pode, igualmente, dizer isso: "Vem, Senhor Jesus, para a minha vida! Toma-me e usa-me!".

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