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quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

VII - O APOCALIPSE - Estudo 7

Parte VII

O APOCALIPSE - Estudo 7


"Eis que vem com as nuvens..."


Autor(a): PR. WALTER SANTOS BAPTISTA

Pastor da Igreja Batista Sião em Salvador, BA - E-Mail: wsbaptista@uol.com.br



O livro doce e as duas testemunhas


Texto Bíblico: Apocalipse 10.8-10; 11.3-12 





Entre a sexta e a sétima trombetas, há uma pausa. O mesmo já havia acontecido entre o sexto e o sétimo selos (veja o capítulo 7). Temos um padrão: entre a sexta e a sétima trombetas, uma interrupção. O objetivo desta pausa é apresentar a próxima trombeta como sendo de importância especial, é fazer um suspense dentro do livro do Apocalipse.



Trovões e livrinho (Ap 10.8-10)

O centro de atenção desta pausa é um livro que está mencionado no verso 2, "Ele [o anjo] segurava um livrinho, que estava aberto em sua mão". Este livro tem algo escrito. Que vamos encontrar?

A mensagem deste pequeno capítulo (apenas onze versículos) é que, apesar de toda essa violência, destruição e recusa de receber a graça de Deus, a situação não pode nem vai continuar deste modo. Nosso Deus não pode permitir, não vai permitir, e assegura-nos aqui que este estado de coisas não pode continuar desta maneira. Por isso, o anjo que, envolvido pela nuvem, havia descido do céu trazendo um livrinho, com o arco-íris sobre a cabeça, a face resplandecente como o Sol e as pernas como colunas ardendo, de fogo, põe o pé direito sobre o mar e o esquerdo, sobre a terra, e brada com uma forte voz. Imaginem um gigantesco anjo vindo a nossa cidade, e colocando o pé direito na Baía de Todos os Santos e o esquerdo sobre a terra, na região do Comércio, começa a bradar com uma voz muito forte como se fora um trovão.

Tendo isso acontecido, sete trovões falaram, ou seja, a idéia de algo grandioso, majestoso e completo. Uma voz vinda do céu disse ao espantado João, no exato momento quando ia registrar o que havia presenciado, que mantivesse em segredo o que havia ouvido. Fala o anjo e profetiza que não haverá demora para que as últimas coisas aconteçam.

Não parou nessa palavra o que o anjo tinha a dizer, e, então, recomenda o Vidente a tomar o livrinho que está na sua mão e o comesse. Esse livro tem a qualidade de ser doce na boca, porém amargo no estômago. Há comprimidos que são docinhos na boca, mas saindo a agradável camada doce são horrivelmente amargos. É um paralelo com o que aconteceu a João. A exortação que vem a João é que ele profetize a respeito do que há de acontecer a povos, nações e governantes.

Por que o livro apresentava esse contraste: ser doce na boca e amargo no ventre? Sem dúvida, dá para compreender que o lado doce e suave do livrinho é a salvação e seus suavizantes, salutares e curativos efeitos. Realmente, a salvação e algo de mais saboroso que pode acontecer a uma pessoa. Quando alguém reconhece Jesus Cristo como Salvador pessoal, há uma transformação que o leva a sentir o mundo de um modo suave, absolutamente doce. O lado amargo do evangelho, o lado amargo desse mesmo livro, representa a promessa de julgamento nos termos de João 3.36, que ensina, "Por isso, quem crê no Filho tem a vida eterna; o que, todavia, se mantém rebelde contra o Filho não verá a vida, mas sobre ele permanece a ira de Deus". Não é terrível? O lado doce é a pregação, por essa razão, eu não me canso de pregar, de anunciar que Jesus Cristo é o meu Salvador, que Ele tem salvação suficiente e eficiente para todo aquele que crê. Mas a minha lamentação é por aquele que não crê. É o meu lado amargo: sinto uma enorme amargura na boca, no estomago quando verifico que a mensagem do evangelho é tratada levianamente por quem a ouve. Uma mensagem de renovação, de eternidade, até. Mas quando recusada, traz ao pregador uma amargura sem dimensão.

Algumas reflexões

É um capítulo tão pequeno, e, no entanto, apresenta fatos relevantes, como a chamada de João e a ordem que ele recebe de pregar o evangelho. Sua vocação está nos versos 8 a 10, quando ele é encorajado a comer o livrinho.

Esta figura ("comer a palavra") já havia aparecido na Escritura Sagrada como ocorre em Jeremias 15.16 ("Quando as tuas palavras foram encontradas, eu as comi; elas são a minha alegria e o meu júbilo, pois pertenço a ti, Senhor Deus dos Exércitos"). O profeta Jeremias já havia experimentado esse mesmo livrinho. Em Ezequiel 3.1-3, está dito: "E ele me disse: 'Filho do homem, coma este rolo; depois vá falar à nação de Israel'. Eu abri a boca, e ele me deu o rolo para eu comer. E acrescentou: 'Filho do homem, coma este rolo que estou lhe dando e encha o seu estômago com ele.' Então eu o comi, e em minha boca era doce como mel". Ezequiel, portanto, menciona que havia compartilhado deste mesmo livro, que, sem dúvida, todos nós já temos comido, e tem sido doce na nossa boca, a salvação, e amargo no nosso ventre, a recusa dessa mesma bênção.

O significado é claríssimo: o pregador da mensagem deve experimentar o doce e o amargo da pregação que salva, o lado prazeroso e o sofrimento de pregar o juízo de Deus. Como conheceremos a felicidade e a doçura de ter os pecados perdoados e da comunhão eterna com Cristo, se não absorvermos a Santa Palavra? Como saberemos do destino final do ímpio, de sua eterna separação de Deus, se não experimentarmos o fel e o gosto de absinto, o amargor dos resultados da mensagem de salvação rechaçada?

A outra reflexão tem a ver com a conseqüência de sua chamada. Estamos falando da missão que lhe foi confiada: "É necessário que ainda profetizes a respeito de muitos povos, nações, línguas e reis" (v.11). Jeremias e Ezequiel também ouviram comissões como essa (cf. Jr 15.16-18 e Ez 2.9-3.9).

Todos, em todos os lugares, de todas as línguas, do governante da nação ao mais simples, ao povo comum, todos têm o direito de ouvir a mensagem que salva. Todos, em todos os países, de todos os dialetos e sotaques, do palácio do governo à pessoa mais simples que passa na rua ou se deita nas calçadas têm a grave responsabilidade de ter a ocasião de dizer "sim" ou dizer "não" ao Deus misericordioso que chama, clama, bate à porta e convida, num gesto de ternura, carinho e graça, que não é outra coisa senão o amor que não merecemos, mas que Ele nos dá.

As duas testemunhas (Ap 11.3-12)

Vem agora a segunda parte do intervalo entre a sexta e a sétima trombetas. Não podemos, porém, esquecer que a ênfase é a urgência da proclamação. O evangelho que pregamos tem regime de urgência urgentíssima, não pode ser retardado, demorado. É a necessidade de arrependimento, de conversão, porque Cristo em breve vem. E o verso 6 do capítulo 10 declara, "Já não haverá demora".

Os versículos 3 a 6 deste capítulo dão um retrato da Igreja de Cristo na figura de duas testemunhas, que representam também a totalidade da Igreja, a do Antigo Testamento e a do Novo Testamento. Como são descritas essas duas testemunhas?

¨ "Vestidas de pano de saco", símbolo de humildade e arrependimento (v. 3b);

¨ expelindo fogo pela boca se alguém pretender causar-lhes dano; é figura do poder do evangelho (v. 5a);

¨ tendo autoridade sobre o céu para impedir as chuvas durante a sua pregação, como agente do Todo-Poderoso (v. 6a);

¨ tendo autoridade sobre as águas para convertê-las em sangue, confirmando sua condição de agência do reino de Deus (v. 6b).

Discute-se muito sobre quem seriam as duas testemunhas. Há quem afirme que são Moisés e Elias, até porque ambos exerceram a autoridade de realizar sinais: descer fogo do céu, transformar água em sangue, ou impedir que chovesse.

A verdade é que não é fácil ser testemunha do evangelho de Cristo, razão porque os versos 7 a 9 mencionam que são mortas e expostas à curiosidade do povo. A oposição ao evangelho sempre haverá, pois, "a besta que surge do abismo pelejará contra elas, e as vencerá, e matará" (v.7). Porém, diz a Escritura Sagrada que Deus não permitirá que nossa alma veja a corrupção, e, deste modo, a gloriosa ressurreição vai acontecer, e o arrebatamento nos levará ao Senhor, como declaram os versos 11 em diante: "... um espírito de vida, vindo da parte de Deus, neles penetrou, e eles se ergueram sobre os pés, ... e as duas testemunhas ouviram...: Subi para aqui. E subiram ao céu numa nuvem..."

Não podemos deixar de dizer agora: Glória a Deus! A vitória é dEle que não deixará que nossos corpos vejam a corrupção, e seremos arrebatados como as duas testemunhas o foram. Passou o segundo "ai!"

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