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quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

XIII - O APOCALIPSE - Estudo 2

Parte XIII


O APOCALIPSE - Estudo 2

(Parte 1) Cartas às Igrejas da Ásia


Autor(a): PR. WALTER SANTOS BAPTISTA

Pastor da Igreja Batista Sião em Salvador, BA - E-Mail: wsbaptista@click21.com.br


(Ap 2 e 3) - "Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas" (Ap 2.7b)


Sete cartas foram escritas a partir da visão inicial. A ordem dada ao apóstolo João foi explícita: "O que vês, escreve-o num livro, e envia-o às sete igrejas que estão na Ásia" (1.11), que são as seguintes: Éfeso, Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Sardes, Filadélfia e Laodicéia. A ordem, repetida em 1.19, desfaz no verso seguinte o primeiro mistério: as sete estrelas na mão direita do Cristo glorificado são os pastores destas igrejas (chamados de "anjos" na linguagem do Apocalipse) e os sete candelabros de ouro são as próprias igrejas. É fácil entender porque.

"Anjo" é palavra transliterada e vem da língua grega, como outras tantas. Nesta, angelos significa "mensageiro". Quem traz a mensagem de Deus para a igreja? O pastor. Quando alguém ora pedindo as bênçãos da igreja sobre o "anjo da igreja", ou seja o "mensageiro da igreja", está se referindo ao pastor. Na língua grega moderna, "carteiro" é angelos.

Os candelabros de ouro, são aqueles de sete braços (menorah, sing., menoroth, pl.).

Éfeso, a Cidade Desejável (2.1-7)

Apesar de serem as cartas destinadas a igrejas localizadas em cidades bem conhecidas, a quantidade de igrejas é significativa. Na linguagem bíblica, e, ainda mais, na linguagem em código do Apocalipse, 7 (sete) não é apenas um número entre outros, não tem apenas valor aritmético ou de quantidade. Para o mundo bíblico, os números têm valor moral e espiritual.

Isso significa que 7 significa "completo" ou "plenitude". A semana foi feita em seis dias, com o descanso do sétimo dia, temos a obra completa da parte de Deus. "Sete igrejas" é a soma conceitual das comunidades cristãs no mundo, inclusive a igreja local onde o leitor congrega; "sete anjos" é expressão que representa a plenitude dos pastores que há no mundo. São as igrejas e seus pastores com o que têm de forte e de fraco, com suas virtudes e defeitos, com o seu lado bom e o seu defeituoso, o que, por sinal, é destacado e definido em cada carta. Cada carta apresenta o lado correto e o lado problemático da igreja.

A estrutura das cartas é a mesma para todas: o remetente se identifica, demonstra conhecimento do ambiente externo e interno da igreja, faz exortações e promessas.

Éfeso, nome que significa "Desejável", era uma cidade com dois importantes destaques: era porto, tendo como conseqüência ser uma conceituada cidade comercial, e era, igualmente, centro de uma terrível idolatria, que era o culto à deusa Diana, também chamada Ártemis, onde um templo lhe fora dedicado. Este templo é considerado uma das sete maravilhas do mundo antigo. A deusa Diana, por sua vez, era chamada "a Mãe dos Céus", e seu culto era caracterizado pela orgia e licenciosidade, visto que era um culto de fertilidade. A estátua que a representava era a de uma mulher belíssima, mas horrorosa num aspecto: seu tórax e ventre eram cobertos de seios, para simbolizar a fertilidade.

À igreja cristã da cidade de Éfeso, Cristo glorificado se identifica como "aquele que tem na mão direita as sete estrelas, que anda no meio dos sete candeeiros de ouro" (v. 1). É o Senhor que detém o poder e está presente na vida e nas ações da igreja, pois, diz Ele, "Conheço as tuas obras. E o teu trabalho, e a tua perseverança". Sabe das excelentes qualidades daquela igreja que fora pastoreada pelo próprio apóstolo João (cf. vv. 2, 3).

Cristo passa a fazer exortações: "... deixaste o primeiro amor. Lembra-te de onde caíste! Arrepende-te..." (vv. 4, 5). A igreja tendo perdido o seu primeiro amor, passou a amar o comodismo, ao tempo que deixou de ser altruísta, vivendo para si e para o seu egocentrismo.

Tornou-se mundana, prejudicada pela facilidade de viver uma vida sem maiores compromissos com Cristo Jesus. É o que acontece quando uma igreja deixa de ter compromisso com o seu Senhor.

No entanto, no evangelho, há sempre oportunidade para quebrantamento e mudança de direção. Como são importantes no verso 5 estas exortações: "Lembra-te...", "Arrepende-te..." e "Pratica..." E não pode haver tolerância com as heresias, como a mencionada no verso 6: a dos nicolaítas. Tudo isso vale para a igreja de hoje.

Quem eram os nicolaítas? Tudo o que foi dito para aquele tempo vale para hoje. Eram eles os que dentro da igreja defendiam a absoluta sujeição dos leigos em relação aos bispos ou pastores das igrejas, a organização de um regime dentro da igreja que como os outros governos, estabelece leis, regras, normas, práticas para o povo. É agir pela mente e egoísmo humanos; é usar o recurso do governo humano em vez das ordenanças da Palavra de Deus e da sensibilidade para ouvir o Espírito de Cristo. É a mentalidade política posta a serviço do mando, comando e desmando, prática que está entrando em algumas ditas igrejas e comunidades evangélicas, quando até o namoro de um casalzinho da igreja ou comunidade só acontece se o pastor permitir.

Como termina esta carta: "Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas. Ao que vencer..." [Se apesar de tudo, você passar incólume, que vai acontecer?] "... dar-lhe-ei a comer da árvore da vida, que está no paraíso de Deus". É só o que queremos: vida sobre vida, graça sobre graça, e bênção sobre bênção!

Esmirna, um Perfume Suave (2.8-11)

Cristo Se apresentou a essa igreja de modo diferente. Ele é "o primeiro e o último, o que foi morto e reviveu" (cf. 1.8, 17b, 18). Ele identifica esta igreja como atribulada, pobre (apesar de rica) e marcada pela blasfêmia interna. Esmirna era, como Éfeso, uma cidade rica, e centro religioso. Seu nome quer dizer "Perfume Suave". No entanto, sua religião, não era o culto a Diana ou a qualquer deus da mitologia grega ou romana. Cultuado era o próprio imperador, o que significava que deixar de cultuá-lo era crime contra o próprio Estado romano, crime chamado de lesa-estado ou lesa-majestade, passível de ser punido com a morte.

A igreja de Esmirna não estava fria como a de Éfeso que havia deixado o primeiro amor.

Seu problema eram as perseguições e calúnias que viriam, razão porque precisava de forças, de poder espiritual para suportá-las (cf. v.10). E realmente isso aconteceu anos depois: Diocleciano, o imperador de Roma, moveu uma perseguição que se iniciou em 303 e durou até 313, dez anos chamados de "dez dias" em 2.10, quando o cristianismo passou a ser reconhecido com religião do Império Romano por Constantino.

É nesse contexto que vem uma das mais citadas frases da Bíblia Sagrada: "Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida" (v.10b), que realmente quer dizer "sê leal e perseverante até o ponto de dar a tua vida, e receberás como recompensa a glória da abençoada ressurreição ao lado do Senhor".

Pérgamo, a Elevada (2.12-17)

A importância de Pérgamo, nome cujo significado é "Altura, Elevação", era mais política e religiosa que econômica. A ênfase religiosa estava no culto ao imperador. Haja vista o grande número de templos que lhe eram destinados. Era uma arriscada aventura ser cristão na cidade de Pérgamo por esse motivo. Era ali que estava o trono de Satanás e o lugar de sua habitação (cf. v. 13). Além do imperador ser cultuado, havia outros quatro cultos: a Zeus, a Atenas, a Dionísio (o Baco dos romanos), e o Culto de Esculápio (Asclépio), o deus da Medicina. Era uma cidade altamente mística.

Não sabemos exatamente o que era o "trono de Satanás" do verso 13. Mas o leitor pode escolher a mais razoável das idéias que serão apresentadas, porque nem os especialistas afirmam com segurança sobre isso:



Há quem diga que foi um altar levantado ao imperador César Augusto, refere -se ao culto do imperador;


Uma colina na cidade com muitos altares aos deuses pagãos;


O altar dedicado a Zeus cuja base tinha 240m de altura, um verdadeiro edifício com o altar em cima;


Poderia ter sido a adoração do deus da Medicina, Esculápio, cujo símbolo era uma serpente, uma cobra. Perguntem aos médicos porque o símbolo da arte médica são duas cobras a verdadeira interpretação. Contaram-me que é porque se o paciente viver, o médico cobra; se morrer, o médico cobra...


Talvez toda a cidade fosse o "trono de Satanás".

O fato é que interessa-nos a igreja, e nela havia heresias. Estavam presentes naquela comunidade os que seguiam a doutrina de Balaão (v. 14) e os nicolaítas (v. 15), os mesmos de Éfeso.

Os seguidores da doutrina de Balaão são os aproveitadores que querem tirar vantagem da igreja! São os mercenários, os enganadores do povo crédulo, que, como o falso profeta Balaão, queriam exercer o ofício profético, apostólico e pastoral a troco de vantagens pecuniárias. Havia prostituição, idolatria e coisas assemelhadas na igreja de Pérgamo. Já que Satanás não pôde destruir a igreja, procurou corrompê-la, pois não pode existir arma mais eficaz a favor dos planos do Inimigo-de-nossas-almas que uma igreja sem testemunho, corrupta, cheia de pessoas não-convertidas, como o mundo atual tem visto com intensa freqüência.

A exortação feita pelo Senhor é muito direta e dura. Ele diz: "Arrepende-te, pois! Se não em breve virei a ti..." (v. 16). Essa exortação é para nós também, sem dúvida.

(Continua)

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