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quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

XI Trono Celestial"

Parte XI

Trono Celestial"

Autor(a): PR. WALTER SANTOS BAPTISTA

Pastor da Igreja Batista Sião em Salvador, BA - E-Mail: wsbaptista@click21.com.br


Apocalipse 4

"Digno és, Senhor nosso e Deus nosso, de receber a glória, a honra e o poder, pois tu criaste todas as coisas, e por tua vontade existem e foram criadas" (Ap 4.11) 




A partir deste ponto, o apóstolo João passa a relatar as coisas que se sucederão de acordo com o que fora prometido no capítulo 1.19 ("Escreve, pois, as coisas as coisas que tens visto, e as que são, e as que depois destas hão de acontecer") e esclarecido em 4.1: "Depois destas coisas, olhei, e vi que estava uma porta aberta no céu, e a primeira voz que ouvi, como de som de trombeta falando comigo, disse: Sobe para aqui, e te mostrarei as coisas que depois destas devem acontecer."

A soberania de Jesus Cristo é retratada, como no capítulo primeiro, de modo muito dinâmico e extremamente colorido, encerrando-se o relato com um hino de profunda reverência, adequadíssima introdução a todo o drama que vem a seguir.

A majestade de Jesus Cristo (4.1, 3)
No hino 16 do hinário O Cantor Cristão, o poeta colocou a seguinte expressão:
"Oh! vinde adorar o excelso e bom Deus,
eterno Senhor, da terra e dos céus,
que reina supremo, envolto na luz,
e que se revela em Cristo Jesus!
Essa é a afirmação de todo o capítulo 4 do Apocalipse, que assegura uma verdade da qual a Palavra Divina não abre mão. A grandeza de Cristo é descrita com as reveladoras palavras: "...um trono estava posto no céu, e alguém assentado sobre o trono. E o que estava assentado era, na aparência, semelhante a uma pedra de jaspe e de sardônio, e ao redor do trono havia um arco-íris semelhante, na aparência, à esmeralda".

E prossegue o registro colocando em evidência quão magnífica é a visão da própria glória (kavod) de Deus manifestada na presença (shekinah) no trono da graça divina.

É importante que tenhamos sempre na mente os terríveis tempos em que este livro foi escrito. Não esqueçamos que o Apocalipse foi escrito numa época de perseguição. O imperador romano era tido como um deus. Ele, somente ele podia ser exaltado. Era soberano, e exigia dos súditos todo o louvor. A pompa dos seus palácios não encontrava rival; o trono em que se sentava, magnífico e esplendoroso. O César (título dado ao imperador de Roma) não podia dividir sua pompa e circunstância com qualquer outro deus. Menos ainda com um mestre israelita a Quem algumas pessoas chamavam de Filho de Deus... Ora, diziam, não tinha cabimento algum... Decorre de tudo isso um imenso perigo para os cristãos que não dividiam a sua lealdade a Jesus Cristo.

Observe que nos dias de hoje também há "deuses" buscando a adoração exclusiva. O deus da fama é um deles. Quantas meninas têm feito sacrifícios inimagináveis para ter o que chamam de "corpo de modelo", algumas beirando doenças como a anorexia nervosa e a bulimia para ficarem macérrimas como pede o sacrifício do altar da fama. Algumas, de origem evangélica, entregando-sem ao Moloque deverador que é o mundo das celebridades. Pois é; a fama é um deus exigente e que exige sacrifícios de suas vítimas, ou melhor, adoradores...

O orgulho não é um deus impiedoso? Aliás, vamos e venhamos, o orgulho anda tomando conta das igrejas. Alguém me relatou que num determinado programa de TV chamado evangélico, Cristo ficou por trás e o pastor ficou na frente fazendo sombra a Cristo. Não se diz mais como Paulo: "Longe esteja de mim gloriar-me, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo..." (Gl 6.14). Há ministros ("Apóstolos"?! "Bispos"?!) que deixaram de se esconder atrás da cruz de Cristo, pois Cristo é escondido e obscurecido por eles e a fama que adquiriram?! O que desejam é o status! E o poder não é um tremendo deus? E o dinheiro?

No entanto, é de se observar que o livro do Apocalipse é sobre vitórias: a de Jesus Cristo sobre o Mal e a nossa vitória em Cristo, razão porque este trono celestial é apresentado tão cheio de efeitos, de ruídos, de vozes, de tochas, e de seres tão estranhos quanto plenos de lições. Magnífico, portanto!

Reverentes perante o Senhor (4.4-8)

"Ao redor do trono também havia 24 tronos, e vi assentados sobre os tronos 24 anciãos, vestidos de branco, que tinham nas suas cabeças coroas de ouro. Do trono saíam relâmpagos, vozes e trovões. Diante do trono ardiam 7 lâmpadas de fogo, as quais são os 7 espíritos de Deus. Também havia diante do trono como que um mar de vidro, semelhante ao cristal, e ao redor do trono, um ao meio de cada lado, quatro seres viventes cheios de olhos por diante e por detrás. O primeiro era semelhante a um leão, o segundo semelhante a um touro, o terceiro tinha o rosto como de homem, e o quarto era semelhante a uma águia voando. Os 4 seres viventes tinham, cada um, seis asas, e ao redor, e por dentro, estavam cheios de olhos. Não descansam nem de dia nem de noite, dizendo: Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus, o Todo-poderoso, aquele que era, e que é, e que há de vir"

(Obs.: quantidades em algarismos para destaque dos detalhes).

Diante de uma visão tão cheia de brilho, de luz e de esplendor, é imperativo que se tenha uma atitude de adoração e reverência. É o que nos revela os versículos 4 a 8 quando decodificamos suas figuras: 24 tronos ao redor do magnífico trono divino, 24 anciãos vestidos de branco, coroas de ouro, relâmpagos, vozes, trovões, 7 tochas representando a plenitude do Espírito Santo (lembremos que 7 é o número de algo completo) Há um mar de vidro como de cristal e 4 misteriosas criaturas descritas como tendo muitos olhos na frente e atrás. Coisa estranha... Vejamos, porém, depois de decodificados.

Vamos esclarecer um pouco mais: os 24 anciãos são a soma das 12 tribos de Israel e dos 12 apóstolos, ou seja, todos os salvos da Antiga e da Nova Alianças: a totalidade do povo fiel a Deus. Essa poderosa visão requer "efeitos especiais" (trovões, relâmpagos). Vivemos numa época de efeitos especiais: um filme, uma novela, programas de TV, peças teatrais, e, mesmo, dramatizações na igreja apresentam certos efeitos especiais (gelo seco, luzes estroboscópicas) Também os temos aqui, pois trovões, relâmpagos, raios sempre estiveram associados à presença, grandeza e majestade de Deus, como exemplifica o livro do Êxodo 19.16 a 18 e Deuteronômio 4.11 ("Ao amanhecer do terceiro dia houve trovões e relâmpagos e uma espessa nuvem sobre o monte, e um sonido de buzina muito forte").

O verso 6 menciona um "mar de vidro, semelhante ao cristal". Mar é símbolo de algo que não pode ser transposto. Dificuldade é mar. Haja vista o Mar Vermelho: foi uma dificuldade para o povo israelita. Deus, então, fez uma intervenção e as águas se abrem. O mesmo ocorreu, 40 anos depois, com o rio Jordão, que igualmente se abriu.

Mar é sinal de separação. Isso ocorre porque Deus é santo e o mundo é pecador. O mar separa o santo do pecaminoso. São realidades que não se combinam. Enquanto houver pecado, não há possibilidade de acordo. No entanto, o fim do versículo primeiro de Apocalipse 21 diz que na descida da Nova Jerusalém, a habitação de Deus com os homens, "o mar já não existe", já não há distância, paredes, barreiras, separação. Somos nós em Deus e Deus em nós, a plenitude divina em tudo e em todos.

E as 4 estranhas criaturas? Qual o papel delas diante do trono? Estamos falando de reverência, louvor, adoração, precisamente a tarefa dessas quatro criaturas. Elas aqui estão não para atemorizar: o Apocalipse não tem esse propósito. Estes seres "cheios de olhos", portanto, vigiam! A expressão não descreve monstros; é, sim, um modo de dizer que a tarefa deles é a vigilância diante do trono. Jesus ensinou, "Vigiai e orai [para que não entreis em tentação]".

Aqui é "Vigiai e louvai..." Em nossa dimensão terrena, "vigiar e orar"; na dimensão celeste e eterna, "vigiar e louvar".

Um dos seres era semelhante a um leão, outro a um boi, o terceiro tem face de ser humano e o último parece uma águia. Quatro seres tão diferentes , tão distintos um do outro: um leão selvagem, um boi domesticado, um ser humano e suas possibilidades, potencialidades e expectativas, e uma águia que altaneira e livremente voa. São semelhantes aos querubins de Ezequiel 1.10, que relata o seguinte: "A semelhança dos seus rostos era como o rosto de homem, e à mão direita os quatro tinham rosto de leão, e à esquerda tinham rosto de boi; também os quatro tinham rosto de águia".

Há intérpretes do Apocalipse que vêem nessas figuras a união de louvor de toda obra criada por Deus.

Existe outra interpretação, porém. Alguns especialistas vêem o que há de mais nobre (o leão), de mais forte (o touro), o mais sábio (o ser humano) e o mais ágil (a águia) submissos ao Senhor, a nobreza, a fortaleza, a sabedoria e a agilidade, tudo e todos reverentes e ajoelhados diante daquele que é o Senhor, o Soberano, o que detém o Senhorio, Aquele que tem nas Suas mãos o domínio de todo o cosmos, de todas as coisas desde o Seu trono nos céus!

Estes seres são incansáveis no seu louvor, pois, "Não descansam nem de dia nem de noite, dizendo: Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus, o Todo-poderoso, aquele que era, e que é, e que há de vir", expressão que retrata o próprio Nome de Deus, Javé, "Eu Sou o que Sou", "Eu Serei o que Sempre Tenho Sido", ou seja, "o Eterno", "Aquele que Era, Que É, e Sempre Há de Ser".

Ao tempo que esse louvor está acontecendo, os 24 anciãos prostram-se diante do trono de Deus, e O adoram entregando-Lhe as coroas que têm na cabeça, enquanto cantam esta doxologia:

"Digno és, Senhor nosso e Deus nosso, de receber a glória, a honra e o poder, Pois tu criaste todas as coisas; e por tua vontade existem e foram criadas" (v. 11)

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