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quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

XII - O APOCALIPSE - Estudo 2

Parte XII

O APOCALIPSE - Estudo 2

(Parte 2) Cartas às Igrejas da Ásia - (Ap 2 e 3)


Autor(a): PR. WALTER SANTOS BAPTISTA

Pastor da Igreja Batista Sião em Salvador, BA - E-Mail: wsbaptista@click21.com.br


"Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas" (Ap 2.7b)


Continuemos a examinar as igrejas da Ásia. São lições de relevância hoje quanto o foram há dois mil anos:

Tiatira, Penitente Sacrificada (2.18-29)

Não era cidade tão importante quanto outras sete. Mas seu nome é muito sugestivo: "Sacrifício de Arrependimento".

Nela funcionava uma cooperativa que fazia o comércio de ouro. Havia muitos joalheiros, ourives e comerciantes de ouro. A dita cooperativa era tão exclusiva que só os seus membros podiam comerciá-lo. Há uma boa e uma má notícia: a boa é que quem era sócio podia vender ouro à vontade (com certeza, outros faziam contrabando); a má notícia é que a cooperativa realizava festas em homenagem a uma divindade, considerada a padroeira dos comerciantes de ouro e joalheiros. Os crentes viviam numa grande tensão: ou renegavam a fé, e, assim, poderiam realizar transações comerciais ou passavam penúria.

Esse problema é encontrado ainda hoje, quando crentes precisam orar muito para não cair na tentação de ceder aos ídolos modernos, à imoralidade, ao compromisso com o Maligno.

Havia, porém, um seriíssimo entrave na igreja de Tiatira: uma falsa profetisa. O apóstolo João a identifica com Jezabel (a perversa rainha pagã que casou-se com o rei Acabe de Israel (1Rs 16.29ss.). Não tem sido difícil encontrar falsos profetas no meio chamado evangélico. Cuidado, muito cuidado com os falsos apóstolos, profetas e profetisas, bispos e "bispas" (a palavra correta é episcopisa), e pastores que aparecem ensinando novidades com se fosse a última palavra de Deus. Ora, se é novo não está na Bíblia, e se está na Bíblia não pode ser novo. Portanto, fuja deles! (cf. 2Jo 10)

A exortação é bem pesada e direta como demonstram os versículos 20 a 23. Mas a promessa de Cristo é extraordinária: "Ao que vencer [e nossa vitória está em Cristo, não esqueçamos!], eu lhe darei autoridade sobre as nações", o que significa compartilhar com o Rei dos reis da glória para todo o sempre!

Sardes, uma Alegre Canção (3.1-6)

Sardes significa "Cântico de Alegria". Jesus começa Se identificando como Aquele que tem os 7 espíritos e as 7 estrelas. Já sabemos que 7 é o número da plenitude, o número da obra completa. Então, "7 espíritos" tem referência com a plenitude do Espírito, a totalidade da Sua poderosa e maravilhosa obra no ser humano salvo, individualmente falando, e na Igreja de Cristo como Seu Corpo.

Mas a condenação que Jesus faz a Sardes é muito grave: "...tens nome de que vives e estás morto" (v. 1b). Sabe aquela história do "morreu e não sabia"? É o caso da igreja de Sardes: havia morrido e esquecera de deitar, tinha "um-pé-na-igreja-e-outro-no-mundo". Igreja hipócrita, imoral e apática, na qual não se praticava um relacionamento íntimo e sadio com Jesus Cristo e Seu Espírito.

Mas [louvado seja Deus!] nem tudo estava perdido, porque havia algumas pessoas que se mantinham puras. A figura usada é "vestiduras brancas" (v. 4), modo de falar de pureza de intenções e de alma.

Filadélfia, Irmãos que Se Amam (3.7-13)

É a cidade do "Amor Fraternal", significado do seu nome. Esta igreja não recebeu repreensão de Jesus. Que maravilha! É verdade que, como as outras, Filadélfia tinha seus deuses, seus templos pagãos, suas práticas religiosas. Observe como Jesus Se revelou a esses irmãos: "o santo, o verdadeiro..." O melhor conceito para a palavra santo é "diferente". Ser santo é ser completamente diferente. Um bom conceito para santo é "ser separado". Mas, o povo não acostumado com a linguagem da teologia bíblica não entende o que é ser separado para significar santo.

Muitas vezes, nem gente da igreja entende... Mas entendem quando se fala "ser crente é ser diferente". Isso porque nós não vamos praticar o que o mundo pratica, nem falar como lá fora se fala, nem andar como lá fora andam, nem pensar como lá fora pensam. Nossas mãos, pés, toque, palavras, ouvidos, olhos serão puros porque somos diferentes. E esse é o nosso Salvador, o Santo, o Diferente. Cristo é Santo porque nem de longe se iguala ou sequer parece com os deuses do paganismo.

Havia uma preocupação quanto ao relacionamento dos judeus com a igreja, e da igreja como missionária aos judeus. Por isso, Cristo também Se apresenta como o que "tem a chave de Davi". Cristo é o que abre a porta (cf. v. 8) para acesso à misericórdia de Deus a todos que sentirem o toque do Seu Espírito. Até mesmo os que pelas suas obras malignas faziam parte do que é chamado "sinagoga de Satanás" (v. 9).

As promessas para o vencedor são notáveis, lindas e abençoadoras, como mostra o versículo 12, "A quem vencer, eu o farei coluna no templo do meu Deus, de onde jamais sairá.

Escreverei sobre ele o nome do meu Deus, e o nome da cidade do meu Deus, a nova Jerusalém, que desce do céu, da parte do meu Deus, e também o meu novo nome". Na entrada do templo de Jerusalém havia duas colunas: Boaz e Jaquim, Beleza e Força, Majestade e Poder. O Senhor está dizendo que nos coloca como uma das já existentes, ou mais uma ao lado de Boaz e Jaquim, que será "aquele que vencer".

Laodicéia em Julgamento (3.14-22)

O nome Laodicéia quer dizer, "Povo do Julgamento". A última das cartas às igrejas da Ásia começa com Jesus Cristo Se revelando "o Amém". Essa é uma palavrinha muito boa porque, vindo do hebraico, significa "ter estabilidade", não se dobra, não cai, é firme, não pode mudar.

Se fôssemos traduzir, seria "eu admito" ou "eu permaneço em tudo o que foi dito ou pedido na oração". Quando oramos e dizemos "em nome de Jesus. Amém", estamos declarando "peço em nome do Salvador, e não abro mão da minha fé". Cristo, então, é "o Amém, a testemunha fiel e verdadeira, o princípio da criação de Deus", o inabalável.

Sua reclamação à igreja de Laodicéia é que ela é morna. Não é fria nem é quente. Isso quer dizer que sendo frio ou sendo quente, temos certeza absoluta de resultados é o que o Espírito Santo está dizendo na palavra de Jesus. Nós sabemos onde caminhamos, se em terreno firme ou instável. A igreja de Laodicéia não era assim: era indecisa. Por esse motivo, é chamada de "morna". Temos, pelo contrário, que saber se o "sim" é "sim" e o "não" é "não". Sendo... morno, é a falta de compromisso, mais uma vez mencionada.

A igreja dos laodicenses era muito cheia de orgulho. Eram auto-suficientes, mas espiritualmente miseráveis. Até diziam, "Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta..." Não parece o homem que derrubou os celeiros, construiu outros maiores e disse para si mesmo: "Agora tenho bens para muitos anos: vai, minha alma, come, alegra-te, diverte-te, folga"? À noite, foi-lhe indagado: "Louco, esta noite pedirão a tua alma, e o que tens preparado para quem será?" Pois. o mesmo aconteceu em Laodicéia: "Rico sou!..."Jesus diz: "...não sabes que és um coitado, e miserável, e pobre, e cego, e nu" (3.17). Aqui está a igreja de Laodicéia despida. "...Estou enriquecido, e de nada tenho falta". Jesus diz: "Tu és infeliz, Tu és miserável, Tu és pobre, cego e nu. E convida ao arrependimento e conversão, que é voltar para Ele. Jesus sempre convida com carinho, Ele não força: "Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele comigo Isso quer dizer comunhão. Estar com o Senhor é comunhão: Ele está conosco, e nós estaremos com Ele. Por esse motivo, o vencedor senta com Cristo com trono.

Esse é o alerta que o Apocalipse traz para nós, Igreja de Cristo no século 21 porque os problemas são os mesmos. A s igrejas do Apocalipse são tipos das igrejas modernas. Temos deixado vezes tantas o primeiro amor de nossa vida, por isso necessitamos de arrependimento. Somos perseguidos, caluniados e precisamos lembrar que Cristo deu o Seu sangue por nós, e se necessidade houver de darmos nosso sangue, a própria vida, a coroa eterna já está garantida.

Somos alvos de heresias que surgem praticamente todos os dias. É a tentação de querer fazer acordos com o Inimigo-de-nossas-almas, é a tentação do sucesso e das novidades.

Quantas vezes somos hipócritas, apáticos, impuros.

Sim, somos Éfeso deixando o primeiro amor; somos Esmirna alvo de calúnias da sociedade incrédula que nos persegue; somos Pérgamo com segmentos desviados da boa doutrina; somos Tiatira e seus falsos profetas, apóstolos mercenários e vaidosos bispos; Sardes que já havia morrido e não o sabia, bem como Filadélfia com seu problema de relacionamento com os judeus; somos também Laodicéia com a sua indefinição espiritual e orgulho.

Que aprendamos com estas sete igrejas que o melhor é mesmo ouvir a voz de Deus e receber a vitória assegurada por Cristo desde a Sua ressurreição.

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