Parte LXV
MORDOMIA CRISTÃ
Introdução:
Dentre vários textos bíblicos que servem para justificar a mordomia cristã, em qualquer tempo da história, ressaltamos o Salmo 24.1-2 e o Salmo 50.11.
Estes versos deixam bem claro que Deus é dono e Senhor de todas as coisas criadas, inclusive do ser humano, podendo exigir amor, fidelidade e devoção, que devem ser manifestações sinceras do nosso agradecido coração diante do nosso suserano.
No Novo Testamento a afirmação é a de que fomos comprados, 1 Pedro 1.17-20, com o precioso sangue de Jesus, que em sua morte rasgou o escrito da nossa dívida no pecado, Colossenses 2.14, podendo, por esse ato geneoso de amor, exgir de nos fidelidade e profundo senso de mordomia cristã.
I - Coceituação básica de mordomia:
O termo mordomia, do grego oikonomía, significa administração de um lar. No contexto da vida cristã mordomia é a administração dos deveres existenciais e espirituais, bem como dos bens pelos quais a pessoa é responsável.
No contexto bíblico, a pessoa que administra o lar é chamada de mordomo, oikonómos, ou de superintendente, èpítropos. Este conceito tem suas raízes na instituição da escravidão. O senhor nomeava um escravo para administrar seu lar e todo o seu patrimônio, inclusive delegando a ele a responsabilidade de ensinar e de disciplinar os membros da família, especialmente os outros escravos e as crianças. Um exemplo clássico desta situação é a posição de José na casa de Potifar, narrada em Gênesis 39.4-6.
A idéia comum de mordomia é encontrada em várias passagens do Novo Testamento, mais notadamente na parábola do administrador infiel, Lucas 16.1-8. Vale ressaltar que em Mateus 20.8 e em Lucas 12.42 vemos a confirmação do conceito de mordomia apresentado naquela parábola. A idéia de que o homem é mordomo de Deus no seu relacionamento com o mundo e sobre a sua própria vida é inerente a história da criação, Gênesis 1 a 3. É importante destacar o fato de que na narrativa da criação o homem é nomeado senhor de todas as coisas, menos de si próprio.
No Novo Testamento, o termo mordomia, quando não é usada em seu sentido mais comum para se referir a administração de bens, se refere à administração dos dons de Deus, especialmente à pregação do evangelho. Em 1 Pedro 4.10 o conceito de mordomia é ampliado, passando a incluir todos os cristãos e os dons espirituais que estes recebem de Deus para a consecução da vida e do ministério do cristão. Porém, vale ressaltar que a exigência feita aos mordomos de Deus, assim como aos mordomos dos homens, é a fidelidade. O cristão, principalmente, deve administrar aquilo que lhe foi confiado de acordo com as instruções recebidas da parte do seu Senhor, conforme alistadas na Bíblia Sagrada.
Um alerta cabível nesta conceituação é sobre a ênfase pós-moderna que a igreja tem dado à mordomia dos bens, a chamada Teologia da Prosperidade. Embora seja verdadeiramente bíblica, o perigo da Teologia da Prosperidade é que ela pode obscurecer o fato de que a mordomia básica do cristão é a do Evangelho Integral, que inclui toda a sua vida, principalmente a sua consciência cristã, a sua honestidade, a sua santidade e o seu testemunho, não somente o seu dinheiro.
II - Um teologia financeira:
No estudo sobre mordomia, não podemos deixar de considerar a questão relacionada ao dinheiro, visto que a cristandade tem se desviado dos propósitos de Deus ou pela sonegação diabólica dos dízimos e ofertas ou pela busca desenfreada da prosperidade financeira.
Causa estranheza falar de teologia financeira, mas o fato de parecer estranho a união das palavras teologia e finanças é prova irrefutável de quão longe estamos de uma base bíblica sólida sobre o dinheiro e sobre a mordomia cristã.
A Bíblia está repleta de referências, de narrativas, de advertências e recomendações, de parábolas e de promessas sobre o assunto. Só que o "deus deste mundo", Satanás, cegou o nosso entendimento e o fez justamente por conhecer as conseqüências de uma teologia bíblica financeira adequada, as quais ele teme bastante.
Toda pobreza, seja do espírito, da alma ou do corpo, é resultado de desconhecimento da abundância que através da sua Palavra Deus nos promete. Quem não tem certeza de sua salvação ignora o que a Bíblia afirma a respeito da vida eterna, da qual já agora, aliás, pode usufruir.
Quem vive cheio de medo e de preocupações financeiras não entende as promessas bíblicas que Jesus fez sobre paz interior e sobre a herança que legou aos filhos de Deus. Aquele que vive preso a uma constante luta financeira é vítima de ignorância sobre as promessas bíblicas dirigidas a quem está em sintonia com as leis divinas referentes ao dinheiro.
O dinheiro foi inventado pelo homem como método racional de negociar. Cada governo estampa moedas ou imprime cédulas, lhes dando um valor estipulado, por meio das quais móveis e imóveis podem passar a pertencer a quem as possuir em quantidade suficiente para adquiri-los.
Até aí nada de errado. Só que o dinheiro não é neutro. Pelo poder que ele transfere ao seu possuidor e pelo mal decorrente que algumas das aquisições que ele permite inspira, a Bíblia o define como um ídolo, um senhor, um espírito. Enfim, o Texto Sagrado o define como um deus, Mateus 6.24.
Vale destacar os termos usados por Jesus para definir o relacionamento entre o homem e as riquezas: Servir, amar e devoção.
É necessário lembrar, ao lermos Mateus 6.24, que o assunto em consideração é dinheiro e não um personagem qualquer, a quem se deva servir, amar ou dedicar devoção. É assustador pensar e admitir que os dois senhores que requerem o nosso amor, a nossa lealdade e a nossa devoção são justamente estes: Deus e o dinheiro.
Eis a razão por que o dinheiro exerce tamanho poder sobre a vida do ser humano. Ele não é simplesmente um veículo de câmbio. É um deus que exige culto. É uma entidade passível de ser amada.
Jesus de modo muito claro ensina que as pessoas que amam o dinheiro aborrecem ao Senhor porque estes dois amores não combinam. São antagônicos e não podem existir juntos no mesmo coração. Assim como Jesus ensinou ser impossível beber do cálice do Senhor e do cálice dos demônios, ou sentar à Mesa do Senhor e à mesa dos demônios, da mesma forma é impossível servir a estes dois senhores: Deus e o dinheiro.
Quem ama verdadeiramente muda o seu senso de valor e se torna harmonioso com o objeto de seu amor. A medida do amor é a mesma do sacrifício. Portanto, o cristão que ama o dinheiro vive em permanente conflito. Diante do desafio de consagrar os dízimos, ele inventa mil razões "justas" para não dedicar a Deus o que lhe pertence, pois o seu amor ao dinheiro é mais forte e preponderante do que os ensinamentos da Palavra de Deus e do Evangelho.
Conclusão:
Sabemos que existe, como assevera o autor da nossa lição, muita resistência não apenas em relção aos dízimos e ofertas, mas em relação a mordomia como doutrina bíblica por parte de muitos cristãos.
São irmãs que precisam ser alcançados pela graça misericordiosa de Cristo, a fim de que aprendam na PalAvra de Deus como devem usar as suas vidas. Mordomia cristã está relacionada a utilização da mente, do corpo, do tempo e dos recursos materiais que o o Pai nos concede.
Não podemos inverter os valores, como o faz o teologismo denominado de Teologia da Prosperidade, que desvia o coração do cristão do foco principal, fazendo-o interessado nas bênçãos e na riqueza, ao invés de matê-lo intimamanete unido a Deus pela comunhão amorosa e sustentadora.
Precisamos incitar a igreja a desenvolver uma perspectiva bíblica e verdadeiramente cristã para a mordomia. Devemos ensinar aos nossos irmão que é o próprio Deus que nos sustenta, não os bens adquiridos ou os recursos materiais.
Somos sustentados por Deus e em gratideão ao Senhor por este amor provedor e sustentador nos consagramos a ele com inteireza, 2 Coríntios 8.3-5. Os nossos dízimos e ofertas devem ser apenas uma pequena expressão real e verdadeira de que reconhecemos que nossas vidas e nossos bens pertencem ao Senhor
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