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quinta-feira, 11 de março de 2010

L - O ESPIRITISMO E O ESPÍRITO SANTO

Parte L
O ESPIRITISMO E O ESPÍRITO SANTO


Vejamos o que Allan Kardec disse sobre o Espírito Santo:


"Jesus promete outro Consolador: o Espírito de Verdade, que o mundo ainda não conhece, por não estar maduro para o compreender, consolador que o Pai enviará para ensinar todas as coisas e para relembrar o que o Cristo há dito... O Espiritismo vem, na época predita, cumprir a promessa do Cristo: preside ao seu advento o Espírito de Verdade. Ele chama os homens à observância da lei: ensina todas as coisas fazendo compreender o que Jesus só disse por parábolas... O Espiritismo vem trazer a consolação suprema aos deserdados da Terra... Assim, o Espiritismo realiza o que Jesus disse do Consolador prometido: conhecimento das coisas, fazendo que o homem saiba donde vem, para onde vai e por que está na Terra; atrai para os verdadeiros princípios da lei de Deus e consola pela fé e pela esperança" (Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. VI, itens 3 e 4).

Em resumo, Kardec diz que o Espírito Santo prometido é o Espiritismo que, através de seus "espíritos", estará sempre conosco, consolando-nos e levando-nos ao conhecimento da verdade.



O que diz a Bíblia



Allan Kardec foi infeliz na interpretação acima. O Consolador prometido não pode ser uma religião ou um conjunto de práticas que inclui a comunicação com os mortos. Não pode ser e não é uma instituição orientada por entidades espirituais desconhecidas. O Consolador não são os espíritos do além. Se fosse, o Senhor Jesus certamente diria: - "Enviarei os consoladores, aqueles que estarão sempre convosco, ensinando todas as coisas através de canalizadores que receberão o dom do Pai". Mas Jesus disse:

"E rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre" (Jo 14.16). A palavra "outro", traduzida do grego "allon", significa "outro da mesma espécie"; e "consolador", do grego "parakletos", tem o sentido de "alguém chamado para ficar ao lado de outro para o ajudar". Se o Consolador é o Espiritismo, os cristãos do mundo inteiro ainda não receberam essa promessa. Para recebê-la seria necessário aderirem ao Espiritismo, receberem os "passes" mediúnicos e se aprofundarem na leitura do Livro dos Espíritos? Em nenhum momento Jesus orientou seus seguidores para que buscassem instrução e consolo junto aos mortos. Ao contrário, Ele ensinou o caminho das Escrituras:

- "Errais, não conhecendo as Escrituras, nem o poder de Deus" (Mt 22.29). "Examinai as Escrituras, porque pensais ter nela a vida eterna. São estas mesmas Escrituras que testificam de mim; contudo não quereis vir a mim para terdes vida" (Jo 5.39).

Pelo menos, quanto a mim, o Espiritismo não está ao meu lado para me ajudar em nada. O Senhor Jesus afirmou que quando Ele fosse, o Consolador viria (João 16.7). Teria Jesus atrasado o cumprimento de sua promessa por dezenove séculos, considerando-se a época do surgimento do Espiritismo como o conhecemos hoje? Jesus enviaria um espírito-guia para cada pessoa?

Vejamos mais: "Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito" (Jo 14.26). O artigo definido "o" define (desculpe-me pelo óbvio). Logo, o Senhor Jesus, nessa passagem, diz que Espírito Santo e Consolador são a mesma Pessoa. O Senhor Jesus define, nomeia, estabelece, distingue, identifica. Nada nos leva a deduzir que o Consolador seja uma doutrina, um conjunto de doutrinas, uma religião, um ou vários espíritos desencarnados, bons ou maus.

O Consolador é o Espírito de Deus (Mt 3.16); o Espírito da Verdade (Jo 14.17); o Espírito da Profecia (Ap 19.10); Espírito de Vida (Rm 8.32); Espírito de Santidade (Rm 1.4); Espírito de Sabedoria, de Conselho, de Inteligência, de Poder (Is 11.2); Espírito do Senhor (Is 61.1); Espírito do Filho (Gl 4.6); Espírito Eterno (Hb 9.14); Espírito de Juízo (Is 4.4); Espírito de Graça (Zc 12.10). Seus atributos são os mesmos da Divindade: eternidade (Hb 9.14); onipresença (Sl 139.7-10); onipotência (Lc 1.35); onisciência (1 Co 2.10). Identificar o Consolador com o Espiritismo é desejar igualar a criatura ao Criador. Os "espíritos" do Espiritismo são criaturas de Deus e, embora sejam imortais, não são eternos. A eternidade é atributo exclusivo da Divindade. O Consolador prometido é uma Pessoa da Trindade. O Espírito do Senhor é o Espírito do Senhor, e o Espiritismo de Kardec é o Espiritismo de Kardec.

"Naqueles dias veio Jesus de Nazaré, na Galiléia, e foi batizado por João no Jordão. Logo que saiu da água viu os céus abertos, e o Espírito que, como pomba, descia sobre ele. Então ouviu-se esta voz dos céus: Tu és o meu Filho amado em quem me comprazo" (Mc 1.9-11). Aí temos Jesus (o Filho), o Espírito (o Espírito Santo) e a voz dos céus (o Pai). O Espiritismo por acaso teria descido sobre Jesus? O Cristianismo ensina que o Espírito Santo guia, reprova, pensa, fala, intercede, determina, capacita, vivifica, convence do pecado, nomeia e comissiona ministros, e habita com os santos. Logo, o Espírito Santo não é o Espiritismo, nem o Espiritismo é o nosso Consolador.

"Não sabeis vós que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?" (1 Co 3.16). O Espiritismo não habita nos homens. Os crentes não são templos do Espiritismo. Os "espíritos" possuem os corpos daqueles que a eles se entregam e lhes obedecem. O Espírito da Verdade não incorpora em corpos. Os "espíritos de verdade" do Espiritismo, estes sim, possuem os corpos de suas montarias e comandam suas mentes.

Ademais, a Bíblia nos ensina que Jesus Cristo foi concebido pelo Espírito Santo (Lc 1.35); foi ungido pelo Espírito Santo (At 10.38); guiado pelo Espírito Santo (Mt 4.1); foi cheio do Espírito Santo (Lc 4.1). Não se fala aqui em Bons Espíritos, Espíritos Puros ou Espiritismo. Allan Kardec falou de algo que ele desconhecia, porque o mundo não O conhece (Jo 14.17). Os espíritas não podem argüir a insuficiência da Bíblia para a elucidação do caso, dizendo que nela não acreditam, porque Allan Kardec usou-a para admitir que o Consolador prometido é o Espiritismo. E no seu livro "O Evangelho Segundo o Espiritismo", Kardec comentou vários textos bíblicos. Logo, a Bíblia deve ser um livro levado muito a sério pelos kardecistas.



O Consolador na Igreja



Quem orienta e consola a Igreja de Cristo não são os mortos. Vejam as seguintes passagens: "Servindo eles ao Senhor, e jejuando, disse o Espírito Santo: Apartai-me a Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho chamado" (At 13.2). "Passando pela frigia e pela província da Galácia, foram impedidos pelo Espírito Santo de anunciar a palavra na Ásia. Quando chegaram à Mísia, tentavam ir para Bitínia, mas o Espírito de Jesus não lho permitiu" (At 16.6-7). Quem orienta a Igreja de Cristo é o Espiritismo? É um conjunto de espíritos bons que falam através dos canalizadores?



Espiritismo Cristão



Pode-se admitir a existência de Espiritismo cristão? Podemos concordar com a afirmação de que Cristianismo e Espiritismo ensinam a mesma coisa? A resposta é não. Cristianismo e Espiritismo são incompatíveis. A mediunidade e a reencarnação não pertencem ao Cristianismo. O Cristianismo ensina a salvação em Cristo, o Juízo Final, a Ressurreição coletiva na volta de Jesus, a existência do Diabo, dos anjos decaídos e de um lugar de tormentos eternos. O Cristianismo ensina que o homem morre apenas uma vez (Hb 9.27) e que imediatamente após a morte ele segue para um lugar de paz, se morreu em Cristo, ou para um lugar de tormentos, se morreu sem Cristo. O Espiritismo ensina a reencarnação, ou seja, ilimitadas mortes e renascimentos.

As palavras de Jesus são a verdade. Nenhum espírita pode delas duvidar, porque Kardec disse que Jesus foi a "Segunda Revelação de Deus", e que veio com a missão divina de ensinar uma elevada moral aos homens, a moral evangélico-cristã. O "outro Consolador", de que falou Jesus, encaminha os crentes ao conhecimento das verdades bíblicas, e não às "verdades" espíritas. Vejamos o que mais Jesus disse do Consolador:

"Quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo. Do pecado, porque não crêem em mim; da justiça, porque vou para meu Pai, e não me vereis mais; e do juízo, porque já o príncipe deste mundo está julgado" (Jo 16.8-11).

Kardec, em "O Evangelho Segundo o Espiritismo", não se deteve no exame do texto acima. Não me consta que o espiritismo convença alguma pessoa do pecado e a leve ao arrependimento. A tentativa de comunicação com os mortos, praticada pelo Espiritismo, é transgressão da lei de Deus: "Quando vos disserem: Consultai os médiuns e os feiticeiros, que chilreiam e murmuram entre dentes, respondei: "Acaso não consultará um povo a seu Deus? Acaso, em favor dos vivos se consultarão os mortos?" (Is 8.19). O Cristianismo ensina que em Cristo recebemos perdão de nossos pecados e não precisaremos morrer várias vezes para atingir a perfeição.

Ao ladrão na cruz, que se mostrou arrependido, Jesus disse: "Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso" (Lc 23.43). Em contradição, a questão 999 do Livro dos Espíritos, que "contém especialmente a doutrina ou teoria do Espiritismo", ensina: - "O arrependimento sincero durante a vida basta para apagar as faltas e para encontrar graça perante Deus?" Resposta: - "O arrependimento ajuda o Espírito a progredir, mas o passado deve ser expiado". Questão 1002: "Que deve fazer aquele que, em artigo de morte, reconhece suas faltas mas não tem tempo de as reparar? Bastará o arrependimento?" Resposta: - "O arrependimento apressa a reabilitação, MAS NÃO ABSOLVE. Não tem à sua frente o futuro, que jamais se lhe fecha?". Perguntamos: - O ladrão não foi absolvido por Jesus? Ele teria que sofrer milhares de reencarnações, não obstante estivesse morando com Jesus no paraíso? Então qual a diferença entre o ladrão que não se arrependeu e o que se arrependeu? Vê-se que o perdão do Espiritismo é diferente do perdão pregado por Jesus. Finalmente, o Espiritismo não convence o mundo do ato divino da redenção e da vitória do Cristo ressurreto, para derrota do príncipe deste mundo. No Espiritismo o futuro é incerto, "nunca se fecha"; é um caminhar rumo a uma perfeição que nunca chega. Realmente, não há absolvição para os espíritas, como bem disse Kardec.

O "batismo no Espírito Santo" também coloca freios à pretensão kardecista. Lembrem-se de que Allan Kardec disse que Jesus foi a segunda revelação de Deus. Leiam as palavras de Jesus: - "João batizou com água, mas vós sereis batizados com o Espírito Santo, não muito depois destes dias" (At 1.5). Ora, os vários batismos da espécie que se seguiram, detalhadamente registrados em Atos dos Apóstolos, em nada se assemelham às práticas mediúnicas. Os dons espirituais dados pelo Consolador são de há muito recebidos pelos crentes, muito antes do advento do Espiritismo, e não guardam qualquer semelhança com as práticas de psicografia, adivinhação e evocação de entidades espirituais.

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