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quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

XXI - O TOQUE DO ESPÍRITO

Parte XXI
O TOQUE DO ESPÍRITO
Introdução




"Essas maravilhas de um avivamento somente poderão ocorrer se o Espírito Santo tornar viva a Palavra de Deus, quando ela for pregada. Bênçãos genuínas não podem vir a não ser que o Espírito Santo as traga ao povo de Deus. Traga-lhe convencimento e nele toque."
A. W. Tozer. - A Tragédia da Igreja: Ausência de Dons p. 15

Se tivermos uma compreensão sadia do que o Espírito Santo fez em nós no início de nossa vida cristã, nossas condições para buscar as bênçãos para nós reservadas serão melhores, mais claras e definidas. Mostra também a Escritura que o Espírito de Deus age em todas as suas páginas, não apenas em termos do Espírito Santo como Pessoa Divina para uma pessoa humana, mas, igualmente, em termos de inspiração. Extraordinário é ver na Bíblia Sagrada que o Espírito a inicia e a conclui. Está em Gênesis 1.2, primeiro capítulo de toda a Bíblia, e também no seu último capítulo, em Apocalipse 22.17:

"A terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo, mas o Espírito de Deus pairava sobre a face das águas".

"E o Espírito e a noiva dizem: Vem. E quem ouve, diga: Vem. E quem tem sede, venha; e quem quiser, receba de a graça a água da vida".

O Espírito age intensamente nas páginas do Livro Sagrado levantando e guiando os juizes do povo de Deus, ungindo sacerdotes, profetas e reis, e transformando covardes em poderosos.(1) E porque o Espírito Santo é poder, figuras de poder têm sido utilizadas pelos escritores inspirados. É comparado ao vento, ao óleo, ao fogo, à pomba e à água. Em todos os casos, figuras concretas e altamente gráficas.

FIGURAS DE PODER


A idéia de poder no mundo está ligada ao hedonismo e ao belicismo, ao prazer e e ter e às armas e violência. Poder é possuir uma gorda conta bancária, de preferência na Suíça e/ou Ilhas Cayman; poder são os músculos; são as multidões que alguém possa arregimentar; é o número de tropas e de armas de uma nação. Na Bíblia, porém, é criação, é manutenção, é apoio, e é, até, sofrimento?!

Na Bíblia, o Espírito Santo é comparado ao vento. O mesmo vocábulo é utilizado pelos escritores bíblicos para dizer "vento", "fôlego", "respiração" e "espírito" (2). É o Ruach haKodesh ou o Pneuma ton Hagion. Vento é poder criador, gerador de energia como nos moinhos de vento, ou poder destruidor como num furacão.

Também é comparado ao óleo ou azeite. Nessa comparação, o Espírito Santo é um poder confortador, visto que o azeite era largamente utilizado no conforto, na unção, e numa série de situações. Um dignitário em Israel era ungido com azeite aromático. O rei não era "coroado", mas ungido, o azeite perfumado era derramado na sua cabeça, e escorria pelo seu cabelo e molhava as suas faces e sua barba (3). Não era um azeite qualquer. Há, por sinal, muita gente vendendo azeite de supermercado afirmando ser "azeite ungido" com o objetivo de mistificar, manipular as emoções dos simples e enganar os menos avisados. O azeite da unção usado em Israel tinha uma fórmula, na qual entrava a mirra, a canela, as madeiras aromáticas, a cássia e o azeite de oliveira (4), razão porque era usado como perfume (5). Era utilizado na iluminação deixando o ambiente perfumado(6), e, também, aplicado medicinalmente como atestam Tiago 5.14 e Marcos 6.13. No consolo que traz, portanto, no conforto que proporciona, no poder que infunde, o Espírito Santo tem uma figura altamente apropriada no óleo ou azeite: "... e daquele dia em diante o Espírito do Senhor se apoderou de Davi" (7).

O fogo sempre esteve ligado a Deus ou à Sua justiça. Por essa razão, a espada flamejante se postava à entrada do Éden guardando-o (8); a sarça ardente estava no alto do Sinai (9); a coluna de fogo liderou os filhos de Israel na caminhada no deserto (10); e no Monte Carmelo havia um altar de fogo (11); e, no Pentecostes, as línguas como que de fogo pousando sobre a cabeça de cada um dos apóstolos (12); e no Apocalipse está mencionado um lago de fogo (13). Sempre sinais da presença e da justiça divinas! Sinais de Deus! João, previamente ao ministério de Jesus, disse a Seu respeito: "Eu, na verdade, vos batizo em água, mas vem aquele que é mais poderoso do que eu, de quem não sou digno de desatar a correia das alparcas; ele vos batizará no Espírito Santo e em fogo" (14). O fogo é poder purificador.

O ESPÍRITO SANTO NO DESCRENTE


Nossa proposta é examinar como o Espírito Santo age no ser humano. Podemos verificar na Escritura e na experiência o Espírito agindo tanto no descrente quanto no crente.

Em João 16, nos versos 7 e 8, estão registradas as palavras de Jesus Cristo: "Todavia, digo-vos a verdade, convém-vos que eu vá; pois se eu não for, o Consolador não virá a vós; mas, se eu for, vo-lo enviarei. E quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo". É deste modo que Ele age no incrédulo.

Um dos mais terríveis efeitos do pecado é a cegueira que ataca a pessoa humana quanto a seus pecados (15). Só o Espírito Santo pode abrir os nossos olhos. Por mais bem intencionados que sejamos, somos cegos em relação ao próprio pecado. "O homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus porque para ele são loucura", diz a palavra de Deus (16). Dependemos dEle; e até os nossos olhos o Espírito vai abrir; só Ele pode nos convencer da profundidade do pecado e da verdade do evangelho. Essa é a razão porque é chamado "Espírito da verdade" (17). Uma pessoa perdida não tem consciência de que é um pecador (por isso está "perdida"). Converse com uma "pessoa natural", e ela não compreenderá o que você está falando, porque ainda não foi convencida pelo Espírito de Deus com respeito à sua perdição. Não há consciência de falta de retidão moral e espiritual; não há qualquer convicção ou consciência da palavra de julgamento sobre o seu pecado. E no verso 8 de João 16 está afirmado que "quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo".

Essa tríplice convicção de João 16.8 não são funções separadas como pode parecer, mas uma só. O Espírito não pode convencer uma pessoa do pecado sem convencê-la do juízo de Deus; nem pode convencer alguém da justiça, da retidão de Jesus Cristo, sem convencê-la inicialmente do pecado e do conseqüente juízo. É um ato único e coeso. Não importa qual seja a expressão do pecado na vida de alguém (adultério, cobiça, bebida, imoralidade, o que seja), a razão básica porque alguém continua "destituído da glória de Deus" (18) é a falta de fé em Jesus Cristo. Quem não foi convencido pelo Espírito Santo de Deus, o destino não é o céu: é o outro lugar. E, por inferência, aceitar o perdão divino, confiar em Cristo tem como resultado a vida eterna, a salvação eterna, a vida abundante (19). É convicção da justiça e perfeição de Jesus Cristo, do fato de que Ele é reto, justo e perfeito; é convicção do juízo, pois, pela ação do Espírito, comprova-se o amor de Deus e igualmente o Seu julgamento sobre os nossos pecados. Isso significa uma coisa: Deus é Quem toma a iniciativa de nossa salvação por meio do Espírito Santo. Que gloriosa mensagem essa do evangelho! E ela se chama graça: Nós amamos, porque Ele nos amou primeiro" (20). Foi Ele Quem tomou a iniciativa da sua salvação; foi Ele Quem através do Seu Espírito, levou-o a Jesus Cristo; foi Ele Quem, através do convencimento do pecado, da justiça e do juízo, levou a cada fiel a se ajoelhar diante de Jesus. Deus nos procura antes que nós O procuremos, ou seja, embora sejamos cheios de rebeldia, preconceito e indiferença, Deus vem a nós através do Seu Espírito, lei espiritual encontrada na Sua Palavra (21).

E Jesus Cristo nos dá uma razão dessa tríplice convicção. Está no verso 9: "(convicção) do pecado, porque não crêem em mim"; e fala da descrença que é resultado do orgulho, da vaidade e da recusa de se submeter à direção do Senhor. Nesse caso, a incredulidade está igualada à desobediência (22). Jesus fala da rebelião voluntária ao governo de Deus em nossas vidas.

No verso 10, diz Jesus: "convicção da justiça, porque vou para meu Pai, e não me vereis mais". E, sem dúvida, a primeira coisa a considerar é que o crente tem um teste final da justiça de Jesus Cristo: Sua volta para o Pai como havia prometido. Por outro lado, olhar para Jesus Cristo, o justo sem pecado, é percebermos quão distantes e caídos estamos da retidão de Deus, e, nesse ponto, o Espírito nos vai levar a pesar em nosso íntimo o fato do pecado contra o senhorio de Jesus e a ação de Seu reino em nossa vontade.

O verso 11 ensina que é convicção "do juízo, porque o príncipe deste mundo já está julgado". Entendemos que esse é um fato muito alentador, porque, apesar de a Escritura dizer que "o mundo inteiro jaz no Maligno" (23), Jesus Cristo é o vencedor (24)! E não depositamos a nossa fé em um Cristo derrotado! O Deus a Quem servimos vencedor de todas as batalhas! É Aquele que afirma o julgamento de Satanás, prometido desde os mais antigos dias da espécie humana, registro que se encontra no livro do Gênesis: "Porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua descendência e a sua descendência; e esta lhe ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar" (25) Jesus Cristo vitorioso, portanto! Isso foi realizado no Calvário. Foi com a cruz que a Grande Serpente, começou a se contorcer de dores. A cruz foi um punhal cravado no coração do próprio Satã (26). Na ressurreição de Jesus, porém, o golpe final foi dado no Grande Dragão, motivo porque a execução de tudo será no fim dos tempos, na consumação dos séculos como está registrado no Apocalipse (27).

Apesar dessa idéia futura para nós, no propósito de Deus já é fato consumado, convicção que de nossa parte é necessária pelo que Satanás faz na vida do descrente em Jesus Cristo. Não diz a Escritura que "o mundo inteiro jaz no Maligno" (28)? No entanto, "sabemos que somos de Deus"! Isso é glorioso! Os perdidos estão em cativeiro porque o mundo jaz no Maligno; fazem a vontade do Inimigo-de-nossas-almas (29) porque o mundo jaz no Maligno, o que quer dizer que a nossa ação evangelizadora e missionária é uma luta contra Satanás e suas hostes de anjos da malignidade (30). E porque não podemos lutar sozinhos, Deus vem ao nosso encontro pelo Espírito Santo.

PECADOS CONTRA O ESPÍRITO SANTO


A pessoa humana tem a infeliz possibilidade de cometer dois pecados contra o Espírito. O crente deve dar glória a Deus porque contra essa doença já foi vacinado. Mas o ser humano natural pode cometer duas tremendas faltas contra o Espírito de Cristo. Um pecado é chamado na Bíblia de "resistir ao Espírito" (31). O outro é identificado pela expressão "blasfemar contra o Espírito" (32).

O pecado mais comum contra o Santo Espírito é a resistência, que se apresenta de muitas maneiras. É o caso do desprezo e do desdém para com a palavra do Senhor; é a depreciação do evangelho salvador de Jesus (33). Outro é o adiamento. Você diz "estou ouvindo o Espírito falando ao meu ouvido, mas vou deixar para depois a decisão de receber a Jesus como meu Salvador". Esse adiamento é um pecado (34). Outro mais é a zombaria, o escárnio, o levar o Espírito Santo ao ridículo (35). E que dizer da oposição agressiva (36)? Mas em tudo isso, vemos algo verdadeiro: enquanto a pessoa resistir à obra de convicção, ela se priva das alegrias da salvação!

O outro caso é o da blasfêmia contra o Espírito. Mateus 12.22-32 fala desse assunto. Havia um grupo que atribuía a cura de um endemoninhado cego ao poder do diabo (37). A ironia de tudo isso é que o milagre realizado por Jesus, prova, portanto, de Sua divindade, fora atribuído ao diabo. Essa atitude, esse pecado não tem esperança de perdão. É o que está dito nos versos 31 e 32. O pecado da blasfêmia, então, é o ponto mais alto de um processo de resistência ao Espírito de Deus. É blasfêmia ser antagônico ao Senhor, quando Ele o chama para o Seu lado, e você se posiciona contrariamente. O desdém começa, vira resistência, endurecimento do coração, blasfêmia e resulta em perdição eterna.

O ESPÍRITO SANTO E A CONVERSÃO


A primeira importante lição é que o Espírito Santo trabalha na conversão. O Espírito de Deus completa Sua obra de convicção em nós, e traz à nossa consciência o fato do pecado e da nossa condenação. Se não há resistência, Ele nos conduz à conversão. Assim é que aceitamos que Jesus Cristo Se torne o Senhor de nossas vidas. A essência da salvação é a conversão ao senhorio de Cristo. O primeiro pecado humano foi a negação da soberania divina (38); quando o primeiro homem resolveu não ser o gerente da criação, e, sim, o proprietário, evidenciou-se a rebeldia, e com isso repúdio da lei divina. Resultado: a humanidade passou a ser dominada pelo Maligno (39), que recebe os títulos de "príncipe deste mundo", "deus deste século", e "poder das trevas" (40). Ser salvo é ser liberto por Deus do domínio das trevas para o senhorio de Cristo Jesus (41).

A conversão ou regeneração não é trabalho do evangelista, do pastor ou do professor da Escola Bíblica, mas, sim, do Espírito Santo. Regeneração não se herda, não se adquire com o batismo, não é mérito da igreja, pois, na verdade, alguém pode freqüentá-la por anos corridos e não ser regenerado. Regeneração não consiste em boas obras (42), nem é resultado de vida moral ilibada (43). Realmente, a palavra do evangelho é que "a todos quanto o receberam, aos que crêem no seu nome, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus" (44), e isso é ação do Espírito que leva ao arrependimento, à fé, e conduz à incorporação em Jesus Cristo. E ensina a palavra de Deus que "crer no evangelho", "responder a Jesus Cristo" e "receber o Espírito Santo" são três modos de observar o mesmo fato (45).

O ESPÍRITO SANTO E O CRENTE


Como agiu e age o Espírito de Deus no discípulo de Jesus Cristo? O Espírito Santo
preparou o seu coração para entrar em uma nova vida. Tito 3.5 o explicita: "...não em virtude de obras de justiça que nós houvéssemos feito, mas segundo a sua misericórdia, nos salvou mediante o lavar da regeneração e renovação pelo Espírito Santo".

Espírito de Deus o recriou. Jesus não o ensinou? "Em verdade, em verdade te digo que se alguém nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus"(49)

O Espírito Santo fez ainda mais:

imprimiu o próprio caráter de Deus em sua vida! A Bíblia chama a esse fato o selo do Espírito.(50) E com isso, o Espírito lhe deu a consciência de que é filho de Deus.(51)

Jesus Cristo o batizou no Espírito Santo: "Pois em um só Espírito fomos nós todos batizados em um só corpo, quer judeus, quer gregos, quer escravos, quer livres, e a todos nós foi dado beber de um só Espírito" .(52)

O batismo no Espírito Santo é uma das fases do ministério da Terceira Pessoa da Trindade, sem dúvida a mais mal compreendida. Há quem ensine que ele dá ao crente uma experiência mágica, ou que seja uma espécie de sacramento, um meio pelo qual o crente recebe uma graça especial. Necessário se torna, evidentemente, cuidado para não confundir o ficar cheio do Espírito Santo com o batismo no Espírito Santo.(53) Muitos crentes confundem essas realidades porque os que foram batizados no dia de Pentecostes também ficaram cheios.(54) É importante compreender que o glorioso e inicial fato do batismo no Espírito Santo não é a "segunda bênção" anunciada por alguns grupos. O batismo no Espírito Santo, pelo ensino do Novo Testamento, é a primeira bênção na sua vida. Sua evidência não é o falar-em-línguas, mas a vida, quebrantada, arrependida, penitente, dedicada, consagrada ao reino e a espalhar o seu poder no coração dos homens. Em uma palavra: serviço. A evidência do batismo no Espírito Santo é a vida dedicada que se expressa em termos de ação e serviço.

COMO O ESPÍRITO SANTO AGE NO CRENTE? 


Ele o faz concedendo carismas, ou seja, os Seus dons para o serviço acima mencionado.(55)

O Espírito Santo ajuda na oração. A palavra de Deus é claríssima sobre isso: "Do mesmo modo também o Espírito nos ajuda na fraqueza; porque não sabemos o que havemos de pedir como convém, mas o Espírito mesmo intercede por nós com gemidos inexprimíveis. E aquele que esquadrinha os corações sabe qual é a intenção do Espírito: que ele, segundo a vontade de Deus, intercede pelos santos". (56)

Espírito Santo guia o crente através das circunstâncias.(57) Ele orienta o cristão fechando certas portas e abrindo outras;(58) Ele dá direção ao fiel através de palavras, atitudes e conselhos de outros fiéis;(59) Ele norteia o caminho do crente através das Escrituras Sagradas;(60) Ele guia o crente através da oração.(61) O Espírito Santo guiando a Igreja, traz reconciliação, e cria a koinonia; Ele fala pela pregação.(62) O Espírito Santo edifica o Corpo em amor. Por tudo isso, os escritores do Novo Testamento costumam falar de Jesus Cristo e do Espírito Santo vivendo dentro do crente, quer dizer, nós estamos em Cristo, e o Espírito Santo está em nós. (63)

A Bíblia diz que há três tipos de pessoas: o homem natural, o crente carnal e o crente espiritual. Paulo, apóstolo, faz uma descrição de cada um. Em 1Coríntios 2.14 está o homem natural: "O homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque para ele são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente".

O crente carnal por sua vez está em 1Coríntios 3.1: "E eu, irmãos, não vos pude falar como a espirituais, mas como a carnais, como a criancinhas em Cristo".

O Dr. Landrum Leavell disse que a vida religiosa do crente carnal é como a malária: frieza e febre. Ataques de frio e de febre, frio e febre, e assim por diante. Desce e sobe, desce e sobe, vai ao alto e cai, não tem constância, não tem estabilidade, não tem alegria. O crente espiritual, por sua vez, tem seu perfil em 1Coríntios 2.15: "Mas o que é espiritual discerne bem tudo, enquanto ele por ninguém é discernido".

Crentes espirituais são santificados todos os dias. Não precisam de movimentos, caminhadas, marchas e campanhas especiais para serem santificados porque têm comunhão com o Pai diariamente, alimentam-se dia a dia com a seiva da videira verdadeira que é Cristo Jesus, são sustentados pelo Espírito Santo cada dia, têm propósitos especiais para suas vidas, não se cansam de obedecer a Deus. Amam sua igreja, participam fielmente dos estudos bíblicos, contribuem biblicamente, são dizimistas e trazem o dízimo à casa do Senhor.

Pecado e santificação são extremos como Polo Norte x Polo Sul; escuro x claro; noite x dia; distância de Deus X proximidade de Deus. Quanto mais o crente se conforma com o mundo, mais se distancia de Deus; quanto mais o crente se amolda à vontade de Deus, mais distância quer do sistema de coisas do mundo. Isso é santificação, e ação do Espírito em sua vida. O mundo precisa da ênfase sobre a santificação. A igreja local precisa da ênfase sobre a santificação; nós precisamos da ênfase sobre a santificação. Nossas ações, vocabulário e atitudes dirão aos outros e a nós mesmos, a que distância estamos do Polo Norte ou do Polo Sul, do governo do mundo ou do reino de Deus.

Há quem imagine ser santificação deixar de fazer certas coisas. A Bíblia ensina que é resultado de andar com Deus. Não são regras, mas estilo de vida. Santificação é um processo para toda a vida e deve ter início na conversão. Dissemos "deve ter início" porque há crente que não cresce, e não cresce porque não dá vez ao Espírito. Alguém disse: "já dei muita oportunidade ao Espírito Santo, e não vi nada!" Na realidade, encastelou-se em certa posição, e não deu vez ao Espírito de Deus!

DUAS TENDÊNCIAS


Há no crente duas tendências ou naturezas, e são antagônicas. Uma é carnal; a outra é espiritual. A primeira coisa que o Espírito tem que fazer para sua santificação é dominar o pecado em sua vida. Pelo poder do Espírito Santo, o irmão, a irmã vai conquistar a natureza mundana e carnal em sua vida. Quando aceitamos a Cristo, nascemos do Espírito, mas a velha natureza continua ao lado da recém-nascida natureza cristã.(64) A Bíblia, porém, ensina que mesmo com o trabalho do Espírito Santo, só na glória é que vamos nos despir completamente da velha criatura.(65) O Espírito é poder para sobrepujar nossa natureza carnal.(66)

A segunda fase da santificação consiste em o Espírito Santo dar ao crente um caráter justo e santo. Esse é o lado positivo da santificação, pois em relação ao pecado, a obra do Espírito Santo é destrutiva, em relação ao caráter, porém, é construtiva. Conforme Gálatas 5.19 em diante, temos um resumo das duas fases:

é preciso desmanchar a primeira, as obras da carne (versos 19-21);

e construir a segunda, que é o fruto do Espírito (versos 22,23).

Outra parte da atuação do Espírito Santo é o serviço que prestamos. Assunto a ser examinado em outras reflexões.

NOTAS



1 Cf. 2Timóteo 1.7.
2 As palavras são ruach e pneuma, nas línguas hebraica e grega respectivamente.
3 Cf. Sl 133.
4 Cf Ex 30.22-33.
5 Cf. Amós 6.6.
6 Cf. Mateus 25.3ss.
7 1Sm 16.13b.
8 Cf. Gênesis 3.24.
9 Cf. Êxodo 3.2ss.
10 Cf. Êxodo 13.21,22.
11 Cf. 1Reis 18.38 .
12 Cf. Atos 2.1-3.
13 Cf. Apocalipse 20.14,15.
14 Lc 3.16.
15 Cf. 2Coríntios 4.4.
16 Cf. 1Coríntios 2.14.
17 Cf. João 14.17.
18 Cf. Romanos 3.23.
19 Cf. João 3.16, 18, 36.
20 Cf. 1João 4.19.
21 Cf. Gênesis 3.8-10; João 3.16; Efésios 2.8.
22 Cf. Hebreus 3.17-19.
23 Cf. 1João 5.19b.
24 Cf. João 16.33; Apocalipse 3.21.
25 Gn 3.15.
26 Cf. João 12.31-33.
27 Cf. Apocalipse 20.10.
28 Cf. 1João 5.19.
29 Cf. 2Timóteo 2.26.
30 Cf. Efésios 6.12.
31 Cf. Atos 7.51.
32 Cf. Mateus 12.22-32; Marcos 3.28-30; Lucas 12.10.
33 Cf. Atos 26.28.
34 Cf. Atos 17.32; 24.25.
35 Cf. Atos 17.32.
36 Cf. Atos 5.33-40; 7.54-60.
37 Cf. verso 24.
38 Cf. Gênesis 3.1ss.
39 Cf. 1João 5.19; 2Timóteo 2.26
40 Cf. Cf. João 12.31; 14.30; 16.11; Cf. 2Coríntios 4.4. Colossenses 1.13.
41 Cf. Colossenses 1.13.
42 Tito 3.5.
43 Cf. Isaías 64.6.
44 João 1.12
45 Cf. 2Coríntios 11.4.
46 Cf. João 16.8-11.
49 Cf. João 3.5; 1Coríntios 12.3.
50 Cf. 2Coríntios 1.22; Efésios 1.13; 4.30.
51 Cf. Romanos 8.15-17.
52 1Co 12.13.
53 Cf. Efésios 5.18.
54 Cf. Atos 2.4. O "ficar cheio do Espírito Santo" é fato conhecido por outras expressões: controle do Espírito e plenitude do Espírito (do latim plenus = cheio).
55 Cf. 1Coríntios 12.4-30; Efésios 4.1-16.
56 Rm 8.26,27.
57 Cf. Atos 16.10.
58 Cf. Atos 16.6
59 Cf. Atos 6;13.
60 Cf. Colossenses 3.16.
61 Cf. Colossenses 3.15.
62 Cf. Atos 2.14,18.
63 Cf. Gálatas 2.20; Cl 1.27; Rm 8.10; 1Co 3.16.
64 Cf. Efésios 4.22; 1Coríntios 3.1; Hebreus 5.13; Colossenses 3.9.
65 Cf. 1João 3.2.
66 Cf. Gl 5.16.

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