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terça-feira, 12 de janeiro de 2010

PRIMEIRAS IDÉIAS SOBRE O REINO DE DEUS

Parte IX
PRIMEIRAS IDÉIAS SOBRE O REINO DE DEUS 
O pensamento antigo de Israel era que o reino de Deus se manifestaria no senhorio do rei de Israel. Esta é a primeira idéia acerca desse tema (cf. 2Sm 7.12-16; Sl 89.36, 37). Enquanto Israel fosse soberano e tivesse um rei no trono, Deus também seria Senhor e Soberano. Esse foi um conceito primário e bem primitivo acerca do reino de Deus. Por isso, eles entendiam que o soberano faria justiça ao pobre, restituiria os direitos da viúva, e defenderia o órfão, libertando com esses atos o mundo da iniqüidade em que estava. Naturalmente que os aproveitadores (e os há em todo lugar...) do tempo de Davi até perguntaram "Que parte temos nós em Davi" (1Rs 12.16). Alguns não queriam ter parte num reino que faria a defesa da viúva, e daria direitos ao necessitado. 




Vamos andar no tempo, e com a sua passagem, a idéia que passou a dominar em Israel era que o culto no templo, com os seus sacerdotes e levitas, com os sacrifícios, normas e prescrições a respeito da santidade (kashrut), resolveria o assunto, porque o reino de Deus estaria no templo, e nos ofícios. Uma pessoa que queria ver e sentir o reino de Deus ia ao templo, e ali sacrificava, razão porque, na teologia antiga de Israel, passou o reino de Deus a ser sediado no templo e no culto realizado naquele local.




No entanto, os profetas falaram contra isso, e denunciaram o culto sem conversão. E isso era muito fácil: alguém teria uma vida ímpia, vil e de corrupção, e viria ao culto onde sacrificaria um animal, e, assim, entendia ter resolvido o seu problema. Culto sem conversão! Sem solidariedade, e de egoísmo em lugar da misericórdia, motivo que leva o profeta Amós a dizer,




"Aborreço, desprezo as vossas festas, e não me deleito nas vossas assembléias solenes. Ainda que me ofereçais holocaustos, juntamente com as vossas ofertas de cereais, não me agradarei deles; nem atentarei para as ofertas pacíficas de vossos animais cevados. Afasta de mim o estrepito dos teus cânticos, porque não ouvirei as melodias das tuas liras. Corra, porém, a justiça como as águas, e a retidão como o ribeiro perene" (Am 5.21-24; cf. Is 1.17; Os 6.6). 


Em lugar da misericórdia, persistia o egoísmo, e isso Deus não podia tolerar! Mas os israelitas antigos não entenderam que Deus reinaria no templo, sim, mas o templo de Deus é o ser humano restaurado, transformado, lavado pelo sangue de Jesus!

Uma visão da era messiânica vai ser dada mais adiante pelos profetas como Isaías (o profeta messiânico por excelência, onde se respira a vinda do Messias do primeiro ao último capítulo), Ezequiel, Malaquias. Isaías fala de um novo tempo a ser governado por Aquele que é chamado

"Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai Eterno, Príncipe da Paz" (9.6); profetiza também acerca do Espírito do Senhor sobre o soberano do reino de Deus, e diz, "E repousará sobre ele o Espírito do Senhor, o espírito de sabedoria e de entendimento, o espírito de conselho e de fortaleza, o espírito de conhecimento e de temor do Senhor" (Is 11.2);

é quem fala sobre bênçãos do reino de Deus na expressão de 11.6-11, da qual destacamos:

"Morará o lobo com o cordeiro, e o leopardo com o cabrito se deitará; e o bezerro, e o leão novo e o animal cevado viverão juntos; e um menino pequeno os conduzirá... Naquele dia a raiz de Jessé será posta por estandarte dos povos, à qual recorrerão as nações; gloriosas lhe serão as suas moradas. Naquele dia o Senhor tornará a estender a sua mão para adquirir outra vez o resto do seu povo, que for deixado, da Assíria, do Egito, de Patros, da Etiópia, de Elão, de Sinar, de Hamate, e das ilhas do mar".

Mas que linda reunião de todos os povos e daqueles que são salvos pelo Cordeiro de Deus! É também Isaías quem fala dos acontecimentos maravilhosos e extraordinários que terão lugar no reino de Deus! "Naquele dia os surdos ouvirão as palavras do livro, e dentre a escuridão e dentre as trevas os olhos dos cegos as verão" (Is 29.18)!

No chamado "Primeiro Poema do Servo Sofredor" (Is 42.1-9), é também mencionado o tema central do reino de Deus: "Eis que as primeiras coisas já se realizaram, e novas coisas eu vos anuncio; antes que venham à luz, vo-las faço ouvir" (42.9)! Tudo o que é novidade do reino de Deus nós teremos compreensão da parte do próprio Espírito de Deus! É disso que fala, e dos capítulos 40-55 Isaías vai falar de uma nova criação, produto do reino e da soberania de Deus.

Ezequiel também, e ele estava na Babilônia, o povo estava no exílio, e esse profeta cantou sobre o Messias a quem Deus chama "meu servo Davi", e Ezequiel no capítulo 37 o expressa deste modo:

"e Davi, meu servo, será seu príncipe eternamente. Farei com eles um pacto de paz, que será um pacto perpétuo. E os estabelecerei, e os multiplicarei, e porei o meu santuário no meio deles para sempre. Meu tabernáculo permanecerá com eles; e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo. E as nações saberão que eu sou o Senhor que santifico a Israel, quando estiver o meu santuário no meio deles para sempre. Meu tabernáculo permanecerá com eles; e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo. E as nações saberão que eu sou o Senhor que santifico a Israel, quando estiver o meu santuário no meio deles para sempre" (Ez 37.25b-28).

João 1.24 fala que o Senhor veio e armou o seu santuário, Sua tenda e "habitou entre nós". Davi já havia morrido há 400 anos, mas o Senhor chama a Davi "meu servo" porque Ele fez referência àquele que é a descendência de Davi (cf. Sl 96.10-13).

Pois bem, a oração de todo judeu piedoso era pela vinda do reino de Deus, por causa desse alimento espiritual que recebia todo judeu, dos profetas que falaram da vinda desse reino. Foi nesse ponto que Jesus Cristo entrou no cenário da história humana. Pois eu creio no reino de Deus por causa de manchetes como estas extraídas do jornal de nossa cidade:

"QUATRO ASSALTANTES TOMBAM EM TIROTEIO"
"MATOU O CUNHADO COM FACADA NO CORAÇÃO"
"LEVADO COMO REFÉM"
"CHINA TEM 300 MIL VICIADOS EM HEROÍNA"

Manchetes que chocam, machucam, escandalizam e fazem lamentar! Sim; creio no governo de Deus sobre indivíduos que se rendem, que se entregam, que se quebrantam: creio na honestidade, no amor, na solidariedade, no calor humano, mas sobretudo no calor do Espírito na consciência, na alma, no espírito do crente!

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