Parte XXVII
Debaixo do Sol
INTRODUZINDO:
Estudar o livro de Eclesiastes na maioria das vezes, tem sido motivo de perplexidade:
. Como compreender alguns textos, que parecem aprovar conceitos claramente diversos dos conceitos expostos nos demais livros da Bíblia?
. Examinemos alguns:
a. 1.15
b. 2.24
c. 3.1-8
d. 3.16-22
e. 8.15
. Como compreender o livro de modo total?
. Qual é sua mensagem?
. Para que fim foi escrito?
Curiosamente, observamos que os problemas que aparecem nele não são apenas de natureza filosófica, mas também de natureza ética e teológica.
Observe também que não apenas nas mensagens explícitas, mas também ao longo de suas páginas, há uma espécie de “odor” de materialismo e uma nota constante de pessimismo.
CONSIDERANDO:
. Embora este trabalho não tenha por fim um estudo hermenêutico, não posso deixar de considerar a hermenêutica como chave para a compreensão dos princípios éticos que Salomão nos passa através deste livro.
. As últimas notícias que temos a respeito de Salomão, nas Escrituras Sagradas, nos relatam sua idolatria (1Rs 11.1-8). Este fato é extremamente relevante para as nossas considerações, pois a maioria dos estudiosos concorda que foi exatamente neste período que ele escreveu Eclesiastes.
. Mais do que em outro livro, aqui não podemos abrir mão do princípio calvinista da exatidão da Bíblia, ou seja: Deus não nos legou algo apenas a título de curiosidade, e muito menos a Sua Palavra carece de ser justificada ou desculpada como encontramos alguns comentaristas fazendo: “- Não que Salomão tivesse intenção de dizer isto, mas...”.
ANALISANDO:
1. Ao examinarmos o capítulo 1 notamos claramente a preocupação do homem que se intitula o Pregador, em examinar o mundo no qual vive, aqui belamente chamado “debaixo do sol”, à luz de seu CONHECIMENTO CIENTÍFICO; note que até o versículo 11 o destaque é para as ciências naturais: ventos, sol, rios etc. e a partir do 12 ao 18, examina-se a filosofia.
2. No capítulo 2, temos este mundo examinado sob o prisma da vida secular. Note os onze primeiros versículos; aí aparecem, misturados, PRAZERES e POSSESSÕES. É o protótipo do homem moderno. Empreendi, fiz, edifiquei, plantei, comprei, amontoei, provi-me, engrandeci-me etc. Do versículo 18 ao 26 encontramos em destaque o TRABALHO, e afadigar-se debaixo do sol.
3. No capítulo 3, encontramos uma outra visão deste mesmo mundo; agora ele é visto pelo prisma da FATALIDADE.
4. No capítulo 4, o prisma pelo qual o mundo é visto, é o das TRIBULAÇÕES.
5. No capítulo 5, inaugura-se uma visão um pouco mais positiva, é que aqui aparecem pela primeira vez no livro aspectos de uma RELIGIÃO sadia.
6. O capítulo 7, introduz aqui o aspecto MORAL como chave de uma análise mais criteriosa da sabedoria e do relacionamento entre os homens.
7. O que poderíamos chamar de ideologia, que são os diversos prismas através dos quais o mundo foi visto até agora, é abandonada a partir do capítulo 8, em favor de uma observação mais imparcial, ou realista do mundo, e este raciocínio mais “real”, conduz o pregador às conclusões que observamos desde o próprio capítulo 8.
8. A conclusão do livro está esboçada no capítulo 11, porém ela se apresenta impressionante no texto 12.13 e 14.
CONCLUINDO:
. O que nós podemos observar é um homem, quase que desesperado procurando sentido para sua vida. Como um protótipo do homem moderno, Salomão, aqui se esforça, e no CONHECIMENTO CIENTÍFICO, NOS PRAZERES, NAS POSSES, NO TRABALHO, NO FATALISMO, NO CONFORMISMO, NA RELIGIÃO, E NA MORAL, tenta num esforço enorme, descobrir sentido para a sua vida “debaixo do sol” (ou seja: longe de Deus).
. A cada idéia, uma nova tentativa; e uma nova decepção fica clara ao repetir as palavras: “... isto também é vaidade e correr atrás do vento”.
. Na realidade as conclusões a que ele chega, contrárias ao restante da Bíblia, são as mesmas a que chegaria qualquer homem culto, que procurasse sentido para a sua vida, à luz daqueles prismas ou ideologias e longe de Deus.
. São portanto, preciosas cada uma das conclusões e conselhos que aparecem aqui, mesmo que sejam totalmente divergentes dos postulados bíblicos, pois elas nos mostram, que quem as seguir, sinceramente, chegará a mesma conclusão de Salomão: “VAIDADE DE VAIDADE, TUDO É VAIDADE”.
. Eticamente, nós podemos destacar, aqui, dois princípios elementares:
1. A vida, debaixo do sol, longe de Deus, não faz sentido algum, mesmo que seja vivida com toda cultura e sinceridade que alguém possa imprimir-lhe.
Esta busca, seja que nome tenha, (materialismo, filosofia, cosmogonia etc.) só levará o homem à canseira, à fadiga, (nas palavras de Salomão) ou à linha do desespero, usando o termo cunhado por Schaeffer.
2. A vida, plenamente vivida, ainda que debaixo do sol, porém com raízes além do sol, na eternidade, é resumida no temor de Deus, e na guarda de seus mandamentos.
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