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terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

XVIII - CARÁTER MISSIOLÓGICO DA ESPERANÇA CRISTÃ 2


II- METODOLOGIA MISSIOLÓGICA DA ESPERANÇA CRISTÃ

A seguir, apresentaremos os métodos missiológicos que podem ser encontrados na Esperança Cristã. Para o estudo dessas correntes escatológicas de interpretação da esperança cristã, iremos considerar a ênfase missiológica que cada uma tem se proposto a oferecer. 2.1 A Esperança se realiza na fé em Cristo
(C.H. Dodd)

Cristo veio cumprir a vontade do Pai, morrendo e ressuscitando. Ele possibilitou essa realização, pois cumpriu cabalmente os desígnios divinos, determinando o cumprimento dos eventos escatológicos a partir da sua encarnação, morte, ressurreição e exaltação. E é, ademais, na parousia que se encontra um novo aspecto dessa escatologia cristológica: nEle tudo se cumprirá (Romanos 11:33-36). Os temas com respeito ao julgamento e juízo divinos não se referem aos aspecto escatológico, mas sim apocalíptico (consumação). Assim sendo, o reino já está consumado e realizado em Cristo. No entanto, há várias concepções de interpretação com metodologias que necessitam ser aprofundadas.



No caso de Dodd, encontramos a fé como concretizadora dessa esperança. A fé se torna o instrumento de medida para a realização dessa esperança. Os intérpretes julgam-na necessária para que a esperança cristã se junte às estratégias de evangelização e que cada ato missionário revele a missão cristã enquanto fé escatológica.

É mister, portanto, o ministério pastoral voltar-se a essa prática de fé enquanto promotora da missão. A prática pastoral é um ato de fé em Cristo. Mesmo com respeito aos futuros desafios que a Ekklesia terá que realizar, a fé será ainda um elemento escatológico de realização cristã. Enfim, a comunidade que crê é a que espera a realização do futuro.

2.2 A Esperança está em realização pela pregação do Evangelho (Cullmann)

Cristo é considerado como o escatós, como agente da realização escatológica divina em processos diferenciados pela vontade do Pai, ou seja, no Antigo Testamento o sentido escatológico da esperança era ilustrado pelas alianças de Deus com seu povo; em o Novo Testamento a escatologia divina é manifestada no Filho e executada pelo Espírito, mas no futuro, ela será consumada na parousia. Assim sendo, somos ensinados pelo Espírito nas questões que hão de vir.

É salutar que a posição de Cullmann seja pautada na pregação do Evangelho, uma vez que o aspecto kerigmático do cristianismo é essencialmente escatológico. Tudo indica que esta interpretação é uma dialética do já e ainda não O primeiro seria entendido como uma condição, ou seja, pregar o Evangelho. Já o segundo como resultado-conseqüência, isto é, a realização da esperança pela pregação. A comunidade condicionada à pregação, anuncia a realidade da esperança na vida cristã e, em conseqüência disto, a mesma comunidade goza dos resultados dessa pregação. Resta-nos, apenas entender como fica a missão, uma vez que a compreensão da Grande Comissão (Mateus 18:18-20; Marcos 16:15-17; Lucas 24:47-49; João 20:19-23; Atos 1:6-11) é de caráter imperativo e não condicional. Daí, entende-se que a esperança está em realização (o ainda não). 2.3 A Esperança está condicionada à práxis eclesiológica (Weiss e Schweitzer)



O paradigma escatológico é Cristo, logo, todos os elementos de sua escatologia são conseqüentes a nós. Essa corrente vê o reino como essencialmente escatológico e supra terreno. Esta é a posição que defende o reino futuro. Ela estabelece parâmetros de medida e ação eclesiológica, não permitindo uma outra maneira de reconhecer a manifestação da esperança senão pela prática cristã. É claro que não está se referindo à presença cristã, mas sim à prática missiológica pela Igreja.


Por vezes, pode ser confundida com a corrente anterior, mas ela está querendo abranger a estrutura que a Ekklesia possui para concretizar a esperança enquanto catalisadora da missão. É relevante, pois permite à atual missiologia refletir sobre os esquemas de prática cristã dentro das próprias estruturas que igrejas e agências missionárias possuem.

2.4 A Esperança é inaugurada em Cristo (Fuller)

Tem como objetivo, enfatizar a missiologia a partir da escatologia. Cristo também é o paradigma escatológico. Ele é o inaugurador da nova concepção da parousia no Novo Testamento. Essa compreensão dá-nos uma visão apocalíptica da volta de Cristo, ou seja, a pregação se torna emergente, o tema da volta de Cristo é o conteúdo prioritário da evangelização. Desta forma, Jesus inaugura uma nova visão de messianismo. E a exigência é a fé.

Esse paradigma escatológico é o cumpridor da missão inaugurada em Cristo. Favorece os meios de atuação missionária a partir da esperança. Como isso se dá? Pela inauguração em Cristo. É escatológico pelo aspecto apocalíptico, na manifestação de Cristo, a esperança se realiza enquanto fator consumador. A missão se cumpre e oferece duplo aspecto: o da libertação em Cristo se inaugura a esperança salvífica patrocinada pela misericórdia do Pai; e o outro o da condenação, que explicita a justiça no julgamento do Pai.



2.5 Reação às Metodologias: A Esperança Cristã via paradigmas escatológicos de plantão prejudica a missão da Igreja

Quando olhamos a esperança cristã a partir dessas metodologias, via escatólogos de plantão, perdemos a verdadeira noção do reino de Deus e da missão da igreja, porque o que importa na realidade é lembrar que não é presente, nem futuro, ou seja, não está totalmente no presente, nem somente a realizar-se no futuro. Há uma relação dialética entre presente e futuro, pois:

O reino de Deus não é apenas futuro e utopia, é presente e encontra concretizações históricas. Por isso deve ser pensado como um processo que começa no mundo e culmina na escatologia final. Em Jesus encontramos a tensão dialética sustentada adequadamente; por um lado a proposição de um projeto de total libertação, que podemos entender como reino de Deus, e, por outro, mediação (gestos, atos, atitudes) que o traduzem processualmente na história. Por um lado o reino é futuro, por outro lado é presente e está perto.



Desta maneira, em Cristo, a realidade do reino vai além do que um estado comandado por Deus. Significa também o cumprimento da vontade do Pai. Assim sendo, a missão da igreja deve ter como fator motivador a esperança cristã, baseada na promessa da parousia em um futuro desconhecido.


III- A ESPERANÇA CRISTÃ COMO ARTICULADORA DE UMA MISSÃO CONTEXTUALIZADA

Nesse capítulo, a Esperança Cristã será tratada enquanto elemento de articulação para a efetivação da missão no contexto latino americano. E salutar que essa articulação decorre das experiências históricas vividas nesses 500 anos de colonização e evangelização. O tema da justiça é algo que ainda percorre na América Latina como carro-chefe da esperança cristã. É a missão profética da Igreja que articulará essa esperança.

3.1.1 A Igreja é cumpridora de uma missão encarnada na Esperança Cristã

A eclesiologia latino-americana volta á prática de uma teologia encarnacional, pois o cumprir missiológico se dá quando a presença cristã efetiva a esperança na transformação da realidade atual. A vida na América Latina precisa sofrer uma conscientização a partir do papel missiológico da Igreja. Essa função só se cumprirá se ela inaugurar um novo imperativo da escatologia cristã. Não é pois desconsiderar o papel de Cristo na redenção universal da criação, mas extrapolar o sentido que a esperança tem para a missão da Igreja. Em poucas palavras, a Igreja é a responsável pela conscientização da sociedade no cumprir da missão que gera novidade de vida.

Se a igreja é a cumpridora da missão, qual o melhor conteúdo para expressar essa verdade. Dizemos, pois que se encontra na esperança cristã. Em Tito 2:11-13, há a promessa da manifestação da esperança e da glória em Cristo. A igreja experimenta a vida de Cristo porque espera na manifestação de sua glória. Diríamos que a esperança cristã incentiva-nos a um caráter revolucionário: esperamos porque acreditamos na transformação da América Latina. Sendo assim, a Ekklesia tem a missão de encarnar essa esperança e cumpri-la cabalmente, pois todos aguardam a bendita esperança da manifestação da glória de Cristo (cfe verso 11).


Esse sentido escatológico de que a missão da igreja se encontra na encarnação da esperança cristã é vivido pela fé que a comunidade cristã tem na concretização do reino anunciado por Jesus para o tempo presente. O encarnar-se é colocar em funcionamento a missão da Igreja. Não é um aspecto ético-moral apenas, mas profético, pois anuncia a graça salvadora a todos os homens. Para nós, portanto, latino-americanos, somos desafiados a cumprir a esperança cristã. É preciso que o ministério pastoral volte-se à encarnação da esperança como cumpridor da missão integral da Igreja. Somente através de uma prática encarnacional da esperança é que a Ekklesia motivará e cumprirá a missão na América Latina.



3.2 O conteúdo da Esperança em Cristo é a missão educativa da Igreja com alcance à liberdade O ministério educativo da Igreja possui também um aspecto escatológico. Entende-se esse ministério aliado à missão integral da Igreja com a perspectiva de liberdade. O cristão, conhecendo a Cristo, alcança a liberdade como paradigma de uma missão educativa. Essa apologia pode ser esquematizada pelos seguintes elementos:

a) A Palavra: é, pois, na proclamação que os cristãos compreendem o poder da esperança enquanto agente catalisador da esperança. O ministério da Palavra é essencial no entendimento da esperança que liberta;

b) A comunhão: gera uma esperança viva, eficaz e solidária na comunidade a ponto de extrapolar o sentido da liberdade, haja vista as comunidades cristãs primitivas surgirem de um contexto de libertação da opressão e dos opressores;



c) O Espírito: também é agente catalisador da esperança que liberta. Ele renova a alma (mente) humana dando novas estruturas de pensamento, linguagem e intenções. É o Espírito que possui a função de ensinador (João 14:26) e direcionador da verdade;

Uma comunidade que tem como conteúdo o ministério educativo da esperança enquanto libertadora, se preocupa em traçar estratégias de atuação no cumprimento da missão, pois educa para o reino de Deus, para a justiça e para o futuro (esperança cristã). Esta última é a responsável pela realidade da liberdade humana. A Igreja é a promotora da esperança que liberta. Para isso, ela deve contextualizar o ministério educativo, trazendo em seus currículos o conteúdo da esperança cristã com vistas à libertação.

3.3 A Esperança Cristã se cumpre na prática da justiça

A justiça é tema constante na teologia bíblica e sistemática. Ela precipua a esperança cristã, pois exige praticidade de uma fé que realiza milagres na história humana. Pode-se dizer que a prática da justiça é a afirmação da esperança que salva, justifica e liberta. É salutar, em nosso contexto latino-americano, o cumprimento da justiça, pois, efetiva e concomitantemente, ela executa a esperança cristã. 

Que diremos pois da esperança que não cumpre a justiça de Deus? É inócua, ineficaz e irrelevante. A comunidade que anseia pela honestidade, pelos valores morais direcionados ao próximo, pela filantropia e pela fraternidade é aquela que volta seus olhos ao anúncio da justiça e coloca em prática esses elementos de transformação. A comunidade uma vez justificada cumpre a justiça de Deus na expectativa de viver pela fé a esperança da realização do reino na vida presente.



Eis, pois, o desafio lançado à eclesiologia latino-americana: converter-se à justiça, praticá-la e viver na esperança do reino de Deus. Atualmente, vive-se uma expectativa de realização do anúncio profético contra a injustiça, mas é preciso, agora, cumprir esse anúncio: da teoria, do palanfratório, da ineficácia para a práxis cristã, ou seja, ser mais prático, dinâmico, contextual e profético. A Igreja latino-americana vive a expectativa do anúncio do reino, mas anseia pelo cumprimento dele em nosso meio.


3.4 A Esperança Cristã se realiza na América Latina: propostas de uma missão evangelizadora

A partir do Clade III, ficou decidido na confissão de Evangelização pelos documentos finais do Congresso, que o ide é para todos e, parafraseando Atos 1:8... e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém, Galiléia, Sarnaria e até os confins da terra... a começar pela América Latina. Entendemos que o conteúdo da esperança na evangelização ocupa um espaço relevante na missão da Igreja. Dessa maneira, os congressos, consultas, conferências e eventos evangelísticos tiveram um papel de amadurecimento quanto à questão de expressar o sentido escatológico da evangelização. Para tanto, a caminhada é rumo às propostas de uma missão evangelizadora.

As teologias contemporâneas de missão vêm de encontro à tradição bíblica para expressar a ação evangelizadora da Igreja, observando o contexto da cultura, da raça e do ambiente de atuação. Missiólogos têm se preocupado nessa área, favorecendo-nos com ideais diferentes de missão, mas que são essencialmente contextuais. Vamos estudar três modelos básicos de uma proposta de missão evangelizadora com vistas à esperança cristã.

3.4.1 René Padilha: servindo os pobres
na América Latina



A proposta de Padilha é a de apresentar o ministério integral numa perspectiva bíblica. É, pois, através dessa abordagem que ele propõe uma avaliação teológica dos tipos de ministérios já desenvolvidos até então. Sua conclusão é de que todos foram frutos de uma missão conquistadora de territórios, ideologias eclesiásticas e, sobretudo, de estratégias evangelísticas.

Ao avaliar a situação da América Latina, propõe uma teologia de missão evangelizadora contextual e de transformação social, ou seja, servindo os pobres. Não é uma rememoração à Teologia da Libertação, mas sim uma resposta evangélica à Teologia Contemporânea de Missão. No que diz respeito às estratégias, comprova-se:

Até muito recentemente, a evangelização feita pelas igrejas evangélicas era, em boa parte , "desencarnada". Estava dirigida para a salvação da alma, mas passava ao largo das necessidades do corpo. Ela oferecia a reconciliação com Deus por meio de Jesus Cristo, mas deixava de lado a reconciliação do ser humano com seu próximo, que se baseia no mesmo sacrifício de Jesus Cristo. Ela proclamava a justificação pela fé, mas omitia toda e qualquer referência à justificação social enraizada no amor de Deus pelos pobres.



Compreendo tais dimensões da evangelização no ministério integral, podemos dizer que o caráter missiológico da esperança cristã é o do serviço aos necessitados da América Latina. É uma missão voltada à prática diaconal semeada pela esperança de Cristo. É mister, portanto, que o ministério pastoral (integral e contextual) seja o da esperança cristã que viabiliza a evangelização da América Latina.

3.4.2 Orlando Costas e a Evangelização contextual

O segundo modelo é mais teológico. Orlando Costas propõe também uma Evangelização contextual tanto nos fundamentos bíblico-teológicos quanto nos pastorais. Fiquemos com o primeiro, pois relata a Trindade como paradigma de uma missão evangelizadora contextual. Esse modelo1 todavia, requer uma conscientização global da Ekklesia, pois busca encarnar em seus membros a ação transformadora do evangelho.

Se atentarmos para a temática da esperança cristã, compreenderemos que a responsabilidade missionária da Igreja para a América Latina resulta nas quatro teses defendidas por Costas:

A evangelização contextual envolve o testemunho da igreja em todas as partes e em todo momento na presença da ação do Deus trino.

A evangelização contextual requer a imersão da igreja na origem da história humana e da história trina de Deus.

A evangelização contextual oferece à Igreja a oportunidade de fazer uma contribuição significativa à reconciliação do mundo com Deus e consigo.

A evangelização contextual não deve ser entendida na igreja como uma atividade que se faz em tempo parcial por um grupo de especialistas, mas sim como um ministério que pertence a todo o povo de Deus. 

Entende-se, portanto que a esperança cristã se cumpre na América Latina quando a Igreja encarna e vive a trindade. É claro que esse ponto teológico deve ser melhor definido: o ministério pastoral deve elaborar meios de articulação da práxis evangelizadora com vistas ao envolvimento dos santos no serviço do Reino.

3.4.3 Leonardo Boff: 500 anos de evangelização

A análise feita por Boff é histónco-teológica. Sua apreciação sobre o pano-de-fundo da colonização e evangelização latino-americana é pertinente à nossa pesquisa, pois não há realização da esperança cristã senão a feita na história humana e divina. É, portanto, uma ajuda à reflexão histórica da própria realização da esperança cristã. Pode-se afirmar que as conseqüências de realização do reino de Deus a partir da esperança cristã no contexto latino americano é o de uma volta à história e, paulatinamente, uma recomposição desta observando os critérios de injustiça opostos aos de justiça ou seja, recontar a história a partir dos vencidos ou oprimidos.


Sendo assim, Boff diz que a missão da América Latina se realiza na antecipação da esperança cristã que, comunica os aspectos do profetismo na evangelização, tão peculiares à atual pastoral latino-americana: o sentido da justiça na sociedade hodierna. Basta-nos, então, encontrar as raízes da interpretação escatológica da esperança cristã dominante para, também, ser aludida à voz profética da Igreja missionária que liberta, emancipa e transcende o conceito da volta de Cristo.

A América Latina comunica aos seus habitantes o sentido original da esperança cristã a partir de uma missão evangelizadora Daí, entende-se, primariamente, a reconquista histórica do povo de Deus: Havendo Deus, outrora falado, muitas vezes e de muitas maneira aos nossos país pelos profetas. Hoje, de certa forma, tem nos falado através da história de evangelização da América Latina (Hebreus 1:1). É o momento de enxergar as conquistas à realidade da esperança cristã no continente latino americano.


IV - CONCLUSÕES

4.1 A Esperança Cristã é missiológica porque apresenta única e exclusivamente Cristo

Entendemos que a esperança cristã é missiológica porque tem como base e fundamento a pessoa de Cristo. É em Cristo que a nossa esperança está firmada, assim sendo, a esperança cristã passa a ter um novo caráter, entendendo que a vitória de Cristo já foi ganha na ressurreição e na cruz, onde Cristo triunfou sobre a morte. Desta forma, a esperança cristã assume uma nova concepção, pois somos motivados a proclamar o reino de Deus, a partir da vitória de Cristo. O reino de Deus portanto, já não é algo futuro, mas bem presente entre nós. E é neste presente que podemos afirmar "venha o teu reino". Quando fazemos esta afirmação, estamos vivenclando o caráter missiológico da esperança que está em nós. Apresentamos a Cristo como a nossa motivação e esperança maior. Cristo é portanto, a razão da nossa esperança.

4.2 Não existe missão se baseada numa metodologia de escatólogos plantonistas

Ao vislumbrarmos o reino de Deus dentro das concepções do já e do ainda não, fica claro que a nossa atuação, do ponto de vista da proclamação do evangelho está totalmente prejudicada por causa da definição dos escatólogos de pIantão. Se somos movidos a proclamar e ter esperança a partir dessas metodologias, com certeza a nossa motivação não estará firmada na verdadeira esperança, que transforma-nos a partir da vitória de Cristo sobre a morte, mas sim determinada pela visão de uma metodologia que nos aponta para uma verdadeira apatia profética.


Com esta visão, os escatólogos de plantão mostram que a sua teologia não é uma teologia engajada e comprometida com as transformações sociais que a América Latina tanto clama. Assim sendo, não podemos enquanto igreja aceitar de forma passiva a idéia daqueles que pensam missão a partir dessas metodologias. Devemos pensar em missão, a partir da visão de que a igreja não espera edificar o reino de Deus sobre a terra, nem cristianizar a sociedade. A nossa esperança é escatológica, mas seu serviço e seu testemunho são o sinal bem presente dessa esperança e do domínio de Cristo em nossas vidas.

4.3 A missão da Igreja é motivar a humanidade à fé em Cristo e esperar na realização do Seu Reino

Quando a igreja através do anúncio profético fala à humanidade sobre o reino de Deus, ela motiva as pessoas à fé em Cristo. Assim sendo, falar do reino de Deus é falar do propósito redentor de Deus para toda a criação e da vocação histórica que a igreja tem em relação a este objetivo no aqui e agora. É também falar de uma realidade escatológica que constitui simultaneamente o ponto de partida e a meta da igreja. A missão da igreja, consequentemente, só pode ser entendida á luz do reino de Deus. E já que este reino foi inaugurado em Jesus Cristo, não é possível entender corretamente a missão da igreja sem entendermos a própria missão de Jesus. É a manifestação, ainda que incompleta do reino de Deus, tanto por meio da proclamação, como por meio do ensino, comunhão e ação social. Desta forma, a igreja como comunidade do reino produz sinais visíveis e estes devem ser direcionados aos cativos e perdidos. O viver da comunidade então, é o antecipar da presença do reino de Deus no meio do povo.


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