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quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

A VERDADEIRA DIVINDADE DE JESUS CRISTO

Para a explicação deste assunto, DC entra na estória do Deus encarnado. Assim, como nota explicativa, o autor diz que Story, no original. Traduziram este termo por “estória” para diferenciá-lo de history, que traduzimos sempre por “história”. 



Existem, no tocante a encarnação, duas reações opostas da parte dos estudiosos. São a reação conservadora, que rejeita a descoberta em defesa da fé tradicional. Dizem que a Bíblia contém verdade, e não mito. O acontecimento da encarnação foi real.


A outra reação é a liberal, que consiste em reconhecer a descoberta do caráter mítico da encarnação e então desmitologizar a fé cristã para torná-la relevante para o mundo contemporâneo. Nesta concepção, a estória da encarnação não essencial para a fé cristã.
Porém, não viu-se nenhuma das posições como adequadas para uma teologia cristã construtiva. Paul Tillich fala sobre a terceira abordagem, que é a interpretação do mito como estória, sem compreender seus elementos simbólicos literalmente, mas também sem eliminar seus aspectos históricos. Bultmann propõe o método de interpretação existencialista para salvar o querigma do mito. Se bem que, ao meu ver, a desmitologização bultmaniana foi exacerbada, podemos tirar dela seus auxílios, que não foram poucos! Desta forma, Deus não pode ser reduzido a uma termo da existência humana, então, o mito não é a realidade, mas a sombra da realidade, a maneira de se referir à realidade, é como se fossem as etiquetas colocadas pela igreja primitiva, sobre os acontecimentos que viam e ouviam.

Na verdade, a igreja tomou emprestado a linguagem do mito e da história para descrever e interpretar o Logos de Deus. Os deuses gregos não eram como o nosso, e isto os primeiros cristãos sabiam, então, é claro que eles não confundiam Cristo com Zeus, por exemplo, mas, a linguagem a qual usava-se aos deuses gregos, era a única que eles conheciam, então, usavam esta linguagem, se bem que bastante transformada, adaptada à Cristo, quando se referiam ao Logos de Deus.
Duas correntes tentaram explicar esta questão sobre a realidade de Deus. Foram os adocianistas e ebionitas: Jesus não era, para eles, verdadeiramente Deus, pois Deus não pode sofrer. A outra maneira era a dos docetas e monofisitas: Cristo era Deus, mas não seus sofrimentos.

Porém, o Deus de Israel não era assim, pois o Deus descrito na Bíblia, é o Deus que sofre com o Filho. Deus sofreu por sua liberdade em amor. Se Deus estava em Cristo, então o sofrimento tornou-se parte da experiência de Deus. Na verdade, só se compreende o verdadeiro ser de Deus e da humanidade à luz do Cristo crucificado, como inferiu Martinho Lutero. Lutero chamou isto de “alegre permuta”.

Isto, consequentemente, nos leva a afirmar a divindade de Cristo. A igreja primitiva respondeu à proclamação apostólica do ato redentor de Deus em Cristo na linguagem da oração, do louvor e da ação de graças. A cristologia ontológica se expressa aqui neste ponto, pois a natureza e os atributos de Deus, que sempre foram utilizados na doxologia ao Pai, passa a ser usado na adoração cristã do Filho. No N.T. não há um divórcio entre o ser de Cristo e sua missão, confirmando o fato de que Jesus não é só o Filho de Deus em algum sentido subordinado, mas é de fato Deus.

Na realidade, o conselho nos dado pelo autor, é que, se quero superar os efeitos ruins exercidos pela metafísica grega sobre a cristologia clássica, devo achar uma melhor, e não optar por absolutamente nenhuma. Na verdade, a cristologia nunca poderá ser amarrada em conceitos temporais, porque ela trata de um ser atemporal.

Jesus Cristo, como apresentado em DC, é o perfeito representante de Deus aos homens, e o perfeito representante dos homens a Deus. Não é que Jesus se adaptou à nossa noção de Deus, mas, na verdade, nós reconhecemos nele, o que devemos realmente pensar sobre Deus. Olhamos para Jesus e dizemos: “Não há outro Deus”. Senão, ao invés de cristologia, deveria ser jesulogia. E isto, só podemos fazer pela força mediadora do Espírito Santo, que torna a cristocentricidade de Jesus presente e real em nossas vidas.

A encarnação, basicamente falando, é o auto-esvaziamento de Deus de tudo que separava o Criador da criação, é a auto-entrega de Deus a outros para reconquistá-los. Deus pôde fazer isso por causa da liberdade do amor divino, e não por necessidade pessoal.
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