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sábado, 16 de janeiro de 2010

O ECUMENISMO E O SANGUE DOS MÁRTIRES - VII

Parte III

O ECUMENISMO E O SANGUE DOS MÁRTIRES - VII

INQUISIÇÃO NA CROÁCIA


É muito comum referirmo-nos aos dez séculos de Inquisição – a Idade das Trevas - como a única e mais cruel máquina de extermínio de não católicos e de conversão forçada, em que acatólicos foram perseguidos, torturados e mortos. Recordemos que passados mais de duzentos anos do famigerado Santo Ofício milhares de não católicos foram dizimados na Croácia – os Sérvios Ortodoxos – sob a aquiescência e omissão da Hierarquia Católica. Ali esteve em operação o espírito da Inquisição. “A magnitude da carnificina pode ser melhor avaliada pelo fato de que dentro dos primeiros meses, de abril a junho de 1941, 120.000 pessoas pereceram. Proporcionalmente, à sua duração e a pequenez do território, foi este o maior massacre já acontecido em qualquer lugar no ocidente, antes, durante e após o maior cataclisma do século – a II Guerra Mundial (The Vatican´s Holocaust – Avro Manhattan (1914-1990), 1986. 

A ferocidade foi de tal monta que os “nazistas ficaram horrorizados”. A bestialidade suplantou “tudo que fora experimentado na Alemanha de Hitler”. Mônica Farrell, uma ex-católica romana, relata em seu livro Ravening Wolves (Lobos Vorazes), citada por Mary Schultze, em “Conspiração Mundial”:
“Este é um registro das torturas e assassinatos cometidos na Europa entre 1941/43, pelo exército de ativistas católicos, conhecido como Ustashi [organização terrorista], liderado por monges e padres e do qual até mesmo freiras participaram. As vítimas sofreram e morreram por causa da liberdade de consciência. O mínimo que podemos fazer é ler os registros de seus sofrimentos e guardar na lembrança o que aconteceu, não na Idade Média, mas na nossa própria geração iluminada. Ustashi é outro nome da Ação Católica”.
O novo Estado Independente da Croácia, agindo em conexão com o nazismo de Hitler, da forma mais cruel e repugnante perseguiu, trucidou, torturou e matou mais de um milhão de pessoas em pouco tempo.

A PARTICIPAÇÃO DA IGREJA CATÓLICA 

Tudo começou no dia 10 de abril de 1941, quando foi proclamado o Estado Independente da Croácia, como resultado do triunfo do exército alemão que já havia entrado no país. Na verdade estava nascendo o Novo Estado Católico, sob a liderança espiritual do Arcebispo Stepinac. Diz Avro Manhattan:


“Naquele mesmo dia, os jornais de Zagreb [capital] veicularam anúncios com o objetivo de que todos os residentes ortodoxos sérvios do novo Estado Católico deveriam evacuar a cidade dentro de 12 horas; e qualquer que colaborasse com um Ortodoxo seria imediatamente executado.

No dia 13 de abril, Ante Pavelic, governante do Novo Estado, chegou a Zagreb procedente da Itália. No dia seguinte, o arcebispo Stepinac foi encontrá-lo pessoalmente e o congratulou pelo cumprimento da obra de sua vida. Qual era a obra da vida de Pavelic? A criação da tirania fascista mais impiedosa de todos os tempos para desonrar a Europa”. 

A História revela que a conexão Igreja-Estado sempre produziu uma máquina poderosa, pronta para cercear a liberdade de consciência. Em 28.06.1941, o Arcebispo Stepinac abençoou e aprovou o novo governo com as seguintes palavras: “Enquanto o saudamos cordialmente como Chefe do Estado Independente da Croácia, imploramos ao Senhor dos Astros que lhe dê as bênçãos divinas como líder do nosso povo”. Pavelic, o novo líder, “era o mesmo homem sentenciado à morte por assassinatos políticos; uma vez pelos tribunais iugoslavos, pela morte do Rei Alexandre I, e outra, pelos franceses, pela morte do Ministro Francês do Exterior, Barthou”.
O Vaticano ficou mais vinculado ainda ao Novo Estado Fascista quando membros da Hierarquia Católica foram eleitos para o SABOR (parlamento totalitarista), dentre eles o Arcebispo Stepinac. Avro Manhattan revela que “todos os oponentes em potencial – comunistas, socialistas, liberais - foram banidos ou aprisionados. Uniões comerciais foram abolidas, a imprensa foi paralisada, a liberdade da fala, de expressão e pensamento tornaram-se coisa do passado. Todo esforço foi feito no sentido de forçar a juventude a se filiar às formações para-militares, enquanto as crianças eram moldadas pelos padres e freiras. O ensino católico, os objetivos católicos, e os dogmas católicos tornaram-se compulsórios em todas as escolas. O Catolicismo foi proclamado como religião oficial do Estado”.
A participação da Igreja Católica no novo Estado torna-se ainda mais evidente quando sabemos que “o primeiro Comandante Ustashi no Distrito de Udbina foi o frade franciscano Mate Mogus. No comício de 13.06.41, em Udbina, ele fez esta homilia: `olhai, povo, para estes dezesseis bravos Ustashis, que têm 16.000 balas e matarão 16.000 Sérvios...”; Em Dvor na Uni, o Pe. Anton Djuric, fez um diário de suas atividades, como funcionário da Ustashi. O diário mostra que sob suas ordens a Ustashi derrubou e incendiou a Vila de Segestin, onde 150 Sérvios foram assassinados...”.
O plano diabólico aprovado por Pavelic, conforme declaração dos Ministros da Ustashi, era o seguinte: “Todos os que entraram em nosso país há 300 anos atrás devem desaparecer... a nova Croácia se livrará de todos os Sérvios em seu meio, a fim de se tornar cem por cento católica, dentro de dez anos...mataremos uma parte dos sérvios, levaremos outra para fora e o resto será forçado a abraçar a religião católica romana...o Estado Independente da Croácia não pode nem deseja reconhecer a Igreja Ortodoxa Sérvia”
Não é válido defender Stepinac com a alegação de que ele pretendia defender a Iugoslávia do comunismo, a julgar que o nazismo seria algo um pouco melhor. Nada justifica o apoio irrestrito ao sanguinário governo de Pavelic.

CAMPOS DE CONCENTRAÇÃO 

Leiam o que está escrito em “O Holocausto do Vaticano”:
“Os representantes da única `Igreja verdadeira´ não apenas conheciam tais horrores, como alguns deles eram autoridades nesses mesmos campos e até haviam sido condecorados por Ante Pavelic. Como exemplo, temos o Pe. Zvonko Brekalo, do campo de concentração de Jasenovac, que foi condecorado pelo próprio líder com a “Ordem do Rei Zvonimir”. O Pe. Grge Blazevitch, assistente do comandante do campo de Bozanski-Novi; o irmão Tugomire Soldo, organizador do massacre dos Sérvios, em 1941. E outros mais”. Nesse tempo, estava no comando da Igreja Católica o papa Pio XII (1876-1958), pontífice de 1939 a 1958.
Tais campos de concentração estavam sob a supervisão direta de Pavelic. Aos ustashis cumpria enviar para os campos as pessoas não confiáveis, que eram sumariamente liquidadas. Vejamos apenas uma pequena descrição dos horrores:
“Em março de 1943 os internos do campo de Djakovo foram propositadamente infectados com tifo, causando a morte de 567 pessoas; em 15.09.41, a mesma coisa aconteceu no campo de Jasenovac, chegando a 600/700 o número de mortos; no campo de Stara Gradiska, 1.000 mulheres foram mortas; dos 5.000 Sérvios Ortodoxos levados para o campo de Jasenovic, no final de agosto de 1942, 2.000 foram mortos a caminho, os restantes transferidos para Gradina, onde, em 28.08.41, foram mortos a marteladas; no campo de Krapje, em outubro de 1941, 4.000 pessoas foram assassinadas, enquanto no campo de Brocice,em novembro de 1941, 8.000 tiveram o mesmo destino; de dezembro de 1941 a fevereiro de 1942, em Velika Kosutanica e Jasenovac, mais de 40.000 Sérvios Ortodoxos trazidos dos vilarejos das fronteiras da Bósnia, foram exterminados, inclusive 2.000 crianças; em 1942, havia cerca de 24.000 crianças, somente no campo de Jasenovac, das quais 12.000 foram assassinadas a sangue frio. Uma grande parte das restantes, tendo sido mais tarde liberada diante da pressão da Cruz Vermelha Internacional, pereceu aos montes, de intensa debilidade física. Em destas crianças, acima de 12 meses, morreram após saírem do campo por causa de soda cáustica adicionada à alimentação; o Dr. Katicic, Presidente da Cruz Vermelha, por haver denunciado ao mundo o extermínio em massa das crianças, foi internado no campo de concentração de Stara Gradiska, por ordem de Pavelic; na primavera de 1942, no desejo de imitar os campos nazistas da Alemanha e da Polônia, pessoas foram cremadas ainda vivas, simplesmente empurrando-as para dentro dos fornos previamente aquecidos”. BEATIFICAÇÃO 

“Há dois anos [1998] João Paulo II beatificou o Arcebispo de Zagreb, Cardeal Alojzije Stepinac, defensor da "limpeza étnica" implementada pelos católicos croatas nos anos 40, e prepara-se para fazer o mesmo em relação a Pio XII, o papa que pecou por omissão. Com a palavra Settimia Spizzichino, a única judia romana que sobreviveu a Auschwitz, depois de ser cobaia de Joseph Mengele:
"Voltei sozinha de Auschwitz [Cidade da Polônia, na província de Bielsko-Biala. Famosa por abrigar o maior campo de concentração nazista durante a segunda guerra mundial]. Perdi minha mãe, duas irmãs, uma sobrinha e um irmão. Pio XII poderia ter nos alertado para o que ia acontecer, poderíamos fugir de Roma e nos juntar aos guerrilheiros. Ele nos jogou nas mãos dos alemães. Tudo aconteceu debaixo de seu nariz. Quando dizem que o papa é como Jesus Cristo, sei que não é verdade. Ele não salvou uma única criança. Não fez absolutamente nada." (O Estado de S.Paulo, 26.03.2000).
Sobre o assunto, li na Internet: “Decerto que o Papa pode beatificar e canonizar quem quiser, mas a beatificação de alguém com um passado no mínimo nebuloso como o Cardeal Stepinac [elevado a cardeal em 1953] é um insulto à memória de todos os que foram assassinados pela Ustasha e pelo nazismo”.
Com a derrocada de Hitler, caiu por terra o sonhado Estado Católico da Croácia. Em 11 de outubro de 1946, a Suprema Corte em Zagreb condenou o Arcebispo Stepinac a 16 anos prisão em trabalhos forçados. As principais acusações, conforme consta do processo, foram: 1) colaboração política com o inimigo e seus agentes; 2) convocação dos sacerdotes católicos para colaborarem com os traidores, conforme circular distribuída em 28.04.1941; 3) como presidente da Ação Católica e do congresso dos bispos influenciou a imprensa católica, que fez propaganda do fascismo, elogiou Hitler e Pavelic, e deu cobertura a todo o processo. Stepinac saiu da prisão antes do tempo previsto.
Não iremos descer aos detalhes das conversões forçadas de ortodoxos, que, diante do poder da espada, temendo por sua vida e de seus familiares, submetiam-se aos humilhantes ritos de iniciação ao catolicismo; também não faremos referência às crianças órfãs, aos milhares, que foram expatriadas, raptadas e levadas para outros países; colocadas em orfanatos dirigidos por padres e freiras, rebatizadas com nomes católicos, crescendo sem o contato com seu grupo étnico e religioso original; não falaremos do modo sanguinário, feroz e cruel como muitos Sérvios foram torturados e mortos, enterrados vivos, sangrados, mutilados; das dezenas de templos ortodoxos que foram destruídos ou transformados em salas destinadas às atividades ligadas ao catolicismo. Avro Manhattan, em seu minucioso trabalho em The Vatican´s Holocaust, registra à guisa de conclusão:
“Os massacres da Ustashi, todas as atrocidades cometidas por oficiais católicos, padres ou monges, faziam parte de um esquema friamente calculado para a total eliminação das massas ortodoxas, ativa e passivamente resistindo à sua absorção pela Igreja Católica no sentido de se tornarem ovelhas do seu rebanho. De fato, esta foi a política premeditada pela hierarquia católica, agindo em favor do seu verdadeiro e único inspirador – o Vaticano”.

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Um comentário:

  1. Bom dia, irmão!! Assista esse vídeo mostrando absurdos da "santa" igreja romana!!!
    http://www.youtube.com/watch?v=X3U8EjCd8WA
    Deus lhe abençoe!!!

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