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sábado, 16 de janeiro de 2010

O ECUMENISMO E O SANGUE DOS MÁRTIRES - VI

Parte IV

O ECUMENISMO E O SANGUE DOS MÁRTIRES - VI

NOTA DA CNBB


 “A Presidência e a Comissão Episcopal de Pastoral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, em comunhão com o Papa João Paulo II que, no dia 18 de setembro de 2000, reiterou "ser irrevogável o empenho da Igreja Católica para com o diálogo ecumênico", por motivo da recente Declaração Dominus Iesus da Congregação para a Doutrina da Fé, deseja reafirmar o seu compromisso ecumênico”. 

“Manifesta a todos os cristãos a estima da Igreja Católica que os reconhece justificados pela fé e incorporados a Cristo e os abraça com fraterna reverência e amor como "irmãos no Senhor". Considera também que "suas igrejas de forma alguma são destituídas de significação e importância no mistério da salvação" (Cf. UR). Acredita que o movimento ecumênico, surgido entre os irmãos e irmãs de outras igrejas para restaurar a unidade de todos os cristãos, é uma obra do Espírito Santo” (Dom Jayme Henrique Chemello, Presidente; Dom Raymundo Damasceno Assis, Secretário-Geral). 

A CNBB, que tem compromissos assumidos com a liderança das demais igrejas, com vistas a um diálogo fraterno, manifestou-se favorável à continuidade desse entendimento. Destoando das afirmações exclusivistas da Dominus Iesus, trata os fiéis das outras igrejas como “irmãos no Senhor”. Trata-se de um paradoxo: a CNBB faz parte da Hierarquia Católica; representa, por dever, o pensamento do Papa e segue as suas diretrizes. Consideremos, porém, que a CNBB ficou numa situação desconfortável.
Mais uma nota fora do tom está na palavra ameaçadora do bispo Sinésio Bohn, conforme notícia publicada no início dos anos 90:
“Espantado com o forte crescimento das “seitas” evangélicas no Brasil, os líderes da Igreja Católica Romana têm ameaçado desencadear uma “guerra santa” contra os protestantes, a não ser que eles parem de tirar o povo do domínio católico...Na 31a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil...o bispo Sinésio Bohn disse que os evangélicos são uma séria ameaça à influência do Vaticano neste país. `Declaramos uma guerra santa, não duvidem´, anunciou ele. `A Igreja Católica – disse o bispo – dispõe de uma poderosa estrutura e quando nos mexermos esmagaremos qualquer um que se colocar em nossa frente...´ Conforme Bohn – diz a nota – tal guerra santa pode ser evitada, desde que 13 grandes denominações protestantes assinem um acordo...[o qual] requereria que os protestantes cessassem com todos os esforços evangelísticos no Brasil. Ele disse ainda que, em troca, os católicos concordariam em parar com todo tipo de perseguição aos protestantes” (Revista Charisma, maio de 1994, citação de Dave Hunt, A Mulher Montada na Besta (A Woman Rides the Beast) vol 1, 2001, p. 10, tradução de Mary Schultze e Jarbas Aragão).
O mínimo que podemos dizer dessas palavras é que são arrogantes. Evangelizar, para os evangélicos, é o mesmo que respirar. São trinta milhões de pregadores da Palavra, noite e dia, por todo esse Brasil. Convidamos as pessoas para aceitarem a Cristo Jesus como Senhor e suficiente Salvador. “As armas da nossa milícia não são carnais, mas sim poderosas em Deus, para destruição das fortalezas” (2 Co 10.4).
O romanismo precisa entender que o tempo das conversões forçadas ficou para trás. Esse tipo de conversão à força da espada só funciona nos governos fascistas, quando clero e Estado entram em acordo para oprimir, exterminar, coagir e impedir o livre exercício da liberdade religiosa. Essa força-tarefa funcionou durante mais de mil anos com a famigerada Inquisição; funcionou nos 500 anos de perseguição sistemática aos judeus; obteve “êxito” na Iugoslávia (Croácia), durante a Segunda Guerra Mundial, para deter o avanço da Igreja Ortodoxa; neste massacre colossal, 400 sacerdotes ortodoxos foram enviados a campos de concentração e 700 foram mortos; vinte e cinco por cento dos mosteiros e igrejas ortodoxas foram destruídos; em quatro anos (1941/1945) de massacre, 850.000 membros da Igreja Ortodoxa pereceram, além de 30.000 judeus e 40.000 ciganos; a mesma força-tarefa funcionou no esforço de catolizar o Vietnã do Sul, quando da perseguição de milhares de budistas, a partir de 1963; funcionou bem no Equador, em razão da Concordata de 1862, pela qual o catolicismo romano se estabeleceu como religião estatal, proibido qualquer outro tipo de crença; a força-tarefa funcionou em 1948 na Colômbia, tempo em que muitos não católicos foram assassinados, centenas de igrejas evangélicas queimadas e escolas protestantes fechadas.
Embora o espírito inquisitorial continue em atividade, já não surtem efeito no Brasil as ameaças de excomunhão; a espada não pode ser usada e as beatificações não conseguem evitar que os brasileiros ouçam a Palavra e busquem ao Deus vivo.

O SANGUE DOS MÁRTIRES 

Um dos obstáculos à concretização do sonho ecumênico, na amplitude desejada, não reside apenas nas diferenças doutrinárias, nos descaminhos que se foram somando ao longo dos séculos na Igreja Católica, na irreversibilidade das decisões pontifícias e conciliares. Apesar dos tímidos pedidos de perdão, em face de alguns erros cometidos por infalíveis papas, a Hierarquia Católica por muitos séculos ainda, e até o fim dos tempos gastará muita tinta para minimizar os estragos que sofreu em razão de seus erros.
Ocorre que o sangue os mártires produziu uma nódoa indelével na memória dos povos. Embora haja perdão nos corações, a História não pode ser apagada. Centenas de livros e artigos na internet e nas livrarias expõem a maldita chaga das Cruzadas, da Inquisição na idade das trevas; da Inquisição na Croácia e no Vietnã do Sul; dos acordos com governos fascistas. A Igreja Católica já foi julgada pela História. O derradeiro julgamento, impossível de ser evitado, porque diante dele todo joelho se dobrará, será o do Tribunal do Grande Trono Branco.

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