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segunda-feira, 8 de março de 2010

XXIX - DESABAFO DE UMA LEITORA

Parte XXIX
DESABAFO DE UMA LEITORA

Contra a Teologia da Ganância


 Após ler o artigo "Pobreza é coisa do diabo ou falta de fé?", uma leitora me escreveu fazendo o seguinte comentário: "Louvado seja Deus porque nem todos os pastores e líderes acreditam e ensinam a teologia da prosperidade. Como o pastor Airton, sempre questionei e combati muito esse tipo de pregação. De uma hora para outra isso virou febre dentro das igrejas e muitas almas desavisadas foram iludidas. Ainda vejo a influência desse tipo de ensino nocivo e totalmente contrário à Palavra de Deus e seus efeitos na vida das pessoas ao meu redor. Ao invés de ficarem \"ricas\", ficaram mais pobres de tanto ofertar o que não tinham, chegando ao cúmulo de desfazer-se de seus poucos bens em prol dessa ambição descabida. E tudo isso se resume em uma só coisa. Falta de conhecimento da Palavra de Deus. O povo de Deus de nossos dias tem se limitado a se alimentar com a comida regrada e propositalmente selecionada e distorcida dos \"gurus da teologia da prosperidade\", mesmo tendo a Bíblia (fonte de todo alimento indispensável do cristão) em suas mãos. É de doer o coração presenciar essas coisas, mas aquele que não se aplica ao conhecimento de Deus, sofre as mazelas do mundo e os enganos de satanás, que tem matado a fé de muitas pessoas, roubado muitos lares e destruído muitos servos de Deus".



Comentários do pastor Airton


Há muitos líderes que são contra esse tipo de extorsão, mas silenciam. Parece que fizeram um pacto de silêncio em favor dessa crise teológica por que passa a Igreja Evangélica. A Bíblia não recomenda tal posição. Mas há um grupo que se conserva fiel à manutenção do Evangelho sem mistura, o Evangelho do perdão, do arrependimento, do carregar a cruz.

Igrejas há que preferem entrar na onda da "galinha-dos-ovos-de-ouro" e passam a inventar formas de extrair o máximo das ovelhas. O dinheiro é tentador. Chegam ao meu conhecimento casos intrigantes. Minha irmã, de 70 anos, dirigiu-se a um templo da IURD perto de sua casa, no bairro Cohab-Anil, em S. Luís, Maranhão, a fim de pedir oração. Ela estava se sentindo mal. Ao chegar lá, presenciou uma cena horrível. O pastor estava pressionando as ovelhas, com palavras de comando e até grosseiras, para que elas vendessem seus utensílios do lar (som, vídeo, TV)e entregassem o dinheiro à Igreja. Dizia ele: - Você já vendeu? Já vendeu? Você não vendeu!. Ela ficou horrorizada e voltou sem a oração. Essas pobres ovelhas, gente humilde, muitas vezes sem instrução e sem conhecimento bíblico, acham que serão castigadas se não atenderem às exigências dos ungidos de Deus. Não raro eles dizem que se trata de uma ordem do Espírito Santo. Soube de um caso em que uma comerciária, que ganha salário mínimo, estava preocupada porque ainda não tinha conseguido os duzentos reais necessários à aquisição de um cordão de ouro que lhe garantiria bênçãos especiais. Soube que por menos de duzentos reais um crente, filho de Deus, não participa da campanha da fogueira. Tenho testemunha que viu e ouviu. Um filho meu na fé, de Fortaleza, caiu nas malhas da teologia da prosperidade. Já contribuiu muito e não vê a prosperidade chegar. Desiludido, chegou à conclusão que cristianismo não é um cassino. Assim mesmo ele foi convidado para dar entrevista testemunhando sua prosperidade, mas recusou. A lei da probabilidade ajuda no engano. É impossível que num grupo de 1.000 crentes, pelo menos vinte por cento não experimentem algum tipo de melhoria em seus negócios, quer toquem em algum lençol mágico, quer não. Se não fosse assim, o Brasil estaria falido. O mesmo percentual poderá ser observado num grupo de mil ateus. Portanto, a leitora tem razão no seu desabafo. Tudo isso está sendo registrado na memória das gentes. Um dia alguém escreverá um livro-denúncia relatando muitos casos semelhantes.

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