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quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

A Igreja é de Cristo, já a Política... Bem, a Política é nossa!

Parte VII

A Igreja é de Cristo, já a Política... Bem, a Política é nossa!
Breve comentário sobre antropologia social

APONTAMENTOS SOBRE O LIVRO “ÉTICA & ESPÍRITO PROFÉTICO: REVISANDO A HISTÓRIA COM PAUL TILLICH” – DE JORGE PINHEIRO. 1ª ED. SÃO PAULO: COLEÇÃO IGREJA SEM FRONTEIRAS, 2002

INTRODUÇÃO

Jorge Pinheiro acredita que a teologia tem algo a dizer sobre a realidade brasileira. E assim, justifica esta obra, dizendo que seu objeto é o pensamento político da Convergência Socialista, conforme expresso no jornal Versus.
Referindo-se à metodologia do seu trabalho, Jorge Pinheiro diz que sua obra tem por base os escritos socialistas de Paul Tillich, sendo assim, a idéia-chave, como ele mesmo escreve, é a ética em Paul Tillich.

Paul Tillich definirá o homem do século 20 como autônomo, mas inseguro dentro de sua autonomia. Partindo deste princípio, o professor Jorge Pinheiro diz que, metodologicamente, a sua intenção foi compreender a relação que Tillich construiu entre ética e conceitos como espírito de profecia, autonomia e teonomia, e o papel das massas na transformação social.

I. TEOLOGIA E SOCIALISMO

O professor Jorge começa explicando que para Paul Tillich, o protestantismo existe onde quer que se proclame o poder do novo ser. É aí que se encontra o protestantismo e em nenhum outro lugar. E diz que talvez, a maioria das pessoas experimente, hoje em dia, a situação-limite mais fora do que dentro das igrejas.


Diversos mestres, diferentes poderes cósmicos, reinam em tempos diferentes, e o Senhor que triunfa sobre anjos e poderes, reina no tempo pleno de destino e de tensões, que se estende entre a Ressurreição e a Segunda Vinda, esta é a formulação de Jorge Pinheiro sobre o andamento histórico dos planos de Deus.

Para que fique melhor compreendido, Jorge Pinheiro assevera que o conceito de situação-limite, que se traduz como ameaça final à existência, é o diferencial do protestantismo. Desta forma, a justificação pela fé é, então, melhor entendida a partir da situação-limite. Por isso, toda ética transporta a Deus e ao mundo, que em última instância são o bem decisivo de nossa existência concreta.

Jorge lembra-nos também que o cristianismo não pode ser identificado com um tipo determinado de organização social em detrimento de seu caráter transcendente e universal. E ainda afirma que é exatamente por isso que apresenta-se como “capenga” toda forma de cristianismo que se fecha na pura interioridade. Para ele, a ética do amor faz a crítica da ordem social que está erigida sobre o egoísmo político/econômico, e proclama a necessidade de uma nova ordem, na qual o sentido de comunidade seja o fundamento da organização social.

Vista assim, Jorge Pinheiro diz que a ética do amor prega a submissão dos povos, sejam ricos ou pobres, à idéia do direito, e à construção de uma consciência comunitária, soldada sobre a paz, que leve a um internacionalismo real entre as nacionalidades. Referindo-se à história da Igreja, tanto no passado como no presente, Jorge diz que esta é passível de muitas críticas, pois a situação criada pela igreja em alguns pontos da história, facilita e potencializa a pregação do ateísmo e do materialismo.
Jorge Pinheiro afirma que é do interior do cristianismo que brota o socialismo e que um socialismo sem estes pressupostos é uma “quimera”, e que aqueles que defendem o socialismo devem defender também os princípios sobre os quais ele repousa.
Explicando sobre a autonomia, o professor Jorge diz que, do lado positivo, ela significa o reinado da razão. E a vida econômica também deve ser formulada racionalmente. Assim sendo, o professor diz que o que fica claro é que autonomia e socialismo são processos históricos que se complementam, mas que não são idênticos. Desta forma, os elementos formadores do movimento socialista são fundamentais para a compreensão das relações entre cristianismo e socialismo. Eles abrem a possibilidade para um diálogo construtivo entre cristianismo e socialismo.

Quanto ao protestantismo, Pinheiro diz que este quebrou o sistema de autoridade em seu princípio-base e deu voz à autonomia. As fórmulas pela graça somente e pela fé somente transportam juntas vida e espírito ao domínio do conhecimento e rejeitam todo legalismo, todo farisaísmo de ter a posse da verdade absoluta e de querer impor tal verdade aos outros. Assim, o cristianismo traduz uma vontade de dar forma ao mundo de maneira imanente: o reino de Deus vem ao mundo.

E, é com a experiência da imanência que surge mais claramente a oposição entre o socialismo e o cristianismo, já que o cristianismo está comprometido, enquanto religião, com o lá em cima, e o socialismo voltado para o aqui embaixo. Porém, lembra-nos Jorge Pinheiro que esta oposição não está correta, pois o espírito religioso está vivo no movimento socialista: é uma vibração religiosa que circula através das massas.
Uma pergunta muito importante, feita aqui, é a seguinte: “que relação existe entre o tempo presente e o espírito profético?” A resposta que é nos dada pelo seu autor é que o tempo presente seria, então, parte de uma situação mais geral. O momento presente estaria enquadrado no caminhar do processo histórico. Partindo daqui, pode-se dizer que existiram homens que interpretaram a situação espiritual de uma época dada. Eis aqui, para Jorge Pinheiro, o ponto de interseção entre o tempo presente e o espírito profético. Os profetas nada fazem sem invocar a tradição, no entanto, sua grande mensagem são os novos tempos. Os profetas sabiam se servir do passado para as necessidades do presente. Eles não eram saudosistas com mensagens anacrônicas, mas eram participantes da história como um processo que se desenvolve, que evolui, e não regride.

A referência ao Kairos significando tempo concluído, o instante concreto e, no sentido profético, a plenitude do tempo, a irrupção do eterno no tempo, leva-nos a considerar este tempo como aquele de uma decisão inevitável, de uma responsabilidade inelutável, na verdade, é considerá-lo enquanto espírito da profecia. Tillich mostra, a partir daqui, que reação e progresso estão entrelaçados na consciência de kairos, e que é esse entrelaçamento que leva ao caminho da utopia. Sem o espírito utópico não há protesto, nem espírito profético. A idéia do kairos nasce da discussão com a utopia. Assim, a realização da visão profética se encontra além do tempo, lá onde a utopia desaparece, mas não a sua ação. Isto implica em que, segundo Tillich, toda mudança, toda transformação exige uma compreensão do momento vivido que vá além do meramente histórico, do aqui e agora.

Agora, falando sobre a massa, Jorge diz que, em termos formais, ela consiste numa associação de pessoas que, na associação, deixam de ser indivíduos. Sua individualidade se perde e ele se submete à coletividade. Assim, a massa não sabe porque faz aquilo que faz. A massa é imediata, vive inteiramente o presente, sem ligações com o passado ou o futuro, sem lembranças ou reflexões. Suas motivações são irracionais. E por isto, o professor Jorge Pinheiro nos alerta que, a amplificação pode levar ao monumental e ao heroísmo, mas também ao demoníaco e à destruição. Quando objetivamente a massa vive esse processo de espiritualização, nela, religião e cultura se misturam. A esse primeiro momento de evolução da massa Tillich chama de massa mística. Uma Segunda etapa é marcada pela autonomia da cultura. A partir daí surge a perspectiva de uma etapa final, onde a massa e a individualidade pessoal formarão uma nova união, uma síntese nova, chamada massa orgânica e daqui cria-se a massa dinâmica, que é sempre revolucionária. Estes movimentos são sempre considerados como movimentos de libertação.

II. O VERSUS SOCIALISTA

O jornal Versus era um mensário de inspiração cutural-existencial, com uma proposta de ação através de uma cultura de resistência, mas foi reelaborado com uma linguagem mítica. Suas informações não passavam pelo crivo da censura. Este jornal foi criado pelo jornalista gaúcho Marcos Faerman. O primeiro número saiu em outubro de 1975 e tinha um imaginário de esquerda. Em janeiro de 1978, o jornalista Jorge Pinheiro, recém chegado do exílio, entra para o jornal.

A greve no ABC, publicada pelo jornal Versus, é vista, entre as outras, como um processo de ajuda à transformação social. Era uma forma de não aceitar as forças demoníacas daquele tempo.

Na luta contra os deserdados, Versus diz que o homem branco pregou, por muito tempo, a doutrina vazia da fraternidade, que não significa mais do que o negro aceitar passivamente o seu destino. E era contra esse comodismo que o jornal queria alertar.
Quanto a busca de novos conteúdos, Jorge Pinheiro menciona que não existe conceito que não seja ameaçado pela esclerose, porque todo processo de vida tem tendência a envelhecer. Por isso, são as tensões que desafiam os processos a se superarem e manterem-se vivos. E, um movimento histórico está morto se ele está apenas consigo mesmo, quando não pode se separar de si mesmo, nem ir além de si mesmo. Partindo-se deste princípio, o movimento histórico deve superar-se mediante a dialética progressiva com as situações imediatas e passadas. Os velhos crentes, segundo Jorge Pinheiro, essa cúpula sacerdotal, conduzem ao endurecimento e às idolatrias.
Mas, o novo, o futuro, a mudança não gera riscos? Perguntaríamos! Sim, mas, o risco, para Jorge, nunca deixa de existir, porque viver é avançar no indeterminado. Assim, surgem dois pensamentos sobre esta situação:

1) O radicalismo – onde o risco é bem diferente. O radicalismo é uma idolatria de signo contrário. Nega a tradição e deseja arriscar porque acredita que no risco está a realização daquilo que espera. É mais, ao que parece, um movimento irresponsável;
2) A ortodoxia – não arrisca em hipótese alguma. Se prende aos conceitos porque procura aquele lugar onde a mobilidade é menor.

Em meio a estes dois pensamentos, qual a melhor posição? Percebe-se que, segundo Jorge Pinheiro e também Paul Tillich, a melhor postura será a de mediação. Esta postura é a que deve ser tomada no socialismo religioso. E este movimento é mais que um movimento político. Na realidade, é um movimento mais profundo do que imaginamos, e quando percebemos a sua profundidade, diz Jorge Pinheiro, percebemos também sua universalidade.

III. SOCIALISMO E CRISTIANISMO

Jorge diz que o Versus socialista tem uma clara e expressa empatia com o cristianismo. E ainda menciona que Luther King, conhecia o pensamento de Tillich, sendo ele muito mencionado com admiração pelo jornal Versus.
Se assim é, o professor Jorge Pinheiro diz que o cristianismo está eticamente obrigado a fazer uma escolha: ou participa do processo, inspirado e atuando a favor desse desenvolvimento ou se retrai e entra em processo de caducidade, ao afastar-se da vida real das comunidades nas quais está inserido. O grande pecado da sociedade atual, para Versus, chama-se sistema capitalista. E é contra este pecado social que a igreja deve ajudar a lutar.
Apesar de o socialismo e o proletariado estarem muito unidos, Tillich não idolatra este último! Na verdade, como mencionado no livro ao qual estou a comentar, não se pode erigir o proletariado em messias ou ainda fazer positivamente da situação proletária o lugar de onde sairá a solução para o problema do sentido. A luta proletária, com isto, torna-se um dos meios de transformação da sociedade, e não a base.

IV. DIANTE DA SITUAÇÃO-LIMITE

A afirmação feita por Jorge Pinheiro, neste capítulo, é de fundamental importância, quando ele diz que é impossível buscar o sentido da vida sem fazer a defesa da vida. E, assim como cita o jornal Versus, em agosto de 1978, a assistente social Maria Benedita Salgado Arcas, já denunciava: “O problema não é o menor abandonado, mas as famílias abandonadas. O verdadeiro problema é a carência das famílias.” Assim, é dito a cada um de nós, no livro Ética & Espírito Profético que, era necessária uma transformação da estrutura sócio-brasileira.

O nome de Lula, líder sindical metalúrgico, segundo Jorge Pinheiro, começou a ser conhecido no país no dia 12 de maio de 1978, a partir da cidade de São Bernardo do Campo, em São Paulo. Versus de outubro de 1978 afirmava que depois de muito tempo, 14 anos, os trabalhadores conquistam um direito que sempre foi seu: greve. A importância dessas greves, segundo Versus, é que elas conseguem levantar um protesto operário ligado à luta de classes. E a luta de classe, conforme diz Jorge, é uma realidade demoníaca enquanto tendência destrutiva do sistema.
A única coisa que o trabalhador tem em mãos, para Jorge Pinheiro, é a sua união. E, quando o trabalhador se une com outros trabalhadores para protestar contra a sua situação, ele se sente um combatente do reino de Deus, conforme Tillich, ele se sente investido de uma condição messiânica, para ele e para a sociedade de conjunto. Desta maneira, Versus fomenta os trabalhadores a que se organizem em partido para enfrentar politicamente o regime militar.

O princípio profético e o marxismo, para Jorge Pinheiro, partem de interpretações capazes de ver sentido na história. Com isto, o professor diz-nos que há um desafio ético, apaixonado, referindo-se ao pensamento de Tillich, das formas concretas de injustiça, que levanta um protesto, o punho ameaçador, contra aqueles que são responsáveis por este estado de coisas. Concluindo esta linha de pensamento, Jorge Pinheiro afirma que tanto o profetismo como o marxismo acreditam que a transição do atual estágio da história em direção a uma época de plena realização se dará através de uma série de eventos catastróficos, que culminará com o estabelecimento de um reino de paz e justiça.
Comentando-se sobre o homem, existem duas visões sociais análogas apresentadas em Ética & Espírito Profético:

1) O marxismo – onde o homem não é o que deveria ser, sua existência real contradiz seu ser essencial, explica Tillich. A idéia da queda está presente no marxismo;
2) O cristianismo – o ser humano alienou-se de seu destino divino.

E ambas vêm o homem como ser social, responsável pelo bem e pelo mal.

V. A INTELIGENTSIA E O PT

Até meados de 1978, o Versus propunha a construção de um Partido Socialista. Mas, a partir das greves do ABC, Versus passa a defender a formação de um Partido dos Trabalhadores, sem patrões. Eles apostavam, com isto, num tempo “kairótico”.
O trabalhismo é apresentado neste ponto como uma espécie de irmão gêmeo do sindicalismo. Diante disto, Jorge Pinheiro vê a necessidade de reintegrar o contingente marginal da população à vida do País. Afirma-se também, conforme o exposto no livro aqui comentado, que não se pensa em defender partidos sectários.
O problema de Versus, como expõe Jorge Pinheiro, é que, por este jornal ser marxista, não entendia que a corrupção estava também localizada nas profundezas do coração humano.

VI. ÉTICA E ESPÍRITO PROFÉTICO

Jorge Pinheiro assevera-nos que não se pode fundar uma ética protestante apenas sobre o terreno da individualidade. Diz ainda que, não podemos esquecer que o cristianismo tem mais afinidades com o socialismo do que com qualquer outra forma de organização social. E, na união de cristianismo e socialismo, chega-se à conclusão de que, a partir do amor cristão, vemos que o ser humano não foi criado para a produção, mas a produção para suprir necessidades humanas.
O socialismo como um ideal ético que traduz anseios e esperanças dos mais variados setores da sociedade, conforme Jorge, pode ser aceito e ajudado pelo cristianismo. Pois o kairos cristão é, em sua essência, aquele que faz a irrupção no tempo, sem contudo fixar-se nele. Essa é a massa mística, comentada anteriormente, a qual Tillich descreve.

Diante do protesto, Jorge Pinheiro fala-nos que o protestar e o clamor do profeta não são vida, mas visam restaurar a vida sob ameaça na situação-limite. Diante desta situação, o profeta não é aquele que põe um fim em uma posição social em detrimento a outra, mas sim, é antes de mais nada, aquele que medeia as posições mostrando um comportamento existencial comprometido com o bem social.
Um bom lembrete dado em Ética & Espírito Profético é que o Partido dos Trabalhadores não estava nos planos do governo. E é por este fato de o PT ter surgido como o elemento surpresa, que ele é considerado, por Jorge Pinheiro, como algo que surgiu dentro do kairos.

CONCLUSÃO

Assim, o PT é visto pelo professor Jorge Pinheiro, como o fruto de um momento especial, o tempo qualitativo (kairos). A construção deste partido, dependeu exclusivamente das atitudes dos próprios trabalhadores. Enfim, em 16 de junho de 1979, diante desse momento histórico, desaparece o jornal Versus.



Estude com fé depois de ter terminado os seus estudos, envie seu questionário com as respostas devidas para o endereço de e-mail: teologiagratis@hotmail.com, se assim quiser, logo após respondido e corrigido o questionário, alcançando media acima de 7,5, solicite o seu Lindo DIPLOMA de Formatura e a sua Credencial de Seminarista formado, também poderá solicitar estagio missionário em uma de nossas igrejas no Brasil ou exterior traves da Federação Internacional das Igrejas e Pastores no Brasil ou Fenipe, que depois do Estagio se assim o achar apto para o Ministério poderá solicitar a sua ordenação por uma de nossas organizações filiadas no Brasil ou no exterior, assim você poderá também receber a sua Credencial de Ministro Aspirante ao Ministério de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Esta apostila tem 61 pagina boa sorte.

Sem nadas mais graça e Paz da Parte de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo bons estudos.

Reverendo Antony Steff Gilson de Oliveira
Pastor da Igreja Presbiteriana Renovada de Nova Vida
Presidente da Federação Internacional das Igrejas e Pastores no Brasil ou Fenipe

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