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quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

"...HOMEM E MULHER OS CRIOU"

Parte III

"...HOMEM E MULHER OS CRIOU"

"Disse mais o Senhor Deus: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma ajudadora que lhe seja idônea. Então o Senhor Deus fez cair um sono pesado sobre o homem, e este adormeceu; tomou-lhe, então, uma das costelas, e fechou a carne em seu lugar; e da costela que o Senhor Deus lhe tomara, formou a mulher e a trouxe ao homem. Então disse o homem: Esta é agora osso dos meus ossos, e carne da minha carne; ela será chamada varoa, porquanto do varão foi tomada. Criou, pois, Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. Então Deus os abençoou e lhes disse: Frutificai e multiplicai-vos; enchei a terra e sujeitai-a; dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu e sobre todos os animais que se arrastam sobre a terra". (Gn 2. 18, 21-23; 1.27,28)


"Homem e mulher os criou" diz a Escritura Sagrada e nessa pequena expressão está todo o mistério de ser adam, o ser humano como Deus o criou. O homem e a mulher são iguais em dignidade e destino sobrenatural, mas tão paradoxais com respeito à natureza humana. E por conta das diferenças, aliás, significativas diferenças, já houve quem dissesse que eles pertencem a planetas distintos: o homem é da Terra, mas a mulher veio de algum outro planeta... É uma alienígena! Pensa e reage de modo tão diferente! Há quem seja muito ferino com a mulher. Por exemplo, Catão, pensador romano, disse: "Consente que a mulher, uma só vez, chegue ao pé de igualdade contigo [estava falando a um homem], e desse momento em diante, ela se tornará superior a ti". Vejam, porém, o que uma mulher disse a respeito das outras mulheres. Foi Mme. de Staél assim se expressou: "Alegro-me por não ser homem, já que o sendo teria que me casar com uma mulher." No entanto, Plutarco opinou: "As mulheres, quando amam, põem no amor algo divino. Esse amor é como o Sol que anima a Natureza." Que coisa linda disse ele a respeito do amor feminino!

Nada disso invalida o relevante fato que homem e mulher têm visões diferentes do mundo, da vida, do amor, mas se completam. E um escritor evangélico dos nossos dias, o Pr. Jaime Kemp, também deu a sua opinião dizendo que "Eva foi criada para ser a peça que faltava no quebra-cabeça da vida de Adão" .


COMPREENDENDO AS DIFERENÇAS


Homem e mulher são iguais, mas são diferentes. Que contradição é essa? São iguais na mesma vida vegetativa e faculdades sensoriais, são iguais nos mesmos atributos intelectuais e no mesmo destino natural e sobrenatural, nas mesmas causas comuns. E, no entanto, são tão diversos, visto que cada sexo tem características próprias. Se o homem tem maior força física, e é preparado para grandes esforços nesse campo, a mulher tem muito mais força intrínseca, como que preparada para não gemer enquanto sofre, nem cansar. A mulher tem graça, tem ternura, tem feitio delicado. E se o homem se doa ao trabalho, e dele faz o seu centro de interesse; a mulher se doa integralmente a quem ama (marido, filhos), e faz do lar o seu centro de atenção. Se ele busca o exercício do poder, da chefia, da conquista do mundo exterior, da imposição de ideais; ela atua mais diretamente sobre aqueles a quem ama. É de uma presença impressionante no seu lar. Se ele tem espírito de decisão, de iniciativa, uma visão segura e clara dos objetivos (por isso, é "chefe de família"), ela possui delicadeza, sensibilidade, dedicação, beleza física, e o dom da maternidade física e espiritual (por isso é chamada "mãe de família").

As diferenças não devem se tornar obstáculo ao amor. Pelo contrário, ambos devem conhecê-las, identificá-las, aceitá-las e não considerá-las como barreira, como pedra-no-meio-do-caminho do amor e do casamento. É verdade que desentendimentos até podem surgir por conta dessas diferenças. Acontece, e muito. Não esqueçamos, no entanto, que para o equilíbrio do lar é fundamental que homem e mulher coexistam, e coabitem (mesmo que ela seja de outro planeta!), mas vivam com suas características. Aliás, nem devemos olhar para isso, nem devemos olhar para as divergências, senão para o seu aspecto de complementação. Não foi assim que o Senhor projetou?: "Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma ajudadora que lhe seja idônea". (Gn 2.18). Uma ajudadora, uma auxiliadora, uma complementação naquilo que o homem não sabe nem pode fazer; ajudadora que esteja à sua altura, "que lhe seja idônea", diz o texto. É por essa razão que temos dentro de nós forças poderosíssimas que agem sem que, sequer, percebamos. E uma delas é a busca do caráter oposto. É a necessidade da antítese, e esse é o milagre do amor: são dois necessitados que se completam.


CONTINUANDO AS DIFERENÇAS


Nietzche, filósofo extremamente racional do século passado, e, ao mesmo tempo, muito cínico, desejando expressar a natureza da mulher deixou o seguinte: "Tudo na mulher é um enigma, e tudo na mulher tem uma solução: chama-se gravidez."

Há estruturas psíquicas bem distintas no homem e na mulher. Já sabemos que o homem pensa de um jeito, e a mulher pensa de outra maneira. Elas decorrem do fato que a natureza guiada por Deus não sobrecarrega as criaturas de atributos de que não necessitam,. Isso quer dizer que em cada ser, em cada criatura, uma é forte e expressiva nas qualidades de que precisa. Assim, o homem tem certas qualidades que não se encontram na mulher, e vice-versa. Aí se completam. Precisam disso para cumprir as suas tarefas, mas são fracos, razão porque um necessita do outro, completando-o. O homem tem tudo o que falta à mulher, e vice-versa. Ou seja, virtudes masculinas na mulher são defeitos, como modos femininos no homem não são convenientes

Este não é um trabalho sobre psicologia científica. A ênfase há de ser não exatamente nas diferenças, mas em como conhecê-las e administrá-las, ou como utilizá-las adequadamente, e assim enriquecer a vida do casal. E sabem o quê? Nem sempre a mesma palavra ou expressão significa a mesma coisa para o homem e para a mulher. Por exemplo, que significado tem a expressão "lua de mel" para certos homens? Que significa a mesma expressão para as mulheres? Quando faço as entrevistas pré-matrimoniais, essa é uma das perguntas. Exatamente isso: "Que significa para você, minha filha, "lua de mel?" E, geralmente, vem uma idéia tão romanceada para a moça, e ela pretende ficar em lua de mel toda a vida. O rapaz, quantas vezes, tem outra idéia, e discutimos as duas, e chegamos a uma síntese.

O traço basilar da natureza masculina é a dinâmica. E é por esse motivo que todo menino brinca pensando em um algo que o leve para longe. "Você quer ser o quê?" E ele fala: "Aviador (marinheiro, astronauta, caminhoneiro)". Isso é coisa de menino: ele foi feito para a ação, para a combatividade, para o trabalho pesado. Mas a mulher é delicada. É delicada mas não é fraca. É corajosa diante da dor. E um médico pediatra amigo meu dizia "Mãe não cansa." Mas não é uma questão de força física. É verdade que ela sofre variação no seu temperamento; é dada à depressão em certos momentos; tem alegria no outro momento. Aliás, o marido não deve se alarmar com isso, não; compreenda sua mulher: há momentos da vida em que ela está altamente deprimida; talvez na hora seguinte ela esteja diferente e o marido que não conheça e compreenda essa diferença feminina vai ter muitos problemas em casa, porque não vai entender a pobre da sua mulher. Conseqüências: ela espera do marido proteção, segurança, estabilidade, e ele não as dá.

Por outro lado, falando em tese, o pensamento masculino é devagar, abstrato, mas tem muita lógica. Já perceberam que os sistemas filosóficos, que as grandes teorias científicas, as fórmulas universais vieram todas de homens com seus pensamentos puxando à lógica e à abstração? E aí a mulher vai exclamar amargurada: "Meu marido não me compreende..." É difícil mesmo!... Nicolas Berdiaeff deixou registrado que "existe uma profunda e trágica desinteligência, uma estranha e dolorosa incompreensão entre o amor do homem e da mulher." E dizem que a Esfinge propunha o seguinte enigma: "Decifra-me ou devoro-te" (não é de espantar que a Esfinge fosse uma mulher).

O traço fundamental da natureza feminina é a estática. Daí que o homem, que é dinâmico, estaria perdido sem a mulher (como Deus fez tudo tão perfeito!) Seu pensar é intuitivo, e não é incomum, não é fora de comum, ouvirmos da esposa: "Sinto que é assim." E aquelas mulheres que dizem para os maridos: "Tome cuidado com Fulano; ele tem alguma coisa em que eu não confio." É muito próprio da mulher ser intuitiva. Desse modo, não foi por acaso que na Idade Média muitas mulheres foram queimadas como feiticeiras, somente porque estavam exercitando o seu poder de intuição. Entre os gregos, a Sabedoria era representada como ... uma mulher: Atenas. Em Delfos, havia um oráculo, uma profetisa, e era... uma mulher. Quem venceu Sansão, aquele homem de força extraordinária debaixo do poder de Deus? Quem o venceu senão... uma mulher muito astuciosa. César levou dezessete anos para vencer o Norte da Europa; Cleópatra o venceu em dezessete dias... Isso é bem coisa de mulher.

Pois é; são essas as filhas de Eva: sentidos mais agudos que os do homem, ouvido mais apurado que o do homem, e o povo até diz que "coração de mãe não dorme." E como dizia o médico nosso irmão em Cristo, "mãe não cansa".

O homem tem visão de conjunto, mas a esposa tem visão de detalhes. E ela se influencia mais facilmente e decide com o coração. Quantas vezes é impulsiva, tem juízo rápido; ele usa a reflexão, decide com a cabeça. E como conseqüência, pela visão global das coisas, fixa normalmente os objetivos remotos; enquanto a esposa, pela dedicação, pelo senso do particular, pela acuidade realiza esses objetivos. Por isso, é preciso haver essa indissolubilidade, essa solidariedade entre ele e ela.


AINDA AS DIFERENÇAS 

O homem está mais preocupado em conquistar do que ser conquistado, razão porque o Espírito Santo através de Paulo ordena aos homens: "Maridos, amai a vossas mulheres, como também Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela" (Ef 5.25). É da natureza masculina o conquistar. Está pouco atento aos detalhes, e até parece, apenas parece, desinteressado na esposa.

A mulher tem afetividade como centro da sua personalidade. A mulher é um grande coração! É mais receptora ao amor, e o exprime através de certas coisas pequenas: a maneira como se veste, como coloca flores na casa, como prepara os pratos na hora do almoço (a sabedoria popular diz que "O coração do homem se alcança pela boca"), e outros pequenos detalhes. Meu irmão querido, observe essas coisinhas pequenas na sua casa porque a sua esposa está lhe dizendo não com palavras, "eu te amo".

Lição: o marido deve procurar compreender essas pequenas delicadezas, e manifestar o amor. Ao passo que não deve a esposa armar uma tragédia grega dizendo que ele não a ama se esquecer alguma data. Marido é muito desligado disso mesmo, de esquecer datas! Já imaginou a data em que vocês se encontraram pela primeira vez, e ele se esqueceu desse dia tão importante na vida dos dois?! Em vez de armar um escândalo porque ele esqueceu, sugira antes, dois dias antes: "Mas que bom, não é, que daqui a dois dias vamos completar o aniversário de nosso primeiro encontro..." Faça uma sugestão de leve que dá muito mais resultado do que reclamar do esquecido do marido.

Nós temos atitudes diferentes quanto ao lar e quanto à sociedade. O homem é inclinado para o exterior. E mais uma coisa: reclamação não prende o homem em casa! Não reclame, não: é pior; aí é que ele quer sair mesmo. Reclamação não vai tirar o homem do baba (como se diz Bahia), da pelada, ou de grupos ou de sociedades que ele freqüenta.

Para a mulher, o centro vital é o lar, é quase como extensão de sua capacidade de ser mãe, um psicólogo completou dizendo que para a mulher, o lar é como se fosse uma extensão do seu útero! E como é doloroso descobrir no começo do casamento que você não é o mundo do seu marido. Mas sua religião, sua espiritualidade é muito mais sentimental e afetiva, e a prática religiosa se torna uma necessidade espontânea dentro de casa. No caso, a espiritualidade dele é às vezes mais fria, e, às vezes, mais por dever do que por servir.

Para harmonizar essas diferenças, necessário se torna o trabalho contínuo, e o desejo de adaptação. Procure, portanto, não atribuir aos gestos e palavras do outro um segundo significado. Há muita gente que quer fazer isso: Porque ele disse uma coisa, ela lê outra; ela disse uma coisa, ele escuta outra. Talvez não seja isso o que ele está dizendo, não é o que ele queria dizer. Mas não use também as características próprias do sexo para encobrir ou justificar defeitos individuais seus. O marido é professor, está no sofá lendo, meditando ou estudando. A esposa chega e diz: "Já que você não está fazendo nada, venha me ajudar com essa pia entupida (ou com essa escada, etc.)." Pronto; matou o casamento! Ele está fazendo alguma coisa: está se preparando, está estudando, está se melhorando; Não é que não esteja fazendo nada. Ou no caso daquele outro que gosta de trabalhar com as mãos, pegar na tinta, no pesado. Quando sai, deixa a sujeira no chão. A mulher que se identifica tanto com a casa que não pode ver sujeira, diz assim: "Sujou a casa, limpa depois." Ele, porque não compreende, também ridiculariza o quadro que ela começa a pintar, o tapete que começa a tecer, e diz algo que machuca a alma da esposa.

Os tipos humanos são também, diferentes. Há os extrovertidos que amam sair, amam o movimento, são "rueiros"e festeiros. Há pessoas que são introvertidas, são tranqüilas, caseiras, mais apreciadoras de um livro do que de bater perna no shopping. Por instinto, um homem muito racional vai se casar com uma mulher muito sentimental. Isso não é problema, não. O problema é querer fazê-la entender a linguagem da razão, a linguagem objetiva, exata, e dizer que ela não tem lógica quando explode sentimentalmente. Ela, por sua vez, reclama que o tom racional do marido esteriliza os sonhos e a própria vida. Na verdade, uma é a linguagem das ciências exatas, outra é a linguagem das metáforas. Jesus até a usou. Veja Mateus 13.1-23. A metáfora está nos versos 3 a 9. Ele não disse "quem tem ouvidos para ouvir ouça"? Mas, nem todos tinham. Por isso, Ele explicou, e recontou-a nos versos 18 a 23.

Esses aparentemente díspares (os conceitos exatos e as expressões metafóricas) são perfeitos para a união do casal, para que se completem. Talvez o casal não saiba administrar essa união, e quando perderem o outro, vão dizer "Eu era feliz e não sabia".

É verdade; há diferenças entre o homem e a mulher. Por isso se necessitam tanto, e, ao mesmo tempo, têm tanta dificuldade de se conhecerem. É o homem que discute o futuro, é a mulher que reage ao momento presente ("Deixa de conversar bobagem - diz ela - e vem ajudar o menino a fazer os deveres"). Creio que é esse gosto pelo presente e por detalhes que faz com que a conversa nas rodas de mulheres casadas seja principalmente em um desses três temas: filhos (ou netos), empregadas ou cirurgia que já fizeram, ou precisam fazer. São assuntos imediatos, é coisa de mulher! Já o marido pega o jornal, pronto, ela se sente infeliz e abandonada.


O USO DA PALAVRA


E o uso da palavra? Para o homem, a palavra é expressão de idéias e expressões. Mas para a mulher, é expressão de sentimentos e emoções, razão porque conta oito vezes a mesma história para o marido. Ela não quer informá-lo, não: quer descarregar a emoção. Lá fora, usam dizer que mulher fala demais, "Fala pelos cotovelos", e um teólogo curioso e criativo disse que no céu haverá um momento de grande tormento para as mulheres, descrito em Apocalipse 8.1: "Quando abriu o sétimo selo, fez-se silêncio no céu, quase por meia hora." Uma tortura para as mulheres essa meia hora de silêncio!

A mulher quer a palavra. Foi perfeitamente pertinente, então, que a palavra se tenha feito carne no ventre de uma mulher. E porque a palavra significa emoção, ela quer ouvir do marido (não importa se duzentas vezes) a expressão mágica "Eu te amo". É o carinho da palavra. E ela quer ouvir, apesar de o saber. Há uma historinha que diz que a esposa reclamou do marido: "Você já não diz que me ama..." E ele responde: "Olha, nós estamos casados há 17 anos. No dia do casamento eu disse que a amava e basta; não precisa dizer mais; não já disse diante das testemunhas? " Ela quer ouvir, apesar de o saber, porque a mulher é conquistada e seduzida pelo ouvir. Não foi assim que a nossa mãe primeira foi seduzida e conquistada pela palavra da serpente? (cf. Gn 3.1-6).

Por outro lado, há maridos que não sabem dizer "Eu te amo", mas falam como podem ou sabem: é aquele vestido que dá de presente, é aquele jantar fora um dia, e assim por diante.


CASE-SE COM ELE E TAMBÉM COM...


Minha irmã querida, case-se com ele e também com a profissão dele. O filósofo espanhol Ortega Y Gasset disse que o homem é ele e suas situações de vida ("Eu sou eu e as minhas circunstâncias"). O médico, por exemplo, não tem hora; o pastor vive em função da igreja 24 horas no ar; o professor, da sala de aula; o comerciante, do seu comércio. De modo que nunca fale da profissão dele com desprezo; e nem fale da profissão dela, meu irmão, como coisa desnecessária.

E mais uma coisa: não reclame se ela vai tanto ao salão de beleza. É para você que ela está se embelezando; é para você que ela está ressaltando essa beleza. Ela quer que você a veja e aprecie. Vejam que encontro bonito descrito em Gênesis 24. 63-65:

"Saíra Isaque ao campo à tarde, para meditar; e levantando os olhos, viu, e eis que vinham camelos. Rebeca também levantou os olhos e, vendo a Isaque, saltou do camelo e perguntou ao servo: Quem é aquele homem que vem pelo campo ao nosso encontro? Respondeu o servo: É meu senhor. Então ela tomou o véu e se cobriu".

Modéstia por um lado (a modéstia oriental, as mulheres se cobriam como o fazem ainda hoje nos países árabes), mas, ao mesmo tempo, ela se embelezou para Isaque. Por que não dizer para ela, então, no espírito do Cântico dos Cânticos: "Tu és toda formosa, amada minha, e em ti não há mancha. Quão doce é o teu amor, minha irmã, noiva minha! Quanto melhor é o teu amor do que o vinho! E o aroma dos teus ungüentos do que o de toda sorte de especiarias!" (4.7,10). Aliás, a mulher é por natureza vaidosa. Veja a reação das mulheres quando passam diante de um espelho. ("Espelho, espelho meu, existe outra mulher mais bonita do que eu?").

Porque nós somos iguais e diferentes; porque temos iguais e diferentes necessidades; porque a irmã necessita ser protegida, acariciada e amada: porque o irmão precisa de ser igualmente elogiado, apreciado, é que há certas condições. Sim; a mulher quer isso mesmo: ser amada e protegida (necessidade é o que cada um deseja para se manter equilibrado), mas quer liberdade para exercer os seus papéis de mãe, esposa e profissional, e as pequenas expressões de carinho e interesse significam para a mulher muito mais, muito além do que nós, os homens, podemos imaginar. Ela deseja que o marido seja amante e companheiro, mas delicado.

E o seu marido também, amada irmã, precisa saber que é competente, é digno de confiança, deseja uma esposa que cuide do lar, dos filhos, e que se interesse pelo seu trabalho, mas não reclame dos seus passatempos. Queixas e reclamações não resolvem! Pelo contrário, o que eu encontro nos Provérbios é até uma condenação: "As rixas da mulher são uma goteira contínua" (Pv 19.13b). Imagine uma goteira pingando durante toda a noite? E também: "Melhor é morar numa terra deserta do que com a mulher rixosa e iracunda." (Pv 21.19) Está na Escritura... Agora, só para as irmãs um segredinho de um homem para as mulheres (os companheiros que me perdoem): o homem cede muito mais (muito, muito mais) a uma suave persuasão e um tratamento sedutor que às reclamações e exigências.


DIÁLOGO


Muito ajuste de diferenças se resolve com diálogo. Palavrinha boa! Diálogo significa "através (dia) da palavra (logos)". É o que alguém chamou de "O dever de sentar-se". É preciso sentar para conversar, sentar para trocar idéias, porque diálogo no casamento é o encontro da psicologia masculina com a feminina. Diálogo é avaliação. E um pensador disse que "Ainda não nos conhecemos porque não tivemos ainda a coragem de nos calar juntos" (Maeterlinck). O dever de sentar-se e avaliar o casamento é a três: O Senhor nosso Deus e o casal; é diálogo sob o olhar de Deus. E para esse diálogo há condições:
é preciso respeitar o outro, por isso use linguagem afetuosa.
É preciso saber escutar, razão porque Jesus Cristo mandou que nos amássemos, e não que nos amassemos uns aos outros.
Buscar compreender as necessidades do outro. Se alguém tem sede, guaraná não serve. Se a esposa precisa de atenção, não adianta dar uma pulseira. Aliás, dê a pulseira e atenção! Dialogar não é reclamar, (pode até sê-lo), mas é, realmente, sorriso, perdão, colocar na mesa problemas, sucessos, alegrias e preocupações; é troca de idéias, e se insere na linha da comunhão. No casamento e no diálogo, marido e mulher estão em pé de igualdade; são companheiros ("companheiro" é aquele que come pão comigo: co+panis ), e são camaradas ("camarada" é quem habita a mesma câmara, o mesmo quarto). Diálogo é um encontro das psicologias masculina e feminina, já o dissemos. Outrossim, além das palavras, a oração é diálogo, o passeio a dois é diálogo, o passeio com os filhos também é diálogo.
Sim; orem juntos; escolham a melhor hora de conversar; procurem definir o problema básico. Onde há acordo? Onde está o desacordo? Ouça primeiro, e só depois responda, porque até para isso a Escritura tem uma recomendação: "Responder antes de ouvir, é estultícia e vergonha." (Pv 18.13; cf. Tg 1.19). Como você pode contribuir para resolver?


Termino com este poema que diz:


AMOR


És a minha amada,
és minha
e eu sou teu.
Está escrito.

Uniremos
nossas almas e corpos
e ficaremos ligados
em corpo e almas.
Está escrito.

E nem o vento
que sopra do deserto,
nem o tempo
que desgasta,
nem a morte
que amedronta ,
nem os sensatos
que falam de razão,
nada destruirá
o nosso amor,
porque o nosso amor
é um baluarte
e os aguaceiros
da vida
não poderiam extingui-lo
porque ele é
uma chama de Deus,
e o fogo de Deus
arde para além
de todos os dilúvios.

Está escrito:
amar
é penetrar
nas fronteiras de Deus.
Seremos uma porta aberta:
a quem entrar
serviremos a Festa
com colares
engranzados de nuvens,
oferecer-lhe-emos
o nosso riso
como presente para levar,
abrir-lhe-emos
as mãos
para receber em depósito
todos os fardos.
Seremos
uma só taça derramada,
seremos
um só corpo oferecido,
entregar-nos-emos
à festa da vida.

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