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sábado, 26 de dezembro de 2009

9. O FRUTO DO ESPÍRITO

Em contraste com as obras da carne, temos o modo de viver íntegro e honesto que a Bíblia chama "o fruto do Espírito". Esta maneira de viver se realiza no crente à medida que ele permite que o Espírito dirija e influencie sua vida de tal maneira que ele (o crente) subjugue o poder do pecado, especialmente as obras da carne, e ande em comunhão com Deus (ver Rm 8.5-14 nota; 8.14 nota; cf. 2Co 6.6; Ef 4.2,3; 5.9; Cl 3.12-15; 2Pe 1.4-9). O fruto do Espírito inclui:

a) ÁGAPE – AMOR

Caridade "(gr. ágape)”, i.e., o interesse e a busca do bem maior de outra pessoa sem nada querer em troca (1 Co 13.4-8 O amor é paciente, é benigno; o amor não arde em ciúmes, não se ufana, não se ensoberbece, não se conduz inconvenientemente, não procura os seus interesses, não se exaspera, não se ressente do mal; não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor jamais acaba; mas, havendo profecias, desaparecerão; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, passará).
O amor é o solo onde são cultivadas todas as demais virtudes espirituais.
O amor é a prova da espiritualidade e tem inicio na regeneração (1 Jo 4.7-8). Amados, amemo-nos uns aos outros, porque o amor procede de Deus; e todo aquele que ama, é nascido de Deus e conhece a Deus. Aquele que não ama não conhece a Deus, pois Deus é amor.
O amor consiste em querer para os outros, aquilo que queremos par nos mesmos. É a dedicação ao próximo. Mateus 7:12 Portanto, tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lho também vós, porque esta é a lei e os profetas.

b) CHARA – ALEGRIA

Trata-se da felicidade do Espírito, qualidade de vida que é graciosa e bondosa caracterizada pela boa vontade, generosa nas dádivas aos outros, por causa deuma correta relação com Deus.
Deus não aprecia a duvida e o desânimo. Também abomina a doutrina ousada, o pensamento melancólico e tristonho. Deus gosta de corações animados. (2 Co 6.10 "entristecidos, mas sempre alegres; pobres, mas enriquecendo a muitos;nada tendo, mas possuindo tudo”).
A alegria cristã, entretanto não é uma emoção artificial. Antes é uma ação do Espírito de Deus no espírito humano é a sensação de alegria baseada no amor, na graça, nas bênçãos, nas promessas e na presença de Deus, bênçãos estas que pertencem àqueles que crêem em Cristo 1 Pe 1.8 Jesus Cristo; a quem, não havendo visto, amais; no qual, não vendo agora, mas crendo, exultais com alegria indizível e cheia de glória,

c) EIRENE – PAZ

A queda do homem no pecado destruí a paz, a paz com Deus, com os outros, com o próprio ser e com a própria consciência.
Foi através da instrumentalidade da cruz que Deus estabeleceu a paz. Portanto, a paz envolve muito mais do que uma tranqüilidade intima, que prevalece a respeito das tempestades externas. Antes, trata-se de uma qualidade espiritual de origem cósmica e pessoal produzida pela reconciliação e pelo perdão dos pecados.
A paz é o contrario do ódio, da contenda, da inveja dos excessos de tudo o que são obras da carne.
Paz é a quietude de coração e mente, baseada na convicção de que tudo vai bem entre o crente e seu Pai celestial (Fp 4.7 E a paz de Deus, que excede a todo o entendimento, guardará o vosso coração e a vossa mente em Cristo Jesus).

 d) MAKROTHUMIA – LONGANIMIDADE

Quando é uma qualidade atribuída a Deus, significa que ele tolera pacientemente todas as iniquidades do homem, não deixando arrebatar por explosões de ira.
A longanimidade é a paciência que nos permite subjugar a ira e o sendo de contenda, tolerando as injúrias.
Longanimidade é a perseverança, paciência, ser tardio para irar-se ou para o desespero (Ef 4.1,2 Rogo-vos, pois, eu, o prisioneiro no Senhor, que andeis de modo digno da vocação a que fostes chamados, com toda a humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns aos outros em amor).

e) CHRESTOTES – BENIGNIDADE

Significa gentileza, bondade. Esse termo grego significa também excelência de caráter, honestidade. O crente que a possui esse é gracioso e gentil para com seu semelhante não se mostrando ser inflexível e exigente.
Ser Benigno é não querer magoar ninguém, nem lhe provocar dor (Ef 4.32 Antes, sede uns para com os outros benignos, compassivos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus, em Cristo, vos perdoou).

f) AGATHOSUNE – BONDADE

Uma pessoa bondosa quando se dispõe a ajudar aqueles que têm necessidade. Podemos observar a vida terrena inteira de Jesus de Nazaré, vivida em meio a atos de bondade para com os outros. Ora, para que o crente se mostre supremamente bondoso, precisa contar com auxílio do Espírito Santo. Bondade é a expressão máxima do amor cristão. No grego, Agathosune refere-se ao homem bom, cuja generosidade brota do coração. Ela é a verdadeira prática do bem. É o amor em ação (Gl 6.10 Por isso, enquanto tivermos oportunidade, façamos o bem a todos, mas principalmente aos da família da fé).
g) PISTIS – FÉ

Significa tanto confiança como fidelidade. A fé de parceria com o arrependimento, forma a conversão. A entrega da alma, as mãos de Cristo alicerçado sobre o conhecimento espiritual.
A fé vitalizada pelo amor, pois do contrário, não será a verdadeira fé sob hipótese alguma.
Fé é lealdade constante e inabalável a alguém com quem estamos unidos por promessa, compromisso, fidedignidade e honestidade.

h) PRAUTES – MANSIDÃO

Para Aristóteles, essa característica era um vicio de deficiência, e não uma virtude. Aristóteles encarava tal realidade, como uma auto-depreciação.
Na verdade mansidão trata-se de uma submissão do homem para com Deus e, em seguida para com o homem. A mansidão é o resultado da verdadeira humildade por causa do reconhecimento alheio, com a recusa de nos considerarmos superiores.
Mansidão é moderação, associada à força e à coragem; descreve alguém que pode irar-se com eqüidade quando for necessário, e também humildemente submeter-se quando for preciso (Jesus em Mt 11.23 repreende duramente Carfanaum "Tu, Cafarnaum, elevar-te-ás, porventura, até ao céu? Descerás até ao inferno; porque, se em Sodoma se tivessem operado os milagres que em ti se fizeram, teria ela permanecido até ao dia de hoje”) e no v. 29 diz que devemos ser mansos como ele Mt 11.29 2 “Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma”.

i) EGKRATEIA - TEMPERANÇA - DOMÍNIO PRÓPRIO

Temperança é o controle ou domínio sobre nossos próprios desejos e paixões, inclusive a fidelidade aos votos conjugais; também a pureza (1Co 7.9; Tt 1.8; 2.5).
Na passagem de 1 Co 7.9 essa palavra é usada em relação ao controle do impulso sexual (Caso, porém, não se dominem, que se casem; porque é melhor casar do que viver abrasado). Mas em 1 Co 9.25 refere-se a toda forma de autodisciplina (Todo atleta em tudo se domina; aqueles, para alcançar uma coroa corruptível; nós, porém, a incorruptível). Parece que Paulo se utiliza dessa palavra, neste contesto, dando a entender aquele autocontrole que obtém sobre os vícios alistados em Gl 5.19-21.
Os filósofos estóicos percebiam claramente a verdade expressa por essa virtude de domínio próprio. Eles procuravam fazer com que a razão dominasse a vida inteira, controlando as paixões e firmando a lama.
O ensino final de Paulo sobre o fruto do Espírito é que não há qualquer restrição quanto ao modo de viver aqui indicado. O crente pode — e realmente deve — praticar essas virtudes continuamente. Nunca haverá uma lei que lhes impeça de viver segundo os princípios aqui descritos.

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