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domingo, 7 de março de 2010

XXV - CRISTIANISMO X ESPIRITISMO CRISTÃO V

Parte XXV

CRISTIANISMO X ESPIRITISMO CRISTÃO V

Em decorrência da matéria intitulada DIFICULDADES DO ESPIRITISMO KARDECISTA VI, estabeleceu-se o debate abaixo transcrito, no grupo defesadafe@groups, em que um espírita cristão defendeu a sua crença. Lembro que a passagem bíblica que fala da visita do rei Saul a uma feiticeira tem sido usada pelos espíritas como prova de que Deus permite a comunicação entre mortos e vivos, com a intermediação de um canalizador ou médium.


ROGÉRIO - A Bíblia confirma que os mortos se comunicam. Sendo a Bíblia a infalível palavra de Deus, como alegam os evangélicos, não há como duvidar do que ela assevera, como a seguir: E a mulher, tendo visto Samuel, soltou um grande grito (1 Sm 28.12); Samuel disse ao rei... (v.15); Samuel disse-lhe... (v.16); Saul, atemorizado com as palavras de Samuel... (v.20). Portanto, deveriam os evangélicos acreditar sempre que a Bíblia é a Palavra de Deus, como falam.

AIRTON - Causa-nos espécie o apego do espírita à Palavra, em defesa de suas posições. Sabe-se que a história do espiritismo é de desprezo ao conteúdo da Bíblia.. Vejamos: Do Velho Testamento já nos é recomendado somente o Decálogo, e do Novo Testamento, apenas a moral de Jesus. Já consideramos de valor secundário, ou revogado e sem valor, mais de 90% do texto da Bíblia (FEB, O Reformador , p.13, janeiro/1953). Outra declaração: Nem a Bíblia prova coisa nenhuma, nem temos a Bíblia como probante. O espiritismo não é um ramo do cristianismo como as demais seitas cristãs. Não assenta seus princípios nas escrituras. Não rodopia junto à Bíblia. A nossa base é o ensino dos espíritos, daí o nome espiritismo . (À Margem do Espiritismo , FEB, 3a edição, 1981, p. 214). Logo, chamar o espiritismo de cristão é uma tremenda incoerência. A sua bíblia é o Livro dos Espíritos. Nota-se que para o espiritismo a Bíblia é verdadeira nos casos em que os espíritas vislumbram alguma chance de legitimar seus ensinos, como no caso sob comento. Voltemos ao assunto Samuel. Os livros I e II Samuel são de autoria desconhecida. Ainda que admitida a hipótese de ter sido Samuel o autor do primeiro livro, o capítulo 28 não teria sido por ele escrito, pois o profeta morrera bem antes. Estavam presentes na casa da feiticeira: o rei Saul e alguns de seus criados, e a feiticeira. Somente esses puderam relatar o que realmente ali aconteceu. A comunicação via Saul fica descartada porque lhe convinha, por n razões, guardar segredo disso. Por outro lado, depreende-se do contexto que os servos que foram com Saul eram os mais fiéis, mais achegados a ele, o que nos leva a crer que mesmo depois da morte do rei eles guardaram sigilo daquela visita sigilosa (v.7 a 10). Resta a feiticeira, que tinha todo o interesse do mundo em divulgar a ocorrência para ganhar prestígio. Mas Deus então permitiu que uma mentira fosse incluída na Bíblia, que é a verdade? Sim, permitiu, como permitiu o registro de tantos outros pecados e fraquezas do seu povo. Permitiu, também, que fosse registrada com todas as letras a causa da morte de Saul: Assim morreu Saul por causa da sua infidelidade ao Senhor; não guardou a palavra do Senhor, e até consultou uma adivinhadora, e não buscou ao Senhor, pelo que Ele o matou, e transferiu o reino a Davi, filho de Jessé . (1 Cr 10.13-14). Portanto, na Bíblia está o registro da proibição (Dt 18.9-12; Is 8.19), os exemplos da rebeldia, como vimos, e o resultado da desobediência.

ROGÉRIO - Não estou com "apego à palavra". De fato, o que vale para nós espíritas é o ensino moral de Jesus. Mas vcs, sim, dizem seguir a Bíblia inteira, de capa a capa, mas quando aparece Bíblia, que "só tem verdades", mentiu justamente aqui. Não é uma incoerência chamar de cristão, não. Jesus não proibiu comunicação com mortos. Foi uma lei de Moisés e vcs se apegam a ela. Nós seguimos a Jesus, seus ensinos. Vcs ,também não seguem as leis de Moisés normalmente. Só fazem no caso da proibição a comunicação com mortos. Em outras leis, vcs analisam o contexto. Por exemplo, não saem por não aceitam, pois aí analisam o contexto. No caso da proibição a comunicação com mortos, mesma coisa...

AIRTON - Apegamo-nos à Bíblia porque ela é proveitosa para ensinar e instruir (2 Tm 3.16-17),e foi recomenda por Jesus: Errais, não conhecendo as Escrituras, nem o poder de Deus (Mt 22.29). A proibição da prática espírita/ocultista não está confinada à lei mosaica. De forma direta ou indireta, ela é confirmada em 1 Samuel 15.23, 1 Crônicas 10.13-14, 2 Crônicas 33.6, Isaías 8.19-21, Lucas 16.30-31, Gálatas 5.20, Apocalipse 9.20-21, 21.8. Além disso, Jesus é o ÚNICO mediador entre Deus e os homens (Jo 14.6; 1 Tm 2.5). Jesus nos ensinou a orar a Deus, e a buscá-lO diretamente. Vemos isso de Gênesis a Apocalipse. Nenhuma referência há à intermediação dos mortos. Tudo contrário ao espiritismo, que ensina a função mediadora dos desencarnado e as preces aos Bons Espíritos para afastar os maus, para proteger, para dar sabedoria, etc. Digo também que Jesus não é para ser seguido só pela metade ( ensino moral ), porque Ele não é meio verdade, meio mentira. Ele próprio declarou: EU SOU A VERDADE. Essa é uma das razões porque o espiritismo não é cristão. Para ser cristão teria que ensinar o que Ele ensinou quanto à salvação, perdão de pecados, juízo final, ressurreição, oração, Consolador, etc. 

ROGÉRIO - Se Moisés proibiu evocar os mortos, é que estes podiam vir, pois do contrário inútil fora a proibição. Ora, se os mortos podiam vir naqueles tempos, também o podem hoje; e se são Espíritos de mortos os que vêm, não são exclusivamente demônios. Demais, Moisés de modo algum fala nesses últimos. É duplo, portanto, o motivo pelo qual não se pode aceitar logicamente a autoridade de Moisés na espécie, a saber: - primeiro, porque a sua lei não rege o Cristianismo; e, segundo, porque é imprópria aos costumes da nossa época. Mas, suponhamos que essa lei tem a plenitude da autoridade por alguns outorgada, e ainda assim ela não poderá, como vimos, aplicar-se ao Espiritismo. É verdade que a proibição de Moisés abrange a interrogação dos mortos, porém de modo secundário, como acessória às práticas da feitiçaria.. O próprio vocábulo interrogação, junto aos de adivinho e agoureiro, prova que entre os hebreus as evocações eram um meio de adivinhar; entretanto, os espíritas só evocam mortos para receber sábios conselhos e obter alivio em favor dos que sofrem, nunca para conseguir revelações ilícitas. Certo, se os hebreus usassem das comunicações como fazem os espíritas, longe de as proibir, Moisés acoroçoá-las-ia, porque o seu povo só teria que lucrar. Vc fala aí em cima em proibição. Explique: a Bíblia condena uma prática impossível??? Se a comunicação foi proibida, por que vc conclui que ela não existe, que é coisa de diabo enganador?

AIRTON - Essa questão sempre é levantada pelos espíritas: Deus iria proibir algo inexistente? A possibilidade da existência da comunicação entre vivos e mortos é fator secundário diante da lei proibitiva. O que importa é fazermos a vontade de Deus. E a Sua vontade é que os homens se dirijam a Ele diretamente, e que não procurem médiuns. Ora, se Deus proíbe a invocação dos espíritos via mediunidade é porque a invocação dos espíritos, a possessão mediúnica e todos os expedientes correlatos são prejudiciais aos homens. Se, de fato, os Bons Espíritos fossem mensageiros de Deus, e o espiritismo a última revelação, como disse Kardec, a Palavra em Isaías 8 seria mais ou menos assim: Consultem os mortos em suas necessidades, porque Eu, o Senhor, ministrarei bons fluídos através dos Bons Espíritos, meus mensageiros celestiais . Aí a coisa mudaria de figura. Mas não. Isaías falou de espíritos familiares e adivinhos, que chilreiam e murmuram entre dentes . Assim, os espíritos familiares de Kardec foram ridicularizados nessa passagem. São esses os mensageiros de Deus? Algum espírita objetaria dizendo que os bons médiuns só recebem bons espíritos, porém Kardec dispara: É necessário distinguir as comunicações verdadeiramente sérias das comunicações falsamente sérias, O QUE NEM SEMPRE É FÁCIL, porque é graças à própria gravidade da linguagem que certos Espíritos presunçosos ou pseudo-sábios tentam impor as idéias mais FALSAS e os SISTEMAS MAIS ABSURDOS (Realce nosso - O Livro dos Médiuns, cap. X-136). Ora, se a prática espírita fosse doutrina cristã, Deus não permitiria essa balbúrdia, essa insegurança e incertezas. Vejam mais: A questão da identidade dos Espíritos é uma das mais controvertidas, MESMO ENTRE OS ADEPTOS DO ESPIRITISMO. Porque os Espíritos de fato não trazem nenhum documento de identificação e sabe-se com que facilidade alguns deles tomam nomes emprestados (Realce nosso Kardec - L.M. cap. XXIV-255). Estranha mesmo é a resposta à questão 231, ib, cap XXI: O meio em que o médium se encontra exerce alguma influência sobre as manifestações? Resposta: Todos os Espíritos que cercam o médium o ajudam para o bem ou para o mal.

ROGÉRIO - Mas isso [ vejo um deus que sobre da terra ] só mostra a maneira falha com que os médiuns daquele tempo viam a mediunidade, inclusive de forma idólatra, tendo os espíritos como deuses . Esse foi um dos motivos da justa proibição bíblica [Dt 18.9-12; Is 8.19]. O povo não tinha preparo moral que a mediunidade exige. Eram idólatras. O texto bíblico fala em necromantes. Necromancia é forma de magia negra em que se evocam espíritos para adivinhações.

AIRTON - Ora, deduz-se pelas palavras acima que a feiticeira era uma médium idólatra, mas que era médium. E que também era uma necromante, porque evocava os espíritos para adivinhar. Tudo da mesma forma como fazem hoje: evocam os espíritos para imitar caligrafias e vozes, para falar do passado, do presente e do futuro. Ou seja, para adivinhar. Médium, feiticeira, necromante, canalizador, cavalo, todos invocam e recebem entidades espirituais. Embora haja alguma diferença no ritual, há entre essas categorias algo comuníssimo, que é a invocação e a possessão de entidades espirituais. Vejamos o Dic. Aurélio: NECROMANCIA - Adivinhação pela invocação dos espíritos . MÉDIUM - O intermediário entre os vivos e os mortos . CAVALO (12) Médium que recebe um guia, nas manifestações da Umbanda . CANALIZADOR Termo moderno do movimento Nova Era.Trata-se de um sinônimo de médium. Designa a pessoa que em estado de transe entra em contato com um espírito, um Mestre ascendido, uma consciência superior ou alguma outra entidade, e então recebe e repete mensagens vindas do outro lado do mundo físico (Russel Chandler, Compreendendo a Nova Era ). Logo, os termos mudam com o tempo mas o sentido é o mesmo. Com fraude ou sem fraude; com boas ou más intenções, com idolatria ou sem, tais práticas são proibidas por Deus. Como reconheceu o Sr. Rogério, a proibição da bíblia é justa (Dt 18.9-12; Is 8.19). E não poderia ser de outra forma, pois parte de um Deus que sabe todas as coisas. Rebatemos a afirmação de que a dita proibição deveu-se à atuação de médiuns idólatras. Deus não menciona tal fato. Ele apenas proíbe; não faz exceções. Se fosse assim, antes de consultarmos um cavalo teríamos que conhecer o seu coração para sabermos se é idólatra ou não. Na verdade, Deus proíbe qualquer tentativa de consulta aos mortos porque Ele sabe que tal prática levará ao contato com demônios. Se os desencarnados de Kardec fossem de fato mensageiros de Deus; se o espiritismo fosse de fato a última revelação de Deus, essa atividade estaria na Bíblia em forma de doutrina, com bastante clareza.

ROGÉRIO - Aí complicou! Deus proibiu a comunicação com mortos, ou seja, a PRÁTICA. Em momento algum a Bíblia fala em demônios enganando. Em momento NENHUM, senão seria proibida a TENTATIVA e não a PRÁTICA. Não entendeu ainda? Então, se um dia vc ver um cartaz "Não navegue na grama", me diga! Está claro no texto que a comunicação foi totalmente proibida, sim, mas a um povo que não tinha o preparo que a mediunidade exige, que praticava adivinhações, feitiços e até matava criancinhas! Mediunidade assim continua a acontecer.

AIRTON - O assunto foi tratado acima. 

ROGÉRIO - Dizem que a profecia de Samuel não se cumpriu, pois Saul se matou. Mas tudo caminhava para a morte de Saul nas mãos dos filisteus, como disse a profecia, e só isso ele poderia prever. O suicídio não está escrito . Não teria como Samuel saber que Saul acabaria com a sua própria vida, pois o destino de ninguém é de matar. 

AIRTON - Então apelemos para Deuteronômio 18.22: Quando o tal profeta falar em nome do Senhor, e tal palavra se não cumprir, nem suceder assim, esta é palavra que o Senhor não falou; com soberba a falou o tal profeta; não tenhas temor dele . Ora, se o espiritismo declara que os bons desencarnados são os interlocutores de Deus; se o Samuel histórico nos dá a certeza de que ele era um bom espírito; logo, era de se esperar que a sua palavra se cumprisse na sua totalidade. Todavia, não se cumpriu, nem quanto à forma como Saul morreria; nem quanto ao prazo em que ele deveria morrer; nem quanto ao número de seus filhos que morreriam na batalha . Samuel como mensageiro de Deus não poderia saber? Tal assertiva leva-nos a suspeitar das adivinhações proferidas em todas as sessões espíritas. Se Samuel não pôde acertar, como então acertaram as profecias a respeito de Jesus, dentre outras? Que Seus ossos não seriam quebrados (Sl 34.20; Jo 19.33); que Seu lado seria trespassado (Zc 12.10; Jo 19.34); que Lhe seria dado vinagre para beber (Sl 69.21; Jo 19.29); que sofreria em substituição a nós (Is 53.4-5; Mt 8.16-17); que seria vendido por trinta moedas de prata (Zc 11.12; Mt 26.15)? 

ROGÉRIO - Pode-se considerar que não era Samuel. Isso pode até ser. Poderia ser outro espírito, mas NUNCA um demônio. No mínimo, conforme a Bíblia, os autores bíblicos não acreditavam nessa interferência do demônio nas comunicações, tanto que a Bíblia proibiu as comunicações aos feiticeiros, adivinhantes, etc., e diz que Samuel se comunicou. Poderia até ser um espírito zombeteiro. Em uma reunião assim, isso ocorre.

AIRTON - Mas não nos causa surpresa a revelação de que um "espírito zombeteiro" (brincalhão, galhofeiro) pudesse ter interferido. O codificador do espiritismo descobriu isso há muito tempo. Allan Kardec admite que os médiuns estão sujeitos à má influência dos "maus" espíritos (zombadores, perversos, enganadores, malfazejos, levianos, imitadores de caligrafias): "Aí se encontra, é fora de dúvida, um dos maiores escolhos em que muitos funestamente esbarram, mormente se são novatos no espiritismo" (E.S.E. cap.XXI,item11).

AIRTON - Prova-se, mais uma vez, que nas sessões espíritas ninguém sabe quem desce ou quem sobe . Ou seja, ninguém sabe quem é quem. Pode ser um Doutor Fritz, um Napoleão Bonaparte , Nero , Herodes ou Moisés. Chama-se Samuel, vem um zombeteiro! Realmente as sessões espíritas são um terreno muito perigoso, um campo minado. A frase acima estaria melhor assim: Os autores bíblicos acreditavam na interferência de demônios, tanto que Deus proibiu essas tentativas de comunicação com os mortos. 

ROGÉRIO - Kardec fez a mesma advertência dos apóstolos. João, por exemplo, disse: Não creiais em todos os espíritos, mas provai se os espíritos são de Deus". Isso não é nenhuma PROIBIÇÂO,mas sim o uso do DISCERNIMENTO, que, segundo Kardec, não é por outro meio além do bom senso.

AIRTON - 1 João 4.1-4 fala de falsos profetas com espírito do anticristo (contrários aos ensinos de Jesus). que surgiriam. Não se refere a provar desencarnados incorporados em médiuns. Aliás, como Kardec confidenciou, não há como se livrar dos maus espíritos. O médium é um canal à mercê das entidades. Homens não guiados pelo Espírito de Deus não confessam que Deus encarnou; não confessam a divindade de Jesus, nem a Sua ressurreição corporal. Portanto, leia-se: toda pessoa que não confessa que Jesus Cristo veio em carne não tem o Espírito de Deus. 2 João 7-11 complementa o texto acima. Aqui ele fala de enganadores que saem pelo mundo , que não confessam que Jesus Cristo é Senhor, tal como faz o espiritismo. Esses encarnam o espírito do anticristo. Todavia, essa orientação serve, também, para desmascarar os demônios nas possessões mediúnicas.

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