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terça-feira, 12 de janeiro de 2010

O ESPÍRITO SANTO E A SALVAÇÃO NO ANTIGO TESTAMENTO

Parte XVIII
O ESPÍRITO SANTO E A SALVAÇÃO NO ANTIGO TESTAMENTO


O Antigo Testamento é o berço de toda doutrina bíblica. E não existe nada revelado a respeito do Espírito Santo no Novo testamento que não tenha sido sugerido antes no Velho.

Com toda a evidência se depreende do Antigo Testamento que a origem da vida depende da ação soberana do Espírito Santo. Retirar o Espírito significa morte!

Como realidade presente
O Espírito Santo atuava como vivificador no Antigo Testamento. Mas de que maneira o Espírito regenerava os crentes no Antigo Testamento? Como ele aplicaria a obra redentora de Cristo se o próprio Cristo não tinha vindo? Será que os crentes do Antigo Testamento foram igualmente regenerados e salvos como os crentes do Novo Testamento?

Um dos motivos que nos levaria a fazer tais perguntas seria, a priori, o fato de que o Antigo Testamento não apresenta o Espírito Santo atuando de maneira tão proeminente na salvação de indivíduos como o Novo Testamento.

A palavra "regeneração" que aparece no Novo Testamento não é encontrada em nenhum livro do Velho Testamento. O termo grego que designa a regeneração pelo Espírito não tem nenhum equivalente no hebraico. Nem mesmo na Septuaginta, a versão grega pré-cristã do Antigo Testamento, aparece as palavras palingenesi/a ou genna/w que traduzem a idéia bíblica de regeneração e novo nascimento, respectivamente. O que mais se aproxima é a forma verbal e(/wj pa/lin ge/nwmai, que é uma tradução livre de Jó 14.4: "Morrendo o homem, porventura tornará a viver?". No entanto, aqui não existe nenhum pensamento do renascimento espiritual do indivíduo como há no Novo Testamento. O que temos no Velho Testamento são promessas claras de uma renovação futura (cf. Jr 31.31-33; Ez 11.29; 36.26,27).

Mas apesar da obra regeneradora do indivíduo não ser enfatizada no AT, não significa que o Espírito Santo não tenha atuado salvificamente. Mesmo assim, a possibilidade de alguém ser regenerado no Antigo Testamento foi totalmente descartada pelo teólogo alemão Friedrich Daniel Ernest Schleiermacher (1768-1834). Para ele era impossível que alguém tivesse sido regenerado na antiga dispensação, uma vez que Cristo não se fez Verbo encarnado e Sua obra, portanto, não podia ser aplicada àqueles crentes.

Evidenciada pela fé no Messias

Não há dúvida que os crentes do Velho Testamento foram regenerados. Seria contradição de termos falar de "crentes não regenerados". Eles eram crentes de fato e o autor da carta aos Hebreus no capítulo 11 de sua epístola atesta esta veracidade. Ele não os nomearia como heróis da fé se não fossem regenerados e salvos. E como o Espírito Santo os regenerava e os salvava em Cristo Jesus? Simplesmente aplicando a obra redentora do Messias no qual eles criam (cf. Jó 19.25). A explicação desta aplicação no Antigo Testamento é entendida quando vamos ao Novo e lemos sobre o "Cordeiro que foi morto, desde a fundação do mundo" (Ap 13.8).

Desta maravilhosa declaração aprendemos que:

A expiação de Cristo é referida como algo determinado por Deus;
O princípio de sacrifício e redenção por parte de Cristo é mais antigo que o mundo;
Os decretos e propósitos de Deus são tão concretos e reais como o próprio acontecimento.
Quando a Trindade vivia na solidão da eternidade, a morte de Cristo já estava declarada como ocorrida antes que tudo existisse.

Simbolizado no sistema sacrificial

A ausência do fato histórico da expiação de Cristo no Antigo Testamento não anula, de forma alguma, o seu valor para os crentes daquela época; e muito menos a aplicação da mesma pelo Espírito Santo. Isto é fácil de ser percebido quando vemos os santos do Antigo Testamento oferecendo sacrifícios de animais a Deus e sendo perdoados e salvos. Não por causa dos sacrifícios em si, "porque é impossível que sangue de touros e bodes remova pecado" (Hb 10.4), mas eram perdoados e salvos porque criam na promessa simbolizada no sistema sacrificial.

O Novo Testamento nos dá claras indicações, e declarações explícitas, que os sacrifícios de animais no Velho Testamento foram símbolos do mais excelente sacrifício de Cristo (Cl 2.17; Hb 9.23,24; 10.1; 13.11,12).

Donald Guthrie é verdadeiro quando diz que o "sistema sacrificial do Antigo Testamento tinha validez somente porque prenunciava o sacrifício supremo e definitivo de Cristo" (D. Guthrie, Hebreus: Introdução e Comentário, p. 191). David Martin Lloyd-Jones é ainda mais preciso quando declara que eles "faziam essas ofertas pela fé. Criam na palavra de Deus, que Ele um dia no porvir proveria um sacrifício, e pela fé se mantiveram firmes nisso. Foi a fé em Cristo que os salvou..." (D. M. Lloyd-Jones, A Cruz: A Justificação de Deus, p. 10).

E era somente por causa da obra regeneradora do Espírito Santo que eles podiam "olhar" para Cristo e exercer fé nEle, pois, no conceito bíblico, onde há fé salvadora, houve regeneração pelo Espírito.

Um comentário:

  1. mas como era possivel novo nascimento sem a habitação do Espírito Santo, sem que o Espírito se torne um com o Espírito humano? Como é possível a regeneração se em Rm6.4 diz que a novidade de vida por causa da morte e ressurreição de Cristo? O velho homem que morreu em Rm 6.6, morreu porque foi incluido na morte com Cristo na cruz. COmo pode ter havido a inclusão do velho homem na cruz com Cristo, sem que o verbo tenha sido encarnado e depois crucificado? eu acho estranho pensar que pessoas no antigo testamento foram regeneradas..

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